Unequals

99 8 15
                                    

Hey!

Um pouco atrasada, mas ainda consegui postar. Estou tentando publicar um capítulo novo todo domingo.

Boa leitura!

:)

Os dois estavam amarrados de frente, punhos doloridos na rigidez de correntes, resistentes demais e apertadas demais para escaparem

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Os dois estavam amarrados de frente, punhos doloridos na rigidez de correntes, resistentes demais e apertadas demais para escaparem. Pernas cansadas da batalha perdida, estavam encolhidas no chão de terra molhada do acampamento. O frio de troncos revelados aos inimigos que caminhavam pelos lados do pátio sempre aumentava com os olhares. Ferimentos do confronto na floresta há apenas algumas horas não foram tratados, sem água ou comida, o cansaço pesando nos ombros tensos. Rostos desfigurados em hematomas, suor, sangue e medo podia ser captado no ar gelado ao redor das estacas de madeira.

O prisioneiro da direita, um oficial de campo com um corte profundo na bochecha – respirava pesadamente e cuspia o sangue para fora da boca ao chão, sempre que alguns dos seus inimigos chegava perto demais ou o encarava por mais do que uns segundos. O outro, na estaca da esquerda, era um jovem cabo de nome que ele não se importou em recordar. Um rapaz inexperiente que ganhou sua promoção apenas uma hora antes do avanço ao acampamento inimigo. Ele tinha uma namorada grávida, escondida em um dos bunkers. A quem ele amava com todo seu coração – o bebê de apenas quatro meses seria seu maior tesouro deixado para aquele mundo. O rapaz sabia que não sairia dali com vida e estava profundamente aterrorizado. Ele se alistou nas forças para conseguir o que comer. O estoque dos bunkers havia decaído severamente nos últimos anos e os líderes de concelho demandavam trabalho em troca de uma cama limpa. Banho e comida descente.

Tudo o que ele fez, havia sido para sobreviver. E aquilo não o fazia mais especial do que qualquer outro. Cada soldado que pisou no campo de batalha, tinha seus motivos. Suas crenças não o faziam importante, ou sua história o serviria de julgamento. Uma desculpa para a morte que causou. No momento em que vestiu aquele uniforme, ele se tornou apenas mais entre vários outros.

Com o sol ardendo em seus olhos vermelhos e o vento gelado arrepiando seu tronco exposto, ele esperou naquele poste. Cansado e ferido demais para levantar o rosto em busca do seu único companheiro de sentença – ele esperou por alguma mudança.

Um garoto chegou um pouco mais perto do que os outros no pátio central, um olhar curioso e analítico para os prisioneiros. O oficial pensou que talvez pudesse convencê-lo a ajudar, sorriu grande com seu sangue amargo na ponta da língua, murmurou em russo com a voz mais adocicada que pode e assentiu quando o garoto deu um passo incerto a frente.

Ele era franzino, vestia roupas maltrapilhas e cheias de buracos com manchas de lama. Seu rosto meio pálido, seus cabelos uma bagunça oleosa de quem não toma um banho a bons dias, acumulava terra debaixo das unhas quando se aproximou com os dedos magros para agarrar as correntes.

FINITUSOnde histórias criam vida. Descubra agora