Capítulo 59 - Decadência

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O dia amanhece parcialmente nublado e uma brisa fria agita os arbustos floridos. A praça está menos movimentada do que no dia anterior. O clima é brando e calmante. Ao redor do complexo de prédios, ruas de pedra esculpida geram um circuito ideal para uma corrida matutina, tal como Johan imaginou. "Acordar cedo é ruim, mas pelo menos é mais fresco...", ele conclui assim que finaliza as várias voltas que esqueceu de contar.

Naquele horário, a maioria dos convidados já está pronta para mais um dia cheio de reuniões. Nenhuma das palestras, porém, é do seu interesse. Praticamente todas se resumiam a problemas, burocracias, regras ou assuntos complexos demais para ele compreender. Enquanto caminha em direção aos dormitórios, ele suspira. Tudo está calmo, pacífico e extremamente entediante. Ele anseia por ação, frustrado pelo desejo secreto de partir em mais uma aventura absurda com...

Um rugido poderoso interrompe seus pensamentos. Curioso, ele avança em direção ao pátio interno do edifício Norte. Lá, ele se surpreende com a figura imponente de um Dragão que desvia dos Rangers que tentam se aproximar. Seus rosnados soam como ofensas indignadas. Em frente a ele, Godeve balança a cabeça, dizendo:

_ Eu entendo...

"Huh, ela fala com o Dragão", Johan pensa, "Engraçado". Os dois parecem discutir algo relevante e, aos poucos, a mulher consegue fazer a criatura concordar com certas condições. A Paragon parece aliviada e pede para os Rangers buscarem os presentes. Johan se aproxima de um deles e pergunta o que está acontecendo ali, ao que o rapaz responde:

_ Você chegou a ver a abertura? O principal poder da sra. Busia é que ela tem acordos com vários Dragões do mundo inteiro. São familiares dela, só que eles vivem nos seus habitats naturais. Aí, eles só vem se a sra. Busia chama. Mesmo assim, Dragões não são Fabulares completamente racionais, então, de vez em quando, ela precisa renegociar com eles pra não saírem destruindo as coisas. Esse Dragão, por exemplo, é o "rei" de um ninho enorme aqui de Flavi.

Johan responde com um "Hmm" e avança alguns passos, meramente curioso. O Ranger tenta impedi-lo, mas não adianta. Ele somente para quando Godeve exclama:

_ Jovem, não! Não se aproxime...!

O Dragão percebe a presença do visitante não convidado e bufa. Ele baixa a cabeça rente ao chão e a aproxima do rapaz, lentamente. Godeve estende as mãos, pronta para erguer uma barreira. Johan analisa os detalhes grosseiros da criatura. A alguns centímetros de distância, o Dragão para. Ele fareja ao redor e emite um rosnado gutural. Godeve se aproxima:

_ Peço perdão, senhor. Ele é um garoto ingênuo. Por favor, deixe-o i-...

_ Bom dia. _ Johan diz, pousando a mão no focinho áspero.

O Dragão solta uma névoa branca de suas narinas, enquanto Johan passa os dedos por entre as escamas. No ângulo da mandíbula gigantesca, ele coça com força e a criatura "ronrona".

_ Você gosta aqui...? _ O rapaz diz.

Subitamente, o Dragão se afasta, pomposo. Godeve permanece boquiaberta. Johan a fita, enquanto os Rangers murmuram entre si.

_ Eu amo os Dragões. Eles são como catástrofes naturais, sem qualquer malícia. _ Godeve diz, sorrindo _ A beleza deles está nessa força pura e indelicada que de tão grandiosa é difícil de usar em qualquer coisa que não a destruição. _ Ela pausa _ Eles são arredios, cautelosos e orgulhosos. Geralmente não gostam de pessoas... mas são aliados essenciais.

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