36. Minha vida

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POV RAFA

Fiquei mais um tempo ali, sem nem acreditar no que tinha acontecido. Pedro havia simplesmente ido embora e dito que não assinaria nada.

Eu chorava mais não sabia qual era o sentimento que me dominava no momento. Tentei me acalmar sozinha, mas estava sendo difícil. O que eu faria agora? Voltaria para casa? Ele voltaria?

Não sabia o que fazer e estava sentindo um pânico se apoderar de mim. Tentei respirar fundo e pausadamente. Me entregar ao desespero não faria bem nenhum.

Me assustei com o toque do celular e abri a minha bolsa para pegar o aparelho. O nome de Gizelly alertava na tela. Não entendi muito bem, mas me senti mais aliviada ao saber quem era.

"Alô," falei na linha.

"Rafa? Tá tudo bem?" a voz preocupada no outro lado fez as lágrimas voltarem aos meus olhos. Não, eu não estava bem.

Acho que fiquei tempo demais calada, porque ouvi um barulho e a voz de Gizelly ficou mais clara.

"Onde você está? Quer que eu vá aí?" ela falou.

"Eu tô em casa," falei em um suspiro. "A conversa não foi como eu planejei..."

"Você está chorando, Rafa. Você quer que eu vá aí?" ela repetiu em uma voz doce e eu senti um leve aperto no meu peito.

"Eu não sei o que fazer," foi a minha resposta.

"Faz assim. Eu vou desligar e você me manda sua localização. Eu vou aí com você e a gente conversa, pode ser?"

Eu acabei concordando e mandando minha localização para ela. Não sabia se ela iria demorar, mas decidi que seria melhor lavar meu rosto.

Entrei no quarto que dividia com Pedro e senti meu estômago embrulhar. Não conseguia acreditar que ele não estava respeitando a minha decisão.

Balancei minha cabeça, tentando não pensar nisso para não voltar com os pensamentos ruins e fui até o banheiro, secando minhas lágrimas e limpando meu rosto. Encarei meu reflexo e eu consegui ver as marcas do cansaço e estresse. Eu precisava reganhar o controle da minha vida.

Voltei pra sala e olhei meu celular. Gizelly havia me mandado mensagem dizendo que já estava chegando. Pensei se seria uma boa idéia ficarmos aqui. Pedro podia aparecer a qualquer momento e eu com certeza não queria mais vê-lo naquele dia.

Assim que Gizelly chegou, abri a garagem para ela estacionar o carro de Manu, que ela usava às vezes. Assim que estacionou, saiu rapidamente do carro e veio em minha direção. Ela estava preocupada, dava para ver de longe em seu rosto.

"Eu estou bem," falei assim que ela parou em minha frente.

Como que se assegurando por si mesma, ela checou meu rosto e meus braços. Seus olhos pararam em um ponto específico no meu braço direito. Segui seus olhos e vi o que perturbava Gizelly ao mesmo tempo que senti seu toque delicado.

Ela levantou meu braço para olhar de perto a marca que havia ficado quando Pedro me agarrou mais cedo. Senti um frio percorrer meu corpo. Eu sabia que ele havia sido bruto, mas não o suficiente para machucar.

Gizelly estava calada, analisando a marca avermelhada e eu não conseguia decifrar seus sentimentos.

"Ei," chamei sua atenção, tocando em seu braço. "Eu estou bem," repeti tirando meu braço delicadamente da mão dela. "Ele me puxou com força uma hora, mas eu empurrei ele e foi isso. Eu nem sabia que tinha machucado assim," tentei assegurá-la.

Gizelly me olhou nos olhos e eu finalmente entendi o que ela estava sentindo. Era raiva. Pura e simplesmente raiva emanava de seus olhos castanhos.

A mulher continuou sem falar nada, apenas se virou e eu ouvi ela contar baixo e estranhei. O que estava acontecendo?

Quando ela pareceu se acalmar mais um pouco, ela virou de novo em minha direção.

"Desculpa, eu só fiquei muito irritada," ela disse voltando a tomar meu braço em suas mãos. Seus olhos agora estavam mais suaves. "Ele não te machucou mais de nenhuma maneira?" ela perguntou e eu neguei com a cabeça.

"Ok, Rafa. Eu não tenho poder nenhum de te pedir nada, mas eu vou fazer do mesmo jeito," ela disse e eu me vi afirmando sem nem saber qual era o pedido. "Toda vez que você for falar com ele, eu quero estar presente. Por favor," o pedido foi sincero e um tanto desesperado.

"Ok, Gi," eu respondi, preocupada com a reação dela. Estava claro que tinha algo que a perturbava.

Ela suspirou em alívio e soltou meu braço.

"Eu acho que seria bom a gente tirar foto disso," ela falou, tomando a postura de advogada.

"Não sei, Gi..." falei incerta. Eu realmente não sabia se queria entrar nesse aspecto das coisas.

"A gente não precisa usar se você não quiser," ela me tranquilizou. "Mas ainda acho que devíamos fotografar."

Eu acabei concordando com as fotos, o que ela fez rapidamente.

"Eu queria conversar, mas estou com medo que ele volte," falei.

"Por quê você não arruma mais algumas coisas suas e de Larissa e volta comigo pro apartamento? Você não precisa decidir tudo agora," ela sugeriu e eu sorri fraco. Mais que suas palavras, a sua presença me confortava e era como se eu conseguisse pensar de novo.

"Eu não vou ficar muito tempo lá. Acho que posso ir ficar com a minha mãe, não quero impor nossa presença."

"Você sabe que não é imposição nenhuma. Nem pra mim e muito menos para Manu. Mas se você se sentir melhor indo para a sua mãe, então é o que você deve fazer," ela me assegurou e eu sorri agradecida.

Entramos para que eu pudesse coletar as coisas e Gizelly me ajudou, colocando o que eu separava nas malas. Tentei não pensar que estava empacotando a minha vida e saindo da minha própria casa às escondidas. Aproveitei aquele tempo para contar para Gizelly como havia sido a conversa e mesmo ela tentando fingir atrás da pose de advogada, eu conseguia ver que ela estava muito revoltada com tudo.

"Ele pode tentar arrastar o tempo que for esse divórcio, Rafa. Mas ele não vai conseguir. Você é dona da sua própria vida e eu vou te ajudar a reganhar o controle dela, eu prometo."

E, por algum motivo, eu não duvidei disso nenhum momento.

Notas da autora:

O que?? Eu de novo???

Estou naqueles momentos em que preciso de distração e nada melhor que escrever para clarear a mente.

Não sei se volto mais hoje, então deixa aqui o meu "até mais!" ♥️

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