23. Imagem falsa

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POV RAFA

Depois da minha conversa com Gizelly no domingo, me senti mais calma para tomar minha decisão no meu próprio tempo. Eu sabia que ela não poderia ficar em Goiânia para sempre, mas me tranquilizava saber que ela entendia minha situação.

Quando eu e Larissa chegamos em casa aquela noite, encontramos Pedro ali. Larissa correu de encontro ao pai com uma alegria de quem não o via fazia dias. 

"Papai!" ela praticamente gritou, abraçando as pernas dele, que era até onde alançava. Torci em silêncio para ele ser mais atencioso com ela do que costumava ser.

"Ei, filha," ele respondeu tocando o topo de sua cabeça.

Larissa levantou seu rosto para encará-lo, mas ele já tinha sua atenção em mim.

"Onde estavam até agora?" perguntou.

Suspirei alto, já cansada da conversa que ainda nem tínhamos tido. Larguei minhas coisas sobre o sofá.

"Da casa da Manu," respondi me sentando e abrindo meus braços em direção a Larissa. Sabia muito bem que minha filha sentia a falta de afeto do pai mesmo tão pequena e tentava sempre compensar isso. Ela largou da perna de Pedro e se aninhou em meus braços.

Pedro nos observou por um tempo, apenas concordando com a cabeça.

"Depois que a Lari dormir, queria falar com você," ele falou andando em nossa direção. "Boa noite, filha," disse beijando rapidamente o topo da cabeça de nossa filha e se encaminhando para outro cômodo. E essa seria toda a interação que ele teria com ela até o outro dia, mesmo sem ter visto a menina desde que viajara na semana anterior. Confesso que entre tudo, isso era o que mais me doia.

Afastei a pequena em meus braços para olhar em seu rostinho.

"Vamos tomar um banho pra tirar o restante desse chocolate do corpo e depois a gente pode ler alguma coisa antes de você dormir, o que diz?" perguntei. Ela rapidamente abriu um sorriso largo e começou a balançar a cabeça positivamente.

"Aquele onde romeu e julieta são borboletas!" ela pediu animada. Eu ri da animação da pequena.

"O da borboleta, então. Agora vem, porquinha," falei a colocando em meu colo e indo em direção as escadas.

Passamos por Pedro, que estava na entrada da cozinha entrertido com algo em seu celular, e subimos as escadas. Ajudei Larissa a tomar banho enquanto conversávamos sobre o nosso dia.

"A gente pode ir todo final de semana pra tia Manu e Gi?" Larissa perguntou enquanto eu terminava de tirar o condicionador de seus cabelos.

"Todo final de semana, bebê?" 

"Sim, Manu é minha tia favorita e a Gi me faz rir," falou brincando com a esponja sem me olhar.

Larissa era um pouco carente de pessoas em sua vida. Geralmente quem estava presente no seu dia a dia eram eu, minha mãe, meu irmão e sua família, minha equipe e Manu. De vez em quando a avó partena dela,  Maura, a levava para passar um tempo na fazenda da família de Pedro, mas eu sempre acabava indo junto e a definição de carinho e atenção dos pais de Pedro era presentes materiais e refeições em família. 

Depois do banho, sequei e penteei seus cabelos e a coloquei em um pijama de joaninhas, que era seu favorito. Deitei com ela na cama e peguei o tal livro das borboletas. Na verdade, era um livro com vários contos em forma de prosa e poesia, que eu havia ganho de uma fã em um dos recebidos depois que anunciei minha gravidez. Eu havia recebido várias coisas para Larissa durantes aqueles anos, mas esse livro era a sua coisa favorita.

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