Capítulo 9 - Coelhos

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O vento suave da manhã agita a bandeira hasteada na entrada da estação. Johan arruma os cabelos contra a brisa, enquanto se aproxima do ponto de encontro. Várias carruagens chegam e saem, algumas puxadas por cavalos, outras por Fabulares. Johan passa os olhos por todo o cenário agitado ao seu redor. Ele sente uma pequena ansiedade.

_ Bom dia, dupla! _ Amadeo se aproxima, animado e sorridente. Ele cumprimenta Johan com um gesto de cabeça e um tapinha nas costas.

_ Bom dia. _ O moreno responde.

­_ Ehh! Que seco! Não tá animado, Johan? Ou você tá bravo de ter que ir comigo? _ Amadeo ri; Johan não responde, mantendo o desprezo estampado no rosto _ Heh... Vou fazer meu melhor pra melhorar a impressão que você tem de mim... Mas bom, vou chamar nosso condutor e já vamos partir. Deve levar umas 7, 8h pra chegar em Birda. Se tudo der certo, ainda hoje vamos a lidar com os coelhos. _ Amadeo suspira, com uma expressão deprimida _ Ai, ai... Coelhos.

Em poucos minutos, a viagem começa. Johan traz uma única bagagem, com roupas e equipamentos. Amadeo traz três, sendo uma repleta de livros e outra com mantimentos. Assim que se senta, o loiro puxa o maior dos compêndios, em cuja capa lê-se: "Taxonomica Fabulare".

_ Esse livro...? _ Johan pergunta.

_ É o "Bestiarius", mas com o nome novo. Os Fabulares racionais acha o nome antigo meio pejorativo, então trocaram. _ Ele abre o livro e passa algumas páginas até chegar na que descreve os Wolpertingers* _ Não custa nada dar uma olhada no artigo das pestinhas... Eu sei esse livro de cor, mas sempre tem uma coisinha aqui e lá que é mais difícil de lembrar.

Ele fala com um tom neutro, mantendo os olhos fixos às páginas. Johan pensa: "Saber o Bestiarius... Exibido.". Ele sente o clima, aos poucos, ficar mais leve. Diz:

­_ Bom. Mas por que você trouxe tudo isso?

_ Ah, é... O Deodoro mandou eu trazer os outros livros. Ele falou pra eu memorizar eles até voltarmos... _ Amadeo suspira _ Você tem sorte que não te mandam fazer essas coisas chatas!

_ Eu faço coisas chatas também. _ Johan olha para cima _ Nayla me manda fazer séries de 200 dos exercícios de aquecimento... todo dia.

_ Ahaha! E a Emília deve acabar com você também, né? _ Ele ri.

Johan faz "sim" com a cabeça. Eles continuam conversando durante uma parte do caminho. Amadeo sorri sem parar. Em tão pouco tempo, com assuntos tão triviais, o abismo que havia entre eles parece diminuir. "A Nayla deve ter falado alguma coisa, certeza.", o loiro pensa. Depois de alguns instantes, Johan boceja preguiçosamente e apoia a cabeça no próprio braço. Amadeo entende a mensagem e se cala, puxando mais um de seus livros enormes.


_ JooOOHAN! eeeEEEIIIII....!

A voz Amadeo aumenta de intensidade, enquanto Johan abre os olhos. A luz clara do dia invade sua visão e cria um halo brilhante ao redor do companheiro sorridente que o chama para o almoço. Johan se levanta, ainda atordoado e responde com um grunhido. Eles se juntam ao motorista da carroça e comem o que Amadeo havia trazido de Meigdan. Uma das caixas exala um perfume adocicado. Ele sorri:

_ Emília fez um bolo pra gente, acredita? Ela disse que está "treinando artes culinárias". _ Ele abre a caixa, mostrando o bolo salpicado de açúcar _ Eu tô medo de comer isso sozinho pra ser sincero... Querem?!

_ É bolo de nozes? Não tem muito o que errar. _ Johan diz, seguido de um bocejo.

_ Você cozinha, Johan? Sabe fazer doces?

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