Capítulo 67 - Cripta

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Andando pelas câmaras musgosas e mofadas da cripta, a moça de cabelos brancos carrega seus delicados utensílios, em uma cesta de palha trançada, que ela mesma fez. Ela traz um sorriso no rosto jovial que contrasta com seus bizarros olhos sem íris.

Ela chuta pedrinhas enquanto caminha até a sala onde uma estrutura grotesca pulsa... Gases escapam do que parece ser um ovo de carne, coberto de um exsudato esverdeado e sanguinolento. Ligado ao ovo, cabos de máquina se espalham por todo o quarto e desaparecem pelas frestas. Ela pousa sua cesta na bancada improvisada a seu lado.

_ Ora, você está bonito hoje! _ Ela se aproxima da orbe pestilenta _ Parece que falta pouco para dar certo. Hm...

Ela saltita até uma das paredes e com palavras misteriosas, faz a pedra se abrir. Da fenda, ela puxa um instrumento de tortura curvilíneo e cheio de espinhos. Deixando as madeixas alvas se arrastarem pelo chão, ela alcança... v a g a r o s a m e n t e... algo no interior da cesta.

Para. Uma inspiração profunda.

_ A-ha! _ Ela puxa uma espécie de taça de argila _ Eu colhi frutinhas na floresta. Não sei o que são, mas vou fazer um suco. _ Ela se volta para o ovo _ Daqui a pouquinho eu cuido de você!

Com a delicadeza de um cirurgião em campo, ela transforma as esferinhas pretas-roxas em um suco aproximadamente branco. Ela bebe tudo em um gole único e franze o rosto:

_ Eu devia ter tirado as sementes! Bleh!

Ela deixa os instrumentos de lado e se debruça sobre a bancada, deixando seus joelhos tortos pendurados no ar. Ela murmura, murmura e murmura... Porém, de repente, um fragmento de vidro negro vibra sobre a mesa. Sobressaltada, ela o toma em mãos e posa sua expressão mais séria:

_ Srta. Leah. _ Um grande olho amarelo desponta da escuridão _ Eu sou "O Gato". _ Ela afirma com a cabeça _ Trago atualizações de seu projeto: Continue a pesquisa; os resultados na vida eterna são minimamente interessantes. Porém, aquela criança está próxima. Capture-a sem feri-la. Se possível, livre-se da abominação. Não deixe testemunhas. _ Ela faz "sim" _ Vá, Bruxa Menor.

A imagem se dissolve. Leah abraça o vidro, animada. Ela não consegue deixar de sorrir.


_ Essa é uma boa pista. _ Nina diz _ Essa tumba de que falaram fica ao norte; deve ser uns 10Km de caminhada até lá. Não é fácil de errar: Tem vários pilares no caminho. É só seguir eles. _ Ela faz uma pausa _ Mas... Vocês estão bem? O grandão parece normal, mas vocês dois...

_ Ehn... _ Amadeo diz, coçando a cabeça _ Deve ser um pouco de ressaca da magia das Pixies. Eu tô com uma dorzinha de cabeça e a Katia tá meio enjoada, mas podemos trabalhar, né? _ Ele sorri, falso; Katia concorda, mentirosa.

Após vestirem as armaduras, o trio segue para a cripta. Como de costume, Johan leva a mala de ferramentas e mantimentos de emergência. Eles avançam rápido na primeira metade, mas o Paragon e a Veneficus param para retomar o fôlego. O mal-estar não cede. Katia inquere:

_ Será que pegamos a doença...?

_ Tô pensando isso também, mas é estranho que Johan esteja bem, num é? _ Amadeo responde, bebendo de seu cantil _ Querendo ou não, fizemos exatamente as mesmas coisas.

_ Você está sentindo alguma coisa, Johan? _ Katia pergunta; ele nega _ Tem certeza? _ Ele confirma _ Você já ficou doente alguma vez...? _ Ele hesita.

_ Eu já quebrei o braço? _ Ele responde.

_ Faz sentido a Aberração de Corpo não ficar doente, eu acho. _ Amadeo sorri, malicioso _ Dizem que os idiotas não pegam nem resfriado!

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