58. Tia Nu

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POV RAFAELLA

O nosso dia tinha sido tão gostoso que ele acabou se estendendo e Gizelly dormiu mais uma vez aqui, mas dessa vez no quarto de hóspedes. Não queríamos confundir a cabecinha de Larissa. Ela entendia carinhos, afinal eu sempre fui muito afetiva com ela, com minha família próxima e Manu. Ela não via com estranheza porque para ela era normal, mas dormir na cama uma da outra podia ser diferente.

Me vi sentindo falta do corpo de Gizelly perto do meu e quase a busquei do outro lado do corredor, mas me segurei. Acabei apenas relembrando o dia e pensando em como eu estava me sentindo feliz como há muito não sentia. Eu sabia que era um peso muito grande para se colocar em um relacionamento tão novo, mas eu sentia que Gizelly completava o espaço perfeito no que eu imaginava ser uma família de verdade.

Dormi pensando nisso e acabei sonhando com coisas boas. Sabe aquele sonho que a gente não lembra nada, mas acorda com sensação de quero mais?

Acordei e fui direto para o banheiro me arrumar para o dia. Estava cedo, então imaginei que Larissa e Gizelly ainda dormiam. Assim que estava pronta, andei com passos leves pelo corredor e ouvi vozes baixas e risadas.

Segui para onde eu achava que elas vinham.

"Mas bacon é nome de comida," Larissa disse rindo.

"E não pode ser nome de animal também?" Gizelly respondeu aquele debate que eu não entendi nada.

As duas estavam na cozinha mais uma vez. Só que diferentemente do dia anterior, Larissa estava sentada sobre o balcão enquanto comia um sanduíche. Gizelly comia a mesma coisa, apoiada ao lado de minha filha.

"Acho que sim," Larissa respondeu dando de ombros. "Eu quero conhecer o Jack bacon."

Do que elas estavam falando?

"Então assim que eu adotar ele, você vai ser a primeira a conhecer," Gizelly respondeu.

"Bom dia," decidi mostrar minha presença.

"Bom dia," as duas responderam ao mesmo tempo, se virando pra mim com sorrisos nos rostos.

"O que estão aprontando, ein?" falei indo na direção delas.

"Café, mamãe," Larissa disse mordendo seu pão.

Abracei minha filha e deixei um beijo em sua cabeça, enquanto observava Gizelly.

"Eu fiz pra você também," ela disse apontando para um prato a sua frente.

"Obrigada," respondi, rodeando o balcão e ficando ao seu lado. A puxei para um abraço. Não podia beijá-la, mas queria dar um "bom dia" decente.

Gizelly me apertou em seus braços e disse "bom dia" no meu ouvido. Me afastei depois de alguns segundos e deixei um beijo em seu rosto.

"O que a gente vai fazer hoje?" Larissa perguntou animada.

"Vamos pra tia Manu?" eu falei, meio que questionando a opinião de Gizelly.

"Acho que ela ia gostar disso. Certeza que tá morrendo de saudades da Lari e de mim," Gi disse.

"De mim também!" protestei.

"Mais ou menos," ela brincou. Eu fiz bico e ela riu, me oferecendo uma xícara de café.

"Obrigada, bebê," eu respondi, tomando-a de sua mão.

"De nada," ela respondeu sorrindo e voltando a se apoiar no balcão.

"Por que você chama a Gi de bebê também, mamãe? Ela é grande," Larissa falou de repente, fazendo eu quase me engasgar com o líquido quente.

Gizelly me auxiliou, tomando a xícara da minha mão e me dando alguns tapas leves nas costas. Quando consegui respirar calmamente de novo, ela me olhava preocupada.

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