FINITUS

Bruises. Knives. Drinks.

    - Vamos tentar mais uma vez. – Raven destampou o canetão verde fluorescente, olhos focados na parede esquerda do cubículo de concreto. Haviam anotações até mesmo no teto. – Tem que ter alguma coisa que estamos deixando de lado.

    - Até agora a única certeza que a gente tem é que as chamas estão dando tchuitche. – Jeremy assoprou na sua bagunça sobre o sofá.

    - É, estamos deixando muitas coisas de lado. – Winn grunhiu, estava sentado de cabeça para baixo a quase vinte minutos. Sabia que toda aquela pressão em seu crânio não ajudaria, mas estava tão desesperado que tentaria qualquer coisa àquela altura. Até mesmo enxergar o problema literalmente por outro ângulo.

    - Beleza, então nós começamos a partir daí. – Maya tentou ser otimista, mas já estava começando a parecer um caso grave de amnésia, ou talvez negação. – O que todo mundo sabe sobre a Chama? O que já enfrentamos desde o início? – Fechou os olhos e massageou o pescoço.

    - Nós já revisamos isso... – Octavia grunhiu em exaustão, corpo atirado no chão gelado ao lado da porta. Um livro de capa de couro aberto sobre o rosto, se abrisse os olhos encontraria o símbolo do infinito que já perturbava seu sono. – Nanotecnologia avançada que eu mesma ajudei a desenvolver e que se juntou aos projetos da doutora. – Apontou para a esquerda.

    - Estamos lidando com dois tipos. Lexa está com o 2.0 e Clarke com 3.0. – Becca continuou ao lado de Raven.

    - As duas têm capacidade para causar um baita estrago no tecido cerebral, mas são distintos demais para agirem da mesma maneira. - Alex completou enquanto jogava seu canetão para cima, passou por cima de Octavia casualmente e encarou suas próprias anotações na parede rabiscada em azul.

    - Lexa tem uma inteligência artificial ligada ao satélite ainda em orbita que pode matar todos nós. – Jackson assoprou, revirando suas páginas na poltrona a direita. – Além de um tumor que continua se espalhando enquanto temos essa conversa... Outra vez.

    - E o que as duas chamas têm em comum? – Maya questionou.

    - City Of Light. – Eles responderam ao mesmo tempo.

    - Porcaria de Mount Wheather. – Raven bufou para suas anotações.

    - Provavelmente onde elas estão agora, se compararmos a atividade cerebral com os padrões que conseguimos nas simulações de anos atrás. – Octavia continuou com voz abafada. – Sério, isso tudo já está me dando flashbacks.

    - E como conseguimos tira-las de lá da última vez? – Becca sorriu amargamente para suas memórias.

    - Um banho abaixo de zero, morte, um relógio para autodestruição. Toda aquela asneira infernal que ninguém mais suporta. – Jackson bufou. – E, é claro, isso tudo nos leva a única ligação possível a City Of Light do lado de fora. Raven. Que está completamente fora de cogitação já que da última vez foi um belo desastre.

    - E ninguém consegue fazer uma viagem clandestina para aquele lugar. – Becca relembrou. – Nem uma transfusão de sangue resolveria a essa altura, não com elas criando um mundo completamente novo desse jeito. Nem mesmo um vírus conseguiria chegar perto do firewall.

    - Okay, e tudo isso nos leva a...? – Winn encarou os rostos familiares esperando que alguém lhe respondesse.

    - Nada. – Alex negou para os rabiscos, os membros da equipe de pesquisa bufando em exaustão e buscando apoio em qualquer parte da mobília. – Absolutamente nada. – Escorreu os dedos pelo cabelo e fechou os olhos ao bocejar. – Não conseguimos mandar alguém para dentro, não conseguimos enviar um aviso do lado de fora. Descargas elétricas não vão funcionar, porque, de algum modo, Lexa ainda está de pé com essa coisa no pescoço. Como ela não matou todo mundo assim que acordou no helicóptero?