Exit Wounds - Parte 2

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Lexa pode presenciar o desespero que Clarke sofreu a pouco tempo atrás, uma fila imensa de macas passando pelo corredor longo, a preocupação quando Aden desapareceu depois de Samira, Baioneta ficou junto a ela e se sentou de lado recostada em sua perna pelos próximos minutos de aguardo. Lexa ficou de pé no meio do pedaço de corredor, observando o estreito de paredes condenadas, imaginando para onde teria de correr se tudo desabasse sobre sua cabeça. Ela recuou para o banco de madeira sujo na lateral da passagem, acariciou a cabeça da husky com seu pelo sujo, a fez se sentir mais do que certa em ter ficado para ajudar nas buscas e logo em seguida caminhou pelos corredores vazios, passou pela recepção sem atendente, pisou nas folhas trazidas pelo rombo aberto da lateral do hospital e parou, encontrando a caravana de civis a caminho das casas destruídas que deveriam estar naquela rua. Engoliu em seco e abaixou a cabeça, olhando para Baioneta, ela encarou de volta, seu rosto sério e coberto em feridas, protegido da luz pelo boné.

- Você está mais limpa do que quando te levei para passear na floresta aquela vez... – Baioneta bufou, bateu a pata sobre o chão como quem tem certeza de que está errada e balançou a calda no pequeno sorriso que conseguiu conquistar. – Vem, vamos procurar alguma coisa para você comer... Quem sabe um pouco de água. Está com sede? – Ela olhou para trás ao caminhar, Baioneta esperou e bocejou. – Um cochilo, talvez.

Era bom ter companhia no silêncio, alguém com quem conversar mesmo que não falasse de volta, Lexa achava melhor assim, Baioneta não a julgaria pelo que fez, ou pelo que iria fazer. Não havia ração para cachorro no estoque da cafeteria, Lexa achou algumas embalagens de biscoito, garrafas de água e uma toalha limpa que molhou e usou para tirar o excesso de sujeira da cadela. Baioneta bebeu praticamente uma garrafa de água inteira completamente sozinha, um pacote e meio de biscoitos virou farelos e Lexa teve a impressão de que seu pelo estava mais sujo depois do que antes do leve esfregar com o pano. Elas seguiram pelo corredor entre passos curtos e lentos, Lexa não aguentava mais ficar de pé, duas batidinhas na porta do consultório mais próximo e Shepard foi quem respondeu, abrindo a porta e franzindo o cenho ao encontrá-la.

- Aden. – Lexa falou, seu olhar escondia uma grande dose de dor e preocupação.

- Eu vou ver como ele está. – Se prontificou. – Madi está no quarto vinte e dois. Fim do corredor.

- Obrigada. – Ela respondeu e se pegou parada no mesmo lugar, engoliu em seco e começou a andar.

Shepard se voltou para Baioneta quando ela levou alguns segundos para segui-la, farejando o chão curiosamente e o encarando de vez em quando. Ele nem mesmo fechou a porta, saiu e acelerou na direção oposta, seguindo para a emergência. Lexa demorou mais do que estava acostumada para chegar ao quarto indicado, segurou a maçaneta, colocou a dor no fundo de sua consciência e passou para o lado de dentro com cuidado, não queria acordar quem podia muito bem estar dormindo. Madi imediatamente levantou a cabeça do visor do celular de sua mãe e perdeu o cenho preocupado, Baioneta serpenteou pela fresta da porta para o lado de dentro, alcançou a garotinha antes que pudesse receber um não da Comandante, que ainda fechava a porta para chegar mais perto e lhe dar um abraço verdadeiro.

- Eu tô te machucando? – Madi murmurou contra seu peito.

- Não, minha Princesa. – Lexa negou, seu corpo latejando. Madi não precisava de culpa agora, apenas de sua mãe. – Está tudo bem.

Madi fechou os olhos com força, apertou o tecido da jaqueta de Lexa e deixou que as lágrimas que tinha segurado por tanto tempo escorressem, a segurança de sua mãe envolvendo o corpo e fazendo sua própria dor desaparecer para dar lugar a uma poderosa calmaria, a dor de Lexa se intensificava, absorvendo o máximo de desconforto como sua responsabilidade.

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