102. Inteiramente

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POV RAFAELLA

Estar nos braços de Gizelly depois de termos, finalmente, conversado sobre a entrevista era como respirar. Faziam dias que eu tinha esse assunto preso na garganta e não conseguia dialogar com ela. O que era muito estranho, pois eu nunca tinha encontrado alguém como Gizelly, que me fazia sentir tão segura em tudo. Nesse momento, eu percebi que todo assunto que tinha o mínimo de chance de afastar ela da minha vida, me apavorava completamente.

"O que cê tá pensando?" Gizelly interrompeu meus pensamentos.

Me ajeitei para que eu conseguisse encarar seu rosto. Desde o final da nossa conversa, estávamos deitadas em nossa cama. Eu tinha meu corpo sobre o dela e ela fazia carinho no meu cabelo, enquanto eu aproveitava o conforto do seu abraço.

"Que eu tenho que parar de ter medo de falar as coisas difíceis com você por temer você ir embora," falei, tomando coragem para ser totalmente sincera.

Senti, mais que escutei, o seu suspiro pesado. Ela também arrumou sua posição, fazendo meu corpo sair um pouco de cima do seu, mas ainda mantendo firme seu laço em minha cintura. Seu rosto agora se aproximava do meu e ela buscava meus olhos com os dela.

"Rafa, me escuta," ela pediu em um tom firme, porém suave. "Existem poucas coisas no mundo que me fariam me afastar de você e Larissa," ela falou, levando sua mão até meu queixo quando eu fiz menção de desconectar nossos olhares, por conta da intensidade dos sentimentos que eu via em seus olhos. "Me escuta," ela pediu novamente, agora ainda mais delicadamente, acariciando meu rosto com seu polegar. "E eu tenho certeza que você me ama e me respeita demais para fazer qualquer uma dessas coisas que me faria te deixar. Eu confio em você, no nosso amor, no que a gente construiu. Se a gente está juntas, nada é difícil demais, você me entende? Absolutamente nada."

As palavras de Gizelly percorreram meu corpo como se grudando na minha pele e se tornando parte de mim. Era impossível não ver quão verdadeiramente ela sentia cada uma daquelas coisas que ela havia dito, quando seus olhos brilhavam tão intensamente nos meus. Parece absurdo, mas toda vez que ela me olhava desse jeito, era como se eu sentisse o amor dela emanando em mim.

"Eu te amo," foi o que eu consegui responder. Nenhuma outra coisa faria sentido de dizer.

Um sorriso se formou em seus lábios e ela usou sua mão que ainda acariciava meu queixo para me puxar, com cuidado, para um beijo leve.

Meus olhos se fecharam quando seus lábios macios tomaram conta dos meus. Seu toque em meu corpo era suave, mas eu sentia que iria explodir se não demonstrasse o que ela me fazia experienciar toda vez que estávamos em um momento íntimo assim. Não apenas sexual, mas principalmente emocional. Gizelly era meu abrigo.

"Eu te amo," repeti com as nossas bocas ainda coladas, me apoiando na cama com minhas mãos e meus joelhos para me pôr sobre ela.

"Eu também, meu amor," ela respondeu da mesma maneira e eu afastei nossas bocas para me sentar em sua cintura.

Acompanhei seus olhos abrindo lentamente e podia ver neles amor e desejo. Ela sempre me olhava assim. Nunca alguém tinha me olhado dessa forma, me fazendo sentir completamente amada, de uma maneira gentil e em contrapartida, com fogo de forma intensa.

Tomei suas mãos na minha e as levei até minha cintura, por debaixo da camisa solta que eu vestia.

"Me mostra," sussurrei e vi seus olhos arregalando e ela concordando rapidamente com a cabeça, já pressionando seus dedos nas laterais do meu corpo, firmemente.

Sem eu esperar, ela virou nossas posições na cama, ficando sobre mim. Acabei soltando um gritinho de susto, o que a fez rir solto, levando seu rosto até meu pescoço.

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