Capítulo 52 - Carta

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A questão dos dormitórios foi resolvida facilmente. Os Parvus foram redistribuídos para ninguém ficar só. Amadeo foi o único não incluído no processo (é difícil para qualquer um dividir quarto com um sonâmbulo). Além disso, selos foram colocados em cada porta para aumentar a proteção. Felizmente, nenhum novo "ataque" aconteceu. Nayla disse que Johan trouxe uma maldição da Cidade da Meia-Noite e ela provavelmente se esgotou na noite anterior.

E o tempo passa.

Como superior encarregado, Amadeo ficou responsável por dar fim à montanha de papéis que incluíam recibos, relatórios, devolutivas, etc. Somente algumas poucas vezes ele ou Arthur consultaram Johan para confirmar certas informações. Contudo, ele não se lembrou de referir sobre as cavernas e túneis do pântano ou sobre a pessoa misteriosa que viu após a batalha. Afinal, ela não sabia que Amadeo havia esquecido e... ninguém realmente perguntou.

_ Finalmente livre da papelada, Amadeo? _ Deodoro questiona, com seu típico sorriso gentil _ São os ossos do ofício!

_ Agh! _ O loiro se espreguiça _ Eu nunca mais vou escrever uma carta na vida! _ Ele gira e massageia o punho.

_ Esse é definitivamente um pedido difícil de se realizar. _ Deodoro ri _ Porém, eu preciso mudar de assunto. _ Seu sorriso se torna mais triste _ Sobre sua participação na Ágora...

_ Eu sei. Fortescue me colocou pra cerimônia de abertura. Ela disse que a Yomi vai participar também e já me deu o roteiro. _ Ele dá de ombros.

_ Na verdade, ela me deu outra incumbência. _ Ele faz um instante de silêncio enquanto entrega um pequeno livro ao rapaz _ Ela quer que você faça a Aristourgima, ato III, estilo flavino.

Amadeo franze o rosto, surpreso e desesperado. As palavras travam em sua garganta. Ele hesita em sequer tocar no livro. Deodoro conclui:

_ Temos pouco menos de 1 mês para te prepararmos. Comece a estudar os fundamentos o mais rápido possível e, amanhã, iniciamos as práticas. _ Ele suspira, mas logo tenta voltar a sorrir _ Já pedi para Johan nos ajudar com possíveis entraves técnicos da coreografia.


_ Sra. Hotak! _ Uma jovem Sacerdotisa entra na sala de reuniões, onde Nayla e Emília discutem sobre o preenchimento de um cronograma _ Chegaram cartas!

As duas mulheres se voltam para a jovem e Nayla agradece, recebendo dois envelopes. Um deles, de papel cinzento, está endereçado a ela; o outro, cor de rosa e com um ramo de flor no selo, carrega o nome de Dijana. A Sacerdotisa se despede, ainda com uma carta para entregar.

_ Um admirador secreto...? _ Emília diz, cobrindo a boca com as mãos para forjar surpresa.

_ Se for, tomara que já venha com o testamento! _ Nayla responde, abrindo a carta.

Ela passa os olhos rapidamente pelo conteúdo; Emília espia: "Prima-Ordinis Major Ranger, Nayla Lorrayne Hotak, você está convidada a prestar presença na Conferência Anual de Reformas Internas da Ecclesia, a qual ocorrerá durante a Ágora deste ano, como representante do Grupo de Trabalho da República Albam. Contamos com a honra de sua contribuição para melhorar nossa instituição". Nayla aperta os olhos:

_ Minha Rainha, não tínhamos combinado que você ia na Ágora...?

_ Sim, mas eu não quero mais. Mandei minha recusa há uns 2 dias. _ Emília admira as próprias unhas bem-feitas.

Nayla se levanta, empurrando a mesa para longe de si. Ela murmura maldições entredentes, enquanto sai da sala em direção ao galpão do pátio. No caminho, ela vê Deodoro e Amadeo discutindo algo, em frenesi. Ela pensa que faz muito tempo desde a última vez que viu seu Baby Paragon vestindo a regata de treinamento dos Parvus comuns. Logo em frente, ela vê Johan trocando golpes com a Veneficus Katia, enquanto outros colegas assistem. "Ele parece entediado... É, amigo, depois de quase morrer numa missão, nada mais é empolgante!", pensa.

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