Capítulo 6 - Sensatez

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_ Um, dois, três, quatro... _ Johan conta os passos, murmurando _ Um, dois, três, quatro...

Dijana, com um rabo de cavalo alto, bate palmas no mesmo ritmo. Ela analisa cuidadosamente os movimentos dele. A cada passo, ele esboça um longo gesto com os braços. Ele dança sozinho pelo salão, sob o olhar atento da Paladina.

Uma palma mais intensa interrompe o baile. Johan para e aguarda Dijana se aproximar com dois pares de braceletes imensos. Sem que nada seja dito, ele pega o primeiro par e fixa-os nos punhos; o segundo ele coloca nos tornozelos. Dijana sorri e oferece a ele, por fim, uma espada longa e fina, sem ponta. Ela saca uma igual e se colocana sétima posição da esgrima. Johan faz uma rápida reverência e eles iniciam a "luta dançada". Johan sente dificuldade de manter os movimentos limpos e contínuos, devido aos pesos. Dijana se move com graciosidade. Eles giram, golpeiam e param. Suas respirações se sincronizam. Dijana sorri; Johan parece feliz.

Após muitos desvios e ataques, finalmente, a ponta de cada espadas toca o peito dos adversários. Dijana bate palmas, extremamente satisfeita. Nayla, que assistia, diz:

_ Parabéns, campeão! Linda tá feliz com seu progresso! _ Ela passa o braço pelo ombro dele, com um pulo, ficando pendurada no ar.

Dijana faz "sim" com a cabeça. Johan questiona Nayla:

_ "Campeão"?

_ Eu sou gosto de dar apelidos! _ Ela responde _ Dijana é a "Linda", Emília é a "Rainha", e por aí vai... No seu caso, como eu sei que apostaria todo o meu dinheiro em você numa luta até a morte, vou te chamar de "campeão" a partir de agora! Soa apropriado.

Ele responde com um quase-riso, virando o rosto. Entretanto, a conversa é interrompida com um esperneio de Amadeo:

_ Por favor, alguém! Eu não aguento mais ficar jogando aquele negócio das pedrinhas com o Deodoro!! Por favor, deixa eu fazer alguma coisa legal! Não aguento mais ficar paradoo! _ Ele se pendura nos ombros de Nayla, que gargalha.

_ Pergunta pro Johan se ele quer lutar contigo. Eu tô muuuito ocupada! _ Ela responde.

Amadeo se aproxima de Johan, apoiando ambas as mãos em seu antebraço. Seus olhos brilham em um pedido de ajuda. Johan responde, com desdém:

_ Não.

_ Ahh! _ Amadeo cobre o rosto _ Por que você não gosta de mim?! O que eu te fiz!!

_ Hã?! _ Johan franze o rosto todo _ Tudo que você fez desde que nos conhecemos foi me provocar! Seja mais consciente, seu menino irritante.

_ O-Oi?! Você que começou! _ Ele puxa-o pela camisa.

_ Eu comecei? Ha...! Ainda é uma criança por acaso? _ Ele suspira; todos concordam.

_ Poxa vida... Ninguém me apoia...! Eu só queria ser seu amigo e te ajudar, mas TUDO BEM! Vou achar outra pessoa pra treinar comigo. _ Ele faz uma pose dramática.

Nayla gargalha. Johan gira os olhos e pensa "Eu não consigo entender ele...". Instantes depois, uma mulher de armadura entra no salão, dizendo:

_ Ouvi que alguém quer treinar? Estou precisando de ajuda para praticar um golpe.

Os olhos de Amadeo cintilam e ele ergue um dos braços:

_ Eu! Sou Amadeo! Prima Parvus Paragon! Conto com você!

_ Oh! Você é o prodígio que todos falam! Eu sou Irma Martan, da Unidade de Fronteira da província Alkatar de Nigrum. Só estou de passagem por aqui.

Eles se cumprimentam. Seguem para o campo externo, enquanto estabelecem as regras do combate: 1) Vence que fizer o outro se render ou perder a consciência; 2) É proibido causar danos aos edifícios e árvores próximas; 3) É proibido utilizar golpes letais ou que causem ferimentos graves; 4) Pode-se utilizar qualquer tipo de habilidade espiritual ou física.

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