Capítulo 92 - Claustro

6 3 6
                                    

_ Eu sou aquilo que vocês, Bruxas, mais detestam, não sou? A epítome das Esferas Evolutivas, aliada a seres lendários que rivalizam com seu poder... Uma mulher poderosa, sem precedentes.

Ela desfila, garantindo que o som de seus passos seja o mais irritante possível. Miriam se mantém firme e em silêncio, encarando a oponente sem piscar. Godeve inspira profundamente, segura a espada rente à cintura e sussurra:

_ Vamos.

Mais rápida que uma flecha, ela se aproxima de Miriam e faz uma estocada profunda no abdome da outra. Seu contra-ataque é imediato, mas o Dragão defende Godeve, mordendo os braços da Bruxa e arrastando-a para longe consigo. Com o sangue vinhoso da inimiga em sua espada, Godeve conjura algo com palavras misteriosas, fazendo o líquido se transformar em um pó translúcido. Diz:

_ Que os resquícios de sua magia anterior sejam os guias para meu próprio poder.

Ela imita os gestos e as palavras mágicas que a Bruxa havia usado para abrir a fenda do cubo perfeito, manipulando a energia espiritual extraída de seu próprio fluido vital para mimetizar todo o encantamento. Miriam percebe as intenções da Paragon e, brutalmente, esgorja o Dragão Parasita com as mãos vazias.

Para seu desespero, a distração fora suficiente para que uma nova criatura fosse capaz de entrar no salão impenetrável: Com a forma de uma iguana colossal, envolta por escamas de cristal cintilante, o Dragão de Caco-de-Vidro se apresenta.

Godeve o toca no instante em que Miriam a esmaga contra a parede.

Entretanto... A Bruxa sente uma dor pungente nas próprias costas e recua. Godeve, com sangue escorrendo de seus lábios, sorri, já no limite de sua paciência:

_ Meu pacto com a Jujuba aqui é o poder que só os espelhos malditos tem: Devolve minhas lesões ao meu próprio agressor. Mas saiba, Miriam, que é uma divisão com o princípio da equidade... Como você é mais forte, a maior parte da dor te pertence.

A Bruxa sente a lâmina da outra penetrando profundamente em seu pescoço. Ela está confusa... O plano deveria ser perfeito; não era para isso estar acontecendo. Ela sempre obedeceu e seguiu todas as instruções à risca, diferente de suas irmãs cujos fracassos apenas se acumulavam. Ela simplesmente não sabe lidar com a falta de controle.

Segurando a lâmina com as mãos vazias, Miriam a faz ser envolta pelo lodo que secreta incessantemente. Godeve salta para longe, mas sua mão é pega pela explosão que se sucedeu. Quem urrou, porém, foi Miriam, vendo o próprio membro deformado. A capa negra de Godeve já estava quase completamente destruída. "Preciso que isso acabe logo", ela pensa, deixando que o Dragão cure suas lesões com a saliva espessa.

As duas avançam. Godeve percebe que seus ataques corporais são ineficazes, enquanto cada golpe de Miriam seria instantaneamente fatal se ela não estivesse protegida pelo feitiço. "Pelo menos ela parou com as explosões por enquanto", Godeve pensa, enquanto seu Dragão escala suas costas e a envolve completamente como uma armadura feita de lascas de espelho.

A sequência de ataques que se sucedem são socos e chutes que, a cada toque, fazem flores de vidro brotarem da carne da Bruxa. Miriam se sente humilhada. Cada uma de suas lesões se recupera de forma quase instantânea, mas aquela batalha é irritante; a habilidade de Godeve é irritante; a voz daquela Paragon desgraçada é irritante!!

Sua sombra se expande e envolve quase todo o interior do salão. As camadas de armadura do Dragão se espessam o mais rápido possível e Godeve convoca uma barreia esférica ao seu redor, soprando em seu interior uma névoa grossa cujo único objetivo é segurar as...

Três EsferasOnde histórias criam vida. Descubra agora