Capítulo 54 - Nagahira

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Como uma sede de treinamento, Meigdan recebe majoritariamente missões simples para duplas recém-formadas. Além disso, em períodos de tranquilidade e paz, as atividades da UCA despencam. Tais fatos somados, explicam o tédio profundo, corrosivo e desesperador em que Johan se encontra. Até mesmo Katia fora enviada para um missão, com outros dois Parvus. E ele continua deitado de bruços, remoendo suas frustrações. Nos últimos dias, Amadeo estava ocupado com aquela apresentação de Paragons. Era novidade ver aquele loiro idiota tão dedicado a algo. Ele suspira. A lista de amigos se esgota rapidamente. Nem os ensaios com Dijana eram distração suficiente para tira-lo daquele aborrecimento.

_ Ionani, sim? No que posso ajudar? _ Um Sacerdote pergunta, deixando de lado sua caneta.

_ Eu quero minha licença... _ Ele faz uma pausa _ Pra ir pra casa.

_ Ah, sim, claro! _ O Sacerdote vasculha algumas folhas _ Você tem "passe livre", certo? Por motivos de saúde da sua mãe, não é?

Johan faz sim com a cabeça. Ele parte para a pequena cidade pesqueira onde nasceu. A licença é para apenas 3 dias e eles passam excessivamente rápido...

...E a Ágora se aproxima.

Pouco depois de seu retorno ao forte, Johan se despede de Dijana, que parte para Flavi, uma semana antes do grande evento. Ele suspira. Ansiedade? Tédio? Solidão? Ele não sabe interpretar os próprios sentimentos.


_ Só falta eu acertar essa parte... _ Amadeo murmura para si, apoiando-se na ponta dos pés _ Mas eu não consigo entender como faz isso...!! _ Ele grunhe _ Johan! Me mostra de novo!

O moreno franze o rosto, levanta e vira um mortal. Ele aterrissa num pé só, sem sair do lugar:

_ É assim.

_ Aah...!! Eu vou tentar de novo...

Enquanto Amadeo se prepara, Johan o assiste. Deodoro fita os dois, com um sorriso débil. Mais uma vez, o loiro falha e Johan critica:

_ Você não leva jeito. Saímos amanhã e... _ Ele se volta para Deodoro _ Ele... vai conseguir?

Sem responder, Amadeo se afasta alguns passos e avança novamente em direção ao outro. Ele o usa como apoio para se atirar para cima, saltando acima de sua cabeça e pousando do outro lado com charme:

_ Eu levo jeito sim! Só tô enferrujado! _ Amadeo responde, cruzando os braços; por alguma razão, ele sorri. Johan gira os olhos.


Na madrugada seguinte, Nayla encontra os dois rapazes no caminho da estação. Ela traz malas enormes e explica que ali tem tudo que eles vão precisar para os próximos dias, incluindo algumas "solicitações especiais" de Dijana. Os três sobem em uma carruagem elegante, com outros dois passageiros. Os Hipogrifos relincham com a partida. Amadeo diz:

_ Nayla, sabia que Johan tinha ganhado uma passagem de DE e ele recusou? Hehe!

_ Ah, é? _ Ela ri _ Prefiro pensar que ele escolheu ficar na nossa adorável companhia! _ Ela ri novamente; Johan vira o rosto, envergonhado.

A viagem dura um dia inteiro. Nayla e Amadeo leram e conversaram na maior parte do trajeto. Johan apenas cochilou nas mais inusitadas poses. Eles param em uma cidade para trocar de veículo e os outros passageiros desembarcam. A noite cai. Johan se deita nos vários bancos do lado vazio, enquanto persegue as estrelas com seus olhos. Amadeo dorme no ombro de Nayla, enquanto ela afaga as mexas macias de seu cabelo. De tempos em tempos, ela murmura "Shh... Tá tudo bem, tudo bem" quando os pesadelos se manifestam em grunhidos e espasmos.

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