Capítulo 17 - Intimação

6 3 7
                                    

No último andar do forte, há uma sala cujo chão é recoberto por tatames importados de Flavi. Em seu centro, uma pequena mesa; em suas prateleiras, dezenas de livros organizados por tema, título e cor. Há duas pequenas claraboias por onde a luz entra, fazendo as contas das almofadas decorativas cintilarem.

Amadeo entra e se senta diante da mesa. Sobre ela estão os volumosos tomos que ele havia levado na viagem. "Droga. Droga. Droga", ele pensa, "Eu odeeeeeio provas...".

_ Não pense nisso como uma prova, Amadeo. _ A gentil voz de Deodoro surge e o rapaz se assusta _ Eu não vou te punir pelas suas falhas. Vou te parabenizar pelos resultados.

_ Você sempre diz isso. E eu sempre fico desesperado logo antes. _ Ele responde enquanto aperta o abdome.

_ Calma, calma. Você só tem que responder algumas perguntas e terminamos. Tudo bem? Procedimento padrão da nossa tutoria.

Amadeo respira fundo e concorda. Deodoro se senta do outro lado da mesa e organiza os livros em posição. Mantendo a expressão pacífica, ele inicia a "avaliação":

_ Quais dos livros você conseguiu ler no período que eu te dei?

_ Esses dois... _ Ele aponta para as respectivas capas _ Um na ida e um na volta da viagem. O terceiro realmente não deu.

_ Tudo bem. Está ótimo. Eu fico feliz que tenha tentado e reitero ainda que fico impressionado com sua rapidez. _ Ele faz uma pausa _ Antes de focarmos somente nos livros, eu queria fazer outra pergunta sobre essa viagem. Tudo bem? _ Amadeo concorda _ Ótimo. Quando Savill sugeriu te enviar, nós concordamos porque queríamos que desenvolvesse duas coisas...

_ Liderança e resolutividade. Savill me falou. E eu sinto em dizer que não aprendi nenhuma delas. _ Amadeo abre um sorriso torto e desvia o olhar.

_ Tem certeza? Eu conversei com Iona-... digo, Johan, antes de vir para cá.

_ Ah, pelas Deusas, ele deve ter falado muito mal de mim! _ Ele esconde o rosto entre as mãos.

_ Pelo contrário. Ele disse que você estava bem preparado, que soube orientar os membros da Distrital e que se saiu bem improvisando no combate. Espero que não seja "fofoca", mas ele disse que você é um telepata e adivinhou o que ele estava pensando várias vezes.

Amadeo franze o rosto todo, perplexo.

_ A-Ah... Tem certeza que você falou com a pessoa certa, Deodoro?

Deodoro sorri. Ele pousa a mão no ombro do rapaz e diz:

_ "Você tem muito mais energia do que tá mostrando, Paragon". _ Ele faz uma pausa; Amadeo cora _ Eu acredito que minha intuição está correta e vocês dois podem ser uma ótima dupla. Dois extremos em um equilíbrio... peculiar.

_ É, bom, talvez, mas Johan não vai querer ser minha dupla nunca.

_ O seu "talvez" já é suficiente por enquanto. _ Deodoro sorri.

Várias perguntas sucedem o diálogo e o tempo passa. Uma vez encerrada a "prova", Amadeo sai da sala e Deodoro pensa com si mesmo: "Ótimo. Agora eu preciso verificar aquela carta"... Ele mexe em seus papéis até identificar um envelope negro, com um selo de cera com a forma de Lua.

_ Hm... Da Cidade da Meia-Noite? _ Ele murmura enquanto abre o envelope.

Ele passa os olhos em cada uma das linhas e, aos poucos, sua expressão serena enrijece.


Pelos corredores de pedra, Amadeo segue em direção ao salão de treinamento. Ele cantarola uma melodia simples, enquanto bate suas pesadas botas a passos largos. Ao virar uma curva, ele se depara com Arthur, o qual carrega uma prancheta e muitas folhas de papel.

Três EsferasOnde histórias criam vida. Descubra agora