Capítulo 34 - Fraude

9 3 12
                                    

Enquanto Johan e Amadeo ficaram responsáveis por investigar a porção leste do pântano, Gamila e Mooya seguiram pela estrada sudoeste, em busca dos resquícios da enchente citada pelos comerciantes da Cidade. Não demora até eles encontrarem a reforma em andamento. Gamila se aproxima dos construtores e questiona sobre o ocorrido e sobre as alterações das rotas comerciais. A mulher que coordena a obra explica suscintamente que uma enchente destruiu uma ponte e uma parte da estrada, há pouco mais de 2 semanas. Ela explica que enchentes são comuns quando chove, mas aquela ocorreu fora de época. Os comerciantes foram orientados a desviar através das estradas de Alvedora, uma cidade vizinha.

A dupla decide adentrar o pântano, seguindo os veios fluviais. Gamila diz:

_ Se alguém tentou drenar o pântano ou escavou alguma área represada, pode ter ocorrido um desvio dos afluentes que gerou a enchente. Mas pra isso, devem ter bombeado a água... _ Ela gira os olhos _ Cheira a magia elemental pra mim.

Mooya concorda e eles avançam. O bioma é instável, mas Gamila consegue identificar restos de trilhas e sinais de manipulação humana. Em intervalos regulares, Mooya ajusta o brinco encrustado ao redor de seu ouvido. O tempo passa.

_ Encontrou alguma coisa? _ Gamila diz, aproximando-se do outro.

_ Quem dera... _ Ele suspira _ Eu que eu dei a ideia de virmos pra cá, mas eu odeio esse lugar. _ Ele se senta sobre uma pedra _ Vai, Gamila, é com você. Hora de ter uma ideia brilhante.

Ela ri e se afasta alguns passos. O silêncio é ocupado pelo canto dos grilos e pelos sopros do vento. Após longíssimos segundos, Mooya se levanta e exclama:

_ Gamila! Eu não consigo parar de pensar nisso... Essa missão tá muito estranha. _ A mulher o fita em silêncio _ Na carta do Deodoro, ele fala que a intimação era direcionada pra ele e pra Emília OU duas duplas de escolha deles. Você não acha estranho? Eu nunca vi uma intimação dessas. Na verdade, parece mais um convite, certo? _ Ele faz uma pausa _ Além disso, uma dupla não vale por duas, não interessa o quanto eles sejam bons...

_ Sem contar que para investigar uma criatura desconhecida, teriam equipes mais adequadas, não acha? O time do Holhol, por exemplo.

_ Exato! _ Ele se aproxima _ E também, não sei se você lembra, mas no relato do Deodoro estava escrito que eram uns monstros esporádicos. Aí na hora que chegamos, aquela Vampira diz que os números são exponenciais?! Mas que merda é essa? Eles mentiram no relatório? As informações não batem... _ Ele esfrega o rosto enquanto bufa _ Mas o que mais tá me incomodando é o fato que você e o "filhote de Paragon" descobriram que era um Golem em, tipo, 10min! Foi ridículo. Como ninguém da Unidade chegou nessa conclusão se já faz mais de mês que eles estão vendo aquelas coisas? E pareceu quase planejado como tinha justamente UM! monstro na floresta bem no dia em que chegamos. Tem alguma coisa errada, Gamila.

_ Estou pensando a mesma coisa desde que chegamos, primo.

Subitamente, um estalo desvia a atenção dos dois. A copa das árvores se agita e uma sombra se desloca rapidamente por entre os galhos. Gamila puxa a pequena besta que carrega nas costas e prepara um tiro... certeiro. A sombra que fugia cai, e a dupla corre em sua direção. Mooya exclama:

_ Nada fora do seu alcance, Ranger!

Gamila sorri, pomposa. Finalmente, eles chegam até a vítima, mas a visão os surpreende: Uma boneca de madeira úmida e musgosa, com braços longos dos quais brotam inúmeros dedos vermiformes; a face, redonda e sorridente, é excessivamente realista, com enormes olhos castanhos que se movem rápido de um lado para o outro. Uma das pernas fora destruída pela flecha, mas a outra continua se agitando no ar.

Três EsferasOnde histórias criam vida. Descubra agora