Capítulo 96 - Máquina

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Edisia cantarola enquanto suas cópias caminham pelo salão. Em uma das entradas, o Chichivache rosna; na outra o Bircon se prepara para atacar. Emília salta na direção da Bruxa original, enquanto Amadeo destrói um dos Golens de lodo. Deodoro corre na direção da máquina. A Bruxa desvia do golpe da Paladina e enterra seu rosto no chão de terra dizendo:

_ Edisia não vai brigar com você! Eu vou brincar com ele!!

Ela solta Emília, que, limpando a sujeira de seu rosto, tem dúvidas se algum de seus ossos de sua cabeça ainda está integro.

Edisia se aproxima de Amadeo em um instante. A joelhada que ela desfere é suficiente para que ele caia. Ela o segura pela capa:

_ Leah disse que foi divertido... Hehehe! É porque a Leah é uma fracoteee! Edisia não...!

Ela volta a golpeá-lo, mas dessa vez Amadeo estava pronto para o impacto e desvia. Ele tenta cortar a perna nua da Bruxa, mas sua lâmina é absolutamente ineficaz. Os Golens risonhos avançam contra ele de forma simultânea. Enquanto luta, ele pergunta:

_ Emília...!! Cadê o Johan?!?

_ N-No corredor! _ Ela responde sem hesitar.

Não é mentira. Não é mentira... Não é...

O assunto se encerra quando Emília empurra o Bicorn para longe de Deodoro. O outro monstro, porém, trota em sua direção, pronto para atacar. Emília salta sobre ele, deixando que os dois colidam. Em seguida, ela alcança o corpo de uma das aranhas e a esviscera sobre os bovinos. A teia os alentece parcialmente, mas não dura muito tempo.

Deodoro para em frente ao mecanismo, suando frio. Trata-se de uma esfera de fumaça negra e raios vermelhos que gira sobre um eixo metálico. Dele, vários cabos conectam-se a outras engrenagens, bombas preenchidas de sangue e alguma outra coisa. O vapor que emana é tóxico e quente. Uma secreção pinga lentamente sobre um contêiner de vidro, abaixo da esfera de caos. Ele respira fundo e tenta destruir o objeto com um golpe feito de relâmpagos. Não há qualquer efeito.

Ele pensa: "Me perdoe, Keisha, mas eu vou precisar usá-lo". Ele saca o caderno maldito e lê não mais que duas páginas em uma língua mágica que Amadeo jamais ouviu antes.

A esfera de corrupção se agita conforme o encantamento continua. Edisia se volta para Deodoro, perplexa:

_ O-O quê...? Humanos não podem fazer isso!! Não! Não! Não! _ Ela empurra Amadeo.

Enquanto cai, ele chuta um dos joelhos da Bruxa, fazendo-a também cair. As cópias se desmancham e o lodo que as forma envolve Amadeo como correntes excessivamente apertadas. Ela diz, entredentes:

_ Edisia não pode te mataaar... _ Ela afunda os dedos no rosto dele, rasgando suas bochechas _ Mesmo querendo muito, muito, muito! Agora que você é fraquinho por causa das trancas ia ser tão fácil! TÃO FÁCIL!!

A palavra "tranca" chama a atenção de Deodoro. Ele se lembra no mesmo instante da explicação estranha que Keisha havia lhe dado anteriormente sobre o feitiço antigo de "Tranca-Alma". Porém, ele espanta o pensamento quando seu encantamento se completa: O orbe de raios se desmancha e o líquido que destilava evapora. O Chichevache e o Bicorn urram e se tornam mais fracos. Emília aproveita a oportunidade para decapitar o mais magro deles com uma machadada associada a um feitiço de gravidade.

_ NÃÃO! _ Edisia diz, soltando Amadeo.

O lodo segue a Bruxa conforme ela marcha na direção de Deodoro. Ele, por sua vez, sente as mãos formigarem, queimadas e necróticas, e expele grande quantidade de sangue pela boca. "Que horror... Mas ainda estou vivo", ele pensa, afastando-se da inimiga enfurecida. Emília se coloca diante dele, coberta de hematomas e sangramentos.

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