Alguém devia ter me drogado com alguma coisa mais forte do que gás do sono, eu acordei no interior de um estranho, escuro e úmido quadrado de pedra, o teto girando mais rápido do que podia suportar sem me perder em um enjoou intenso, apertei as bordas da placa de metal sob minhas costas. Eu soltei um longo grunhido desconfortável. Cabeça confusa com uma névoa densa entre meus pensamentos, era difícil pensar, levou algum tempo para que eu finalmente percebesse estar dentro de uma cela, e que não estava sozinha, eu não consegui distinguir o rosto que me observava de trás das grades corroídas em maresia e adormeci outra vez, abrindo os olhos sem me lembrar onde estava até finalmente mantê-los abertos.
Alguma coisa se mexeu sobre meu abdômen, eu pisquei para o teto na escuridão ainda mais intensa do ambiente tentando entender o que era, meu coração saltou do peito quando percebi duas aranhas gigantescas, de patas peludas e olhos brilhantes caminhando sobre mim. Levantei de pressa da cama de metal gelado e sem colchão, tropeçando e caindo sobre meus próprios punhos com o estalar pesado de uma corrente em meu tornozelo, expulsei as criaturas asquerosas para longe de mim com uma passada de mão desesperada, elas caíram ao chão e recuaram rápido demais com suas oito patas para dentro de um buraco grande na parede. Uma delas ergueu duas patas para cima em um alerta antes de recuar.
A adrenalina mandou arrepios por meu corpo, mas eu não senti minha armadura se erguendo, passei a mão por meu estômago com um resmungo dolorido, alcancei meus joelhos e tentei retomar o fôlego sobre o chão, finalmente podendo enxergar o que tinha ao meu redor. A corrente estava presa a parede, uma grande pilastra de madeira no centro do retângulo sujo e fétido em lodo salgado, um corredor iluminado por lustres de metal com velas grandes e uma porção de outras celas. A minha era a última e obviamente menor, minúsculos e claustrofóbicos cinco ou sei metros sem janelas, deveria haver pelo menos uma dezena a esquerda do corredor e a direita, uma porta para fora do corredor da masmorra de frente para mim na outra ponta da reta, era de madeira, vigiada por dois guardas no silêncio profundo.
- Tem alguém aí? – Chamei para o lado de fora, me levantando para apoiar os cotovelos na grade.
- Lexa! – Clarke perguntou de imediato, mãos agarrando a grade da segunda cela a minha esquerda, eu caminhei com pressa para a parede a direita em busca do seu rosto. Suado, avermelhado, mas intacto. – Amor, oi! – Ela sorriu largo e eu descansei a testa nas barras.
- Você está bem?
- Estou, eu estou bem. Você? – Eu assenti e Clarke relaxou os músculos.
- E os outros? – Ela apenas olhou ao redor, gesticulando para as outras celas. – Gente? Todo mundo bem? – Eu chamei e logo os punhos e som de correntes se arrastando inundaram o corredor. Bellamy estava a minha esquerda entre Clarke e eu, Echo a minha direita, depois dela eu reconheci Raven. Octavia ocupava a cela depois de Clarke e Monty era o último daquela fileira, de frente para Anya, a mais distante entre nós provavelmente por ter atirado em um dos guardas.
- Você está bem, Guaxinim? Deu o maior susto na gente! – Anya perguntou alto, suas mãos apertando a grade, eu podia imagina-la se movendo nervosamente por sua cela exatamente como fazia em Mount Wheather.
- Eu estou legal... Mais alguém acordou com umas aranhas no estômago ou foi só eu? – Eu perguntei me afastando da grade, alguém deu risada.
- Eu estou conversando com um rato a algum tempo, ah! Lá vai ele! – Raven apontou com o dedo para fora da cela e eu parei para encarar o roedor cinzento de calda longa passar da sua cela diretamente para a de Octavia.
- Ah, qual é! Por que eu?! – Blake exclamou batendo os pés no chão para afasta-lo, ele soltou um ruído agudo e começou a correr, se esgueirando entre a frente das celas até se esconder em um buraco no chão.

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FINITUS
Hayran KurguTudo levou àquilo. As perdas, as derrotas, amarguras e feridas. Manhãs calmas se tornaram em caos no campo de batalha, o brilho das estrelas em fagulhas vindas de uma explosão. Um sorriso puro foi uma breve despedida, desde o primeiro nome escrito n...