50. O que aconteceu aqui?

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POV RAFAELLA

Cheguei em casa depois do meu encontro com Gizelly, e já deitada na cama, fiquei pensando em como tinha sido tudo incrível. Em como tinha sido bom estar apenas com ela e que o meu nervosismo tinha sido em vão. Pensei também no que tinha acontecido na sacada e no tanto de autocontrole que eu tive para parar.

Eu nunca nem imaginei que sentiria tudo aquilo com uma mulher. Por tudo no meu relacionamento com Gizelly ter sido orgânico, eu não tive muito tempo de me perder nas dúvidas que essa novidade traria.

Se já não estava óbvio que eu me atraia por ela, aquela noite deixou. Seus toques, seus beijos... Era diferente, mas ao mesmo tempo normal. Me peguei pensando como seria se eu tivesse deixado rolar.

Suspirei, me virando na cama. Agora era tarde. Quem sabe na próxima eu descobrisse.

Passei a semana seguinte trabalhando muito. Fazia viagens curtas e voltava no mesmo dia. Mal tive tempo de parar em casa ou ir checar a reforma do meu novo apartamento. Estava sendo uma correria maluca.

Eu falava com Gizelly, mas pouco. Não tive tempo de ir até o apartamento nenhum dia aquela semana e todo nosso contato havia sido virtual.

Gizelly era uma ótima... Seja lá o que éramos. Ficantes? Parece um conceito tão estranho se tratando da gente. Mas enfim, ela era. Gi era sempre muito paciente com meus sumiços, era super atenciosa e ainda me enchia de mensagens espontâneas dizendo que sentia minha falta. Nessas eu faltava derreter.

Eu estava muito na dela, e nem tentaria negar. Mal podia ver a hora de ter tempo para vê-la de novo. Confesso que nos momentos mais inadequados, me pegava pensando nos seus toques de domingo. Acho que eu realmente estava começando a sentir os meses de seca. Por Deus.

Minha semana só aliviou no sábado. E mesmo querendo estar relaxada por conta disso, me peguei estressada, porque Pedro havia me ligado no início da semana — pedindo para levar Larissa para a fazenda de seus pais no final de semana — e eu havia permitido. No entanto, ali estava eu, tentando consolar minha filha que chorava porque o pai estava quase duas horas atrasado.

"Ele deve estar ocupado, bebê," falei apertando a menina em meus braços.

Eu estava uma fera.

Minha me entrou no quarto nessa hora, provavelmente preocupada com o choro de Larissa.

"Você pode segurar ela, mãe? Eu vou ligar para o Pedro e saber o que houve," falei levando minha filha, que ainda chorava em meus braços até a minha mãe.

"Claro, filha. Vem com a vovó, Lari," minha mãe pediu e com um pouco de esforço, Larissa se soltou de mim e foi para o colo de minha mãe. Meu coração se apertou. Não tem dor maior para uma mãe do que ver seu bebê chorando.

Passei minha mão pelos cabelos de minha filha, antes de sair do quarto com o celular em mãos. Pedro ouviria de mim.

Fui até a area externa da casa de minha mãe e liguei para Pedro. Quando pensei que ele não me atenderia, finalmente ouvi sua voz do outro lado da linha:

"Oi, Rafa," disse casualmente e senti que seu o visse agora, o esganaria.

"Onde você está, Pedro?" falei sem disfarçar a minha raiva.

"Não estamos separados, Rafa? Achei que isso não te cabia mais," ele falou rindo.

Levei minhas mão até meu rosto e pressionei meus olhos com as pontas dos dedos. Eu precisava me acalmar.

"Você deveria ter vindo pegar a Larissa faz quase duas horas," eu falei pausadamente.

"Eu vou me atrasar um pouco, mas eu vou, Rafaella. Você não tem mais direito de me controlar."

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