Maternidade

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18 de outubro de 2027

POV RAFAELLA

"Eu me sinto como uma orca encalhada," ouvi o resmungo de Gizelly e me virei na cadeira em frente ao espelho do quarto, onde me encontrava me maquiando para o dia.

Contive, com esforço, o riso que quis sair ao ver minha esposa tentar se levantar da cama, enquanto sua barriga de 9 meses de gravidez, claramente tornava a situação difícil. Obviamente, larguei o que estava fazendo, e portando um sorriso no canto da boca que não pude conter, tentei ajudar Gizelly em sua missão.

"Que sorrisinho é esse, Rafaella?" Gi falou irritada e eu juro que tentei ficar séria, mas acabei soltando a risada que estava presa. Isso fez ela desvencilhar das minhas mãos, que tentavam ajudá-la, e voltar a cair sobre a cama macia.

"Desculpa, meu amor," falei vendo seus olhos castanhos brilharem raivosos na minha direção. "Eu juro que não estou rindo, olha," falei, finalmente contento minhas emoções.

Não era que eu achasse engraçado a dificuldade da mãe do meu filho, mas era como Gizelly havia conseguido ficar ainda mais desajeitada e irritadiça durante a gravidez. E claro que isso é normal, mas os hormônios faziam Gizelly rir e chorar ao mesmo tempo às vezes, reclamar e agradecer numa mesma sentença e tudo era muito intenso, muito mais do que a minha havia sido. Era interessante ver a gravidez dessa nova perspectiva. E eu me sentia tão feliz o tempo inteiro, como se eu pudesse explodir a qualquer momento de felicidade. Gizelly estava absolutamente linda e radiante, gestando dentro dela, uma combinação minha e dela. Metade eu, metade ela. E só de vê-la, era impossível conter meus sorrisos.

"Você sabe bem que não estou rindo de você, meu bebê," falei levando as pontas dos meus dedos até o seu rosto, tirando alguns fios de cabelo que cobriam parte dos seus olhos. Isso fez a sua feição relaxar um pouco e ela suspirou, fechando os olhos.

"Eu sei que você acha engraçado que eu estou uma orca e não consigo levantar só," ela falou, pegando minhas mãos entre as suas, me fazendo sentar na cama ao seu lado. Eu aproveitei seu gesto para levar suas mãos até a minha boca, beijando delicadamente seus dedos.

Encarei seus olhos de maneira séria, porém carinhosa. Para ela levar a sério o que eu diria a seguir:

"Você está com nove meses de gestação, Gi, claro que você está maior. É o nosso bebê que está aí dentro," falei levando nossas mãos unidas até a sua barriga.

"Nosso segundo bebê," ela respondeu. Isso fez meu coração apertar de amor como de costume, e encarar seus olhos, com um sorriso tão largo quanto o que Gizelly brilhava em minha direção. Depois de anos, vê -la falar assim da Larissa ainda mexia comigo.

"Sim, meu amor, nosso segundo bebê. Apesar de que aos treze anos, Larissa anda rebelde demais para aceitar que a chamemos assim," falei suspirando, lembrando das últimas brigas que haviam ocorrido com a agora pré-adolescente.

"Ei," Gizelly me chamou, me puxando para que eu deitasse ao seu lado na cama, o que eu fiz, delicadamente. Me deitando um pouco mais acima que ela na cama, para que ela pudesse colocar seu rosto em meu pescoço, mesmo que com um pouco mais de dificuldade agora. Mas era o seu lugar favorito no mundo, afinal. Palavras dela.

Ela deixou alguns beijos na região, sabendo que isso sempre me acalmava. E eu suspirei, fechando meus olhos, sentindo meu corpo relaxar com aquele contato usual. Levei minha mão até o seu cabelo e comecei um cafuné suave, arranhando levemente seu couro cabeludo e sentindo os suspiros de satisfação da minha esposa em meu pescoço.

"A mini Rafa só está passando por uma fase de rebeldia, é bem normal na idade dela. Ela logo cresce de tudo isso," Gizelly falou em meu pescoço e eu apenas concordei com a cabeça, eu sabia disso, mas confesso que não via a hora do tempo passar. Era difícil ver minha doce bebê se transformar nessa bolinha de rebeldia.

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