29. Aquela conversa

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Passaram a tarde entre filmes e conversas animadas. Gizelly sentia seu coração leve e mente tranquila. Ela não sabia nem pôr em palavras o efeito que aquele dia estava tendo para seu estado emocional.

Quando Rafa saiu do telefone com sua mãe, que havia lhe ligado para informar que já havia pego Larissa na escola e que estava tudo bem, Gizelly a buscou na cozinha em um momento que estavam apenas as duas.

"Queria te agradecer," a advogada falou se apoiando casualmente ao lado da influencer, que estava cortando algumas frutas para os drinks.

"Pelo o que?" Rafa perguntou distraída.

"Pelo dia de hoje," falou em uma voz baixa. Era como se ela falasse baixo o suficiente, aquilo não contagiaria o ótimo dia que estavam tendo.

Rafaella largou a faca sobre o balcão e limpou as mãos em um pano de prato antes de se virar em direção a Gizelly e dar toda sua atenção a mulher.

"Você não precisa me agredecer, Gi," ela disse repousando suas mãos nos ombros da advogada e a encarando nos olhos, tentando passar a verdade que tinha em suas palavras. "Eu sei que a gente não se conhece há muito tempo, mas a gente já faz parte uma da vida da outra e eu quero você bem."

Gizelly sorriu para a mulher e sem nem pensar, jogou seus braços ao redor da cintura da mais alta e a puxou para um abraço. Como as mãos da influencer ja estavam em seus ombros, o encaixe não foi tão desajeitado. A advogada pensou em se afastar rapidamente, um pouco arrependida do seu movimento súbito, mas foi impedida de se mover pelos braços de Rafa que agora envolviam seu pescoço.

"Eu também estava precisando desse abraço, ok?" Rafa disse e Gizelly relaxou, aproveitando o contato. Abraços são bons remédios para a alma.

Quando finalmente se afastaram, as duas tinham sorrisos nos rostos. O carinho entre elas era claro. Gizelly podia até ter sentimentos de atração pela outra mulher, mas nunca deixaria aquilo ficar no caminho da bela amizade que estavam forjando. Assim como ela mesma, Rafa também precisava de apoio e carinho naquele momento da vida. E elas podiam facilmente fornecer isso uma a outra.

Quando Manu voltou finalmente para a cozinha, encontrou as duas mulheres trabalhando juntas em um drink.

"Nossa, isso tá bonito, ein?" falou Manu indicando o copo.

"A Rafa disse que até eu vou gostar desse drink, mesmo eu insistindo que só gosto de drink de cevada," brigou Gizelly.

"Assim fica bão demais, Gi, cê vai ver," disse a mulher finalizando a bebida de morango e gin com gelo e água com gás. Ofereceu então o copo para a advogada, que pegou o objeto ainda incerta.

Rafa a encarava com expectativa, o que fez a capixaba levar o copo até a sua boca e dar o primeiro gole. O sabor doce do morango com açúcar, misturado com a acidez e o amargor do gin com a água com gás, não agradou o paladar simples de Gizelly nem um pouco, e a mulher teve que forçar o líquido goela abaixo. Ela até tentou disfarçar, mas tinha ficado óbvio em seu rosto que ela não havia gostado nada daquilo e a risada de Manu ecoou pelo apartamento.

"É bom," mentiu na cara dura, ignorando o escândalo de Manoela. Rafa apenas riu também da tentativa falha da capixaba em enganá-la e tomou o copo de sua mão.

"Você pode ficar na cerveja, então," falou Rafa divertida.

"Ainda bem que sou amiga de uma embaixadora da Brahma," Gizelly brincou, indo em direção a geladeira, onde haviam algumas cervejas que Rafa trouxera uns dias atrás.

"Eu vou querer um drink desses," disse Manu pegando o copo da mão da mineira e dando um gole. "A Gi é louca, tá uma delícia!"

"Eu tenho paladar de pobre, gosto do amargo da cerveja mesmo," falou Gizelly dando de ombros e abrindo a sua latinha contentemente.

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