Don't Take Life So Seriously

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Madrugada. O último digito do meu celular recebeu um zero, oficialmente três horas da manhã enquanto eu me escondia dos meus próprios demônios no local mais remoto que pudesse encontrar no acampamento, a cidade não era a única que havia recebido uma reforma, os alojamentos expandiram, a torre era uma grande e reforçada estrutura de ferro quase tão impenetrável quanto a montanha, outros três prédios menores foram levantados ao seu redor, um deles era um ginásio completo, saunas, academias, quadras para atividades recreativas, pistas de corrida e duas piscinas olímpicas, uma delas era onde eu me encontrava agora, mais especificamente em seu fundo, sentada no centro dos ladrilhos quadrados, olhando para o lado mais fundo do retângulo d'água. Eu já estava em um ponto bastante profundo, as luzes oscilavam na escuridão do grande galpão, eram azuis, quase brancas, o movimento das bolhas de ar dançando para a superfície hipnotizava. Eu não ouvia nada além do meu próprio coração, pulsando calmamente.

Gostava daquilo, com a queda de oxigênio meu cérebro não podia gerar todos os pensamentos e me forçar na turbulência de mentes além da minha, era só a calma, o hipnotismo de um mergulho. Baioneta estava deitada na borda pouco ao lado da escada de alumínio, a cabeça apoiada sobre as patas, meus coturnos estavam pouco mais a direita junto com a minha camiseta e meias, se olhasse para meu próprio corpo eu apenas podia ver o borrão da calça escura da farda, a palidez de minha pele e o movimento do meu cabelo. Não havia música que não a que me mantinha viva, não havia barulho, eu não percebia a diferença entre meus ouvidos quando a pressão tapava ambos, era como se eu não tivesse perdido a audição quase completamente.

Era um daqueles momentos em que eu podia pensar em qualquer coisa sem de fato chegar ao ponto de imaginar algo ruim, apenas lembranças, como a felicidade de Clarke no antigo quarto de Waverly em Purgatory, seu novo corte de cabelo, o sorriso grande de Aden no seu aniversário, o abraço de Abby e todo o resto. Memórias, eu apenas me lembrava, não tinha que significar algo mais e se significasse não era ruim, me fazia sorrir.

Três minutos e vinte e dois segundos, era o meu quarto mergulho, eu odiava ter que voltar a superfície, o desespero que me custava a afastar quando as informações voltavam a mente assim que meu cérebro voltava a torrente. Por isso não ficava muito tempo do lado de fora, apoiava os braços na borda da piscina, tossia uma vez ou duas sentindo a leveza do meu corpo ainda dentro da água. Baioneta levantaria a cabeça apenas para checar se estava tudo bem e seguiria no silêncio, sempre pensei que ela entendia muito mais do que aparentava. A água estava morna, não queria perder qualquer segundo do lado de dentro porque a piscina estava fria ou quente demais, era como tomar um banho apenas para relaxar pouco antes de ir dormir, mas eu não conseguia dormir, não ficava na cama durante a noite por mais de uma hora. Clarke estava dormindo quando sai, deixei um bilhete na cabeceira e não voltei, Baioneta me seguiu sem que eu sequer percebesse, sempre focada em fazer seu trabalho.

Quando disse que natação é um ótimo exercício físico para esse tipo de situação, não foi a isso que me referi.

- Eu estou fazendo o que posso. - Neguei, mão direita tirando o cabelo da testa e água escorrendo para a borda.

Está fugindo, Lexa. É completamente o oposto do que pode fazer.

- Vai para o inferno, Azazel. Não consegue sair do meu pé por uma mísera noite? - Bufei. - Eu comecei a pouco tempo e já estou me sentindo melhor do que antes.

Isso porque não precisa responder as minhas perguntas.

- Lá vamos nós outra vez.

Eu tenho vasto conhecimento na área, tenho uma base de dados praticamente infinita de cada livro publicado na Internet. Acesso a prontuários e estudos oficiais, sou completamente capaz-

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