3. Ginu pra sempre

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Gizelly não pensou muito antes de responder a Manu que a ajudaria no que quer que fosse. Manoela sorriu do outro lado da linha, pois ela sabia que essa seria a resposta da advogada, afinal essa era uma das coisas que Manu mais amava em Gizelly, ela era leal até o último fio de cabelo.

"Então eu vou te contar, mas preciso primeiro que você me prometa sigilo," Manu pediu. Ela confiava em Gizelly, mas era algo que Rafa havia pedido, então ela decidiu cumprir.

"Eu prometo, Manu, mas não preciso, porque se vou ser sua advogada, por lei eu não posso contar nada que você me disser a partir de agora," Gizelly disse largando a cerveja de lado e focando toda a sua atenção na conversa.

"Mas aí é que está, Gi, não vou ser eu sua cliente. Vai ser uma amiga minha. Eu sei que você não contaria nada a ninguém, no entanto. Confio em você."

"Me desculpa parecer insensível, mas fico feliz que não seja você que precisa dos meus serviços," Gizelly falou, soltando um suspiro de alívio. Seu coração estava até um pouco acelerado, achando que Manoela estava metida em algum problema sério. "Mas se essa pessoa é tão importante pra você como parece, eu prometo sigilo além do profissional a ela também."

"Tá, então essa minha amiga é casada há cinco anos com um cantor famoso..." Manu começou a contar a história e falou tudo. Que eles casaram muito novos, que tinham uma filha, das brigas e desentendimentos constantes, das ameaças de guarda total, do medo que "a amiga" - Manu não usou nomes - sentia e como ela só tomaria a decisão de prosseguir com o divórcio se ela tivesse certeza que não perderia a guarda de sua filha.

Gizelly escutou tudo calada, absorvendo as informações que a amiga estava lhe passando e colhendo algumas outras pela maneira que Manoela contava tudo. A partir de suas observações, Gizelly concluiu que aquela pessoa era muito importante para Manu e que a cantora tinha preocupações reais com toda a situação.

POV GIZELLY

"Manu, mas eu não sou advogada da vara da família," respondi quando ela terminou de contar tudo.

"Eu sei, Gi, mas você não tá entendendo o quão famoso ele é. A minha amiga está com medo real de tomar qualquer passo em relação ao divórcio e ele acabar descobrindo. Eu temo que ela não tenha coragem mesmo com você, que é alguém que eu disse ter extrema confiança. Ela não aceitaria com nenhuma outra pessoa."

Levei uma das minhas mãos até meus olhos, a dor de cabeça que ameaçava vir, finalmente veio.

"Eu queria ajudar, de verdade, mas não estou num bom momento..." comecei a falar e Manoela me interrompeu.

"Eu sinto que você não está bem mesmo, Gi. Eu te peço até desculpas por jogar tudo isso em cima de você e nem perguntar como você está depois de tanto tempo sem nos falarmos. Eu me deixei levar pela minha preocupação," Manu falou rapidamente. Eu sorri sozinha, me encostando no sofá e buscando uma posição mais confortável.

"Relaxa, tampinha. Eu conheço muito bem você, assim como você me conhece tão bem. E sim, eu ando meio mal por conta de um caso que eu perdi e ando meio perdida, essa é a verdade," me vi confessando em voz alta aqueles sentimentos que eu não havia nem ao menos confessado a mim mesma. Manoela tinha esse poder sobre mim, sempre teve. Poder de me fazer sentir tão segura, que eu acabava soltando tudo o que eu tentava manter guardado, sem nem perceber.

"Você é uma advogada incrível, Gi. E uma pessoa melhor ainda. Infelizmente a gente não vai ganhar sempre, mas isso não quer dizer que a gente não deu nosso melhor ou que a gente não deve se perdoar. E eu te conheço, você perdoa todo mundo, mas nunca se perdoa." Manu disse em sua voz serena. A garota tinha um dom de passar serenidade e verdade em suas palavras.

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