Capítulo 65 - Família

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_ Chegamos! _ Amadeo exclama parando diante de um portão de madeira.

Através da cerca é possível ver a infinitude das plantações, um conjunto de pequenas casas, um estábulo, um celeiro e dois silos. Nada diferente das demais fazendas conectadas pelas estradas vicinais de Weindorf. Há uma placa de madeira desbotada em que se lê "Alscher". Johan veste o capuz de seu uniforme, mas Amadeo se rebela:

_ Vamo, deixa disso! _ Ele tira o gorro _ O corte ficou ótimo! _ Ele ri; Johan desvia o rosto, desacostumado com o undercut _ Bom, agora que estamos aqui, vou deixar uma coisa clara... Minha família é BEM grande! Talvez seja chocante. Hehe! Se bem que nem todo mundo deve estar. _ Johan se sobressalta _ Sem contar que eles são muito hospitaleiros! Então... boa sorte!

Amadeo balada o sino da porteira e assovia em seguida. Não demora até uma multidão de cabeças louras surgir, esbaforida. Cinco crianças, com não mais de 8 anos, correm em direção ao portão gritando: "AMADEO CHEGOU!". Abrindo a cerca sem dificuldade, o Paragon as acolhe em um grande abraço. Os adultos chegam em seguida e exclamam frases de apreço, alternando-as com beijos e mais abraços. Johan nunca se sentiu tão deslocado em toda sua vida. Ele também nunca viu tantas pessoas parecidas ao mesmo tempo. É até difícil distinguir Amadeo dos outros...

_ UAAAAAAAU! Um Gigante!!! _ Uma das crianças exclama, aproximando-se do moreno.

_ Ahah! _ Amadeo ri, pegando o pequeno no colo _ Este é Johan! É meu parceiro da UCA! _ Ele entrega a criança ao outro, com uma piscadela.

Um conjunto de "ooh!" emana da multidão que cumprimenta Johan com sorrisos e apertos de mão. Ele não consegue se decidir se coloca a criança no chão ou não, mas não demora até que os baixinhos decidam por ele pedindo para serem erguidos muito, muito alto!

_ Filho!! _ Uma mulher de avental diz, ao lado de um homem de cachos castanhos.

_ Mãe! Pai! _ Ele os abraça com um carinho especial _ Desculpem demorar tanto pra voltar...

A mulher o segura pelo rosto e enche-o de beijos. Amadeo gargalha enquanto afirma não ser mais criança. Ela responde:

_ Faz 2 anos que você não vem pra casa! Eu paro quando eu quiser!! _ Ela dá mais beijos _ A propósito, mocinho, uma carta por mês é muito pouco! Escreva mais pra nós!

_ Ah, desculpe... É que esses últimos meses foram bem corridos!

_ E quanto tempo vocês vão ficar, hein? _ Um tio pergunta _ Ia ser ótimo se ficassem um bocado pra ajudar a consertar o celeiro como da última vez! _ Até seu riso tem sotaque.

_ Vamos embora amanhã de manhã, mas não se preocupem, eu trouxe esse grandão justamente pra ajudar com a carga! _ Ele sorri para Johan _ É o lema dos Alschers...

_ Quem não trabalha, não come! _ Todos dizem em uníssono; riem.

Não demora até a dupla ser assimilada no contexto familiar dos fazendeiros simples. Até mesmo as crianças, depois de terminarem suas lições da escola, ajudam em pequenos afazeres domésticos. Às vezes elas param para brincar com o primo e com o "Gigante bonzinho".

Amadeo usa magias para restaurar o chão, ao mesmo tempo que aplica conhecimentos acumulados de aritmética para melhorar a resistência do telhado do celeiro. Johan, por sua vez, encurta o dia de trabalho ao carregar sozinho mais da metade dos gigantescos caixotes de farinha. Um tio diz:

_ Cê já trabalhou nisso antes, rapaz?

_ Hm, é. _ Ele responde, apoiando um engradado no ombro _ Fui estivador na minha cidade por uns anos... _ Sua voz se torna nostálgica.

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