Capítulo 113 - Possessão

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_ Aos santos executores é dada a tarefa de encerrar o ciclo. Aos santos executores é dado o direito de encerrar o ciclo. Aos santos executores é dado o poder para encerrar o ciclo...

Várias pessoas pronunciam aquelas frases simultaneamente ao redor do Behemoth. O Fabulare tenta se livrar da corrente, mas não consegue erguer a presa, muito menos usar suas patas formidáveis para abalar o solo. "Impossível", Dijana pensa, deixando seu maior sorriso tomar-lhe o rosto. "Ele conseguiu...!"

O feitiço de Extermínio finalmente se conclui na grande área ocupada pelo monstro. Uma lâmina rubra trapezoide se forma logo acima dele e, em instantes, cai, como uma guilhotina absoluta. Não há sangue. A morte se dá pela destruição do Espírito.

O Behemoth cai. As correntes afrouxam. Com o pouco que lhe restou de consciência, Johan também pende contra o chão. É difícil definir se o que ele sente é dor ou se sequer ainda sente alguma coisa.

Uma grande cortina de fumaça e poeira paira sobre todos. Os conjuradores do Extermínio estão exaustos. Os demais membros da Ecclesia permanecem atônitos diante do colosso jacente.

Dijana liberta o Drekavac de sua conjuração e luta para se arrastar sobre os destroços. Suas pernas tremem sem parar e ela se sente zonza. Tudo que se passa por sua mente, porém, é: "Tenho que tirar Johan daqui...!"

Muitos minutos se passam enquanto seu doloroso deslocamento ocorre. Ela hesita e arregala os olhos ao deparar-se com uma figura loura sobre um cavalo de crina escura. "F o r t e s c u e...", ela move os lábios para si mesma.

A silhueta desce da montaria com um cajado em mãos e segue na direção de Johan. Ao se aproximar o suficiente, a Paragon diz:

_ Como Magnum Paragon interina, não posso deixar de agradecer pelos seus serviços contra o Behemoth, verme, mas ainda assim não irei poupa-lo por esse sacrifício fútil.

Johan desperta com o golpe na cabeça que o faz rolar para longe. Cambaleante, ele desvia de um segundo ataque do cajado. Fortescue o encara com um desgosto nítido, como se apenas enxotasse um animal de seu jardim. Apenas quando um novo impacto o faz bater a cabeça contra o chão, ele compreende o que está acontecendo. Tudo isso parece ter sido planejado.

Incapaz de usar os braços, necróticos pela energia dissipada das correntes, Johan se apoia nos joelhos. Antes que a loira pudesse destilar seu ódio, ele diz:

_ Já é hora... _ Ele respira com dificuldade _ ...de te matar... Fortescue!! _ Ele mostra os dentes.

_ Hmm...? _ A Paragon suspira _ Deixe-me adivinhar, você quer se vingar por eu ter revelado seu segredo asqueroso, monstro? Ou talvez por tudo que eu fiz com Amadeo? _ Ela sorri _ Ele sempre me retrata como a vilã de sua história; eu sei. Não posso culpa-lo também... Fiz o que eu quis com ele durante sua vida inteira... Você sente pena dele, abominação? _ Seu sorriso se desfaz e sua voz goteja sarcasmo _ Deve ser por isso que vocês gostam tanto um do outro: São um par de cães sarnentos. Pelo menos, eu fiz de Amadeo meu cachorrinho útil.

Dijana, que agora está perto o bastante para ouvir a conversa, reconhece que toda a fala de Eloah é mentira. Tudo aquilo não passa de uma provocação. Por baixo da expressão tirânica, Dijana vê olhos marejados. "É o mesmo que... eu vi no Amadeo...?", ela se pergunta. "Tanto faz! Eu preciso tirar Johan daqui antes que ela decida atacar de verdade...!", conclui.

Subitamente, Johan avança contra Eloah. Ela desvia e o golpeia sobre as costelas. A abordagem do rapaz muda e ele apenas se defende. O rosto da mulher transborda raiva. Por alguma razão, ela não usa qualquer tipo de feitiço, mas Johan está preparado para quebrar-lhe os dedos se ela decidir gesticular com as mãos.

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