Capítulo 58 - Voz

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Nayla nasceu em algum lugar de Nigrum, antes de seus pais se separarem, mas cresceu no Reino de Ruber, em Caijiji, uma grande cidade próxima da fronteira com o Império. Quando criança, ela teve que dividir a atenção de sua mãe solteira com outros dois meio-irmãos e com a despreocupação da mulher em relação a sua prole. Não por menos, Nayla foi criada por uma vizinha, já idosa, que também protegia várias outras crianças.

A situação financeira nas periferias de Caijiji não era a melhor, mas os incríveis membros da Ecclesia nunca deixaram faltar água, comida e abrigo a todos da comunidade. Nayla os admirou desde a primeira vez que os viu trabalhando dia após dia na reforma de um bairro afetado por uma tempestade. Dentre as centenas de sonhos que ela tinha na infância, ajudar as pessoas daquela forma com certeza era um deles. E quem mais estimulava seus devaneios era a velha vizinha. Ela dizia:

_ Não importa o que aconteça, nós somos o melhor de nossos ancestrais. Trazemos dentro de nós a coragem de todos aqueles que vieram antes. Não há nada, nada, nesse mundo que nós não podemos alcançar. Tenha orgulho de seu passado, Nay-Lo! Só assim transmitirá seu legado!

Do outro lado do mundo, porém, Dijana crescia em uma casa confortável com pais amáveis, em Meigdan. Sua avó havia sido uma Sacerdotisa do Forte Sul e, por isso, a família nunca cogitou deixar a cidade. Desde pequena, Dijana tinha um dom intrínseco para as artes. Os livros de romance e o piano empoeirado foram seus melhores amigos, até ela conhecer a beleza majestosa do teatro, principalmente as performances de canto e dança. Durante tantos anos, a albanense pura sonhou em se tornar uma artista: Alguém capaz de evocar sentimentos profundos com gestos e melodias... Um sonho contrastante com sua personalidade introvertida.

Aos 16 anos, Dijana recebeu o diagnóstico terminal de Paladina. Suas perspectivas para o futuro escorreram por entre seus dedos como areia. Era função dela dar continuidade ao legado da família Belinda dentro da Ecclesia. Após meses de lágrimas, ela decidiu ingressar na instituição, não pela cobrança de seus pais, mas por si mesma: Lá ela também poderia comover o público, pois a luta também é uma forma de arte.

Aos 17 anos, ela se tornou Puer-Minori, com o objetivo de ingressar na Unidade de Combate Avançado da Cavalaria, para ter a chance de fazer sua turnê mundo a fora.

Paralelamente, Nayla, com seus 13 anos, continuava alastrando caos e confusão por onde passava. Ela nunca foi capaz de roubar ou machucar outras pessoas, mas sempre teve um dom natural para causar problemas. Exceto no pôr-do-sol... Aquele era seu momento especial.

Quando Nayla completou a idade para sua avaliação de Esferas, ela recebe uma das notícias mais importantes de sua vida: "Você é uma Ranger, garota!". Ela se inscreveu na mesma hora. Com um sorriso gigantesco, ela se despediu da família e foi para Ikaika, a principal sede de treinamento dos Minoris de Ruber. Nesse mesmo ano, Dijana foi aprovada como Tertia-Ordinis Parvus, porém, em sua ambição para participar das missões, ela pediu uma prova de habilidades cedo demais. A falha na aprovação custou-lhe 2 anos de espera...

Aos 23, ela finalmente se tornou Secundus-Ordinis Parvus. Nayla, aos 19, chegou em Meigdan pouco tempo depois, como parte da Unidade de Serviços Especiais. Nessa época, ela tinha cabelos longos, sempre trançados.

Elas se conheceram pela primeira vez durante sessões tediosas de treinamento. Dijana praticava com um rapaz que era seu atual parceiro, enquanto Nayla assistia às escondidas, sobre o riso irônico de uma amiga que dizia:

_ Hotak, se enxerga. Ela é muito pra você!

Entretanto, ela não conseguia deixar de admirar a delicadeza e ferocidade da veterana. Quando Dijana desfez a dupla, pela segunda vez no semestre, Nayla viu uma oportunidade...

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