72. Família

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POV RAFAELLA

Segurei Gizelly em meus braços enquanto ela exalava todos aqueles sentimentos contidos atravéz de um choro silencioso contra o meu pescoço. A cada palavra que ela falava, eu me via mais encantada pela essência daquela mulher. Gizelly me passava uma força e uma segurança indescritível e, mesmo eu sabendo de suas atribulações internas, ela sempre foi um ponto de apoio. Nesse momento, vendo ela falando sobre as suas inseguranças e sobre sua vida de maneira tão aberta, exposta, sensível, eu me senti ainda mais próxima a ela. Íntima.

A complexidade que ela temia me assustar, a tornou tão real e valente aos meus olhos. Minha mãe sempre disse que o amor é o manifesto mais puro e bonito da admiração. E meu Deus, como eu admirava essa mulher.

Quando ela se acalmou, ela continuou deitada em meu colo recebendo minhas carícias. Eu queria passar para ela tudo o que eu estava sentindo naquele momento. Mas era tanto. Era tão forte, que eu tinha medo até de assustá-la.

"Obrigada por me ouvir," ela disse de repente, me tirando dos meus pensamentos.

Sorri com suas palavras e levei minha mão direita até seu cabelo, o retirando gentilmente do seu rosto.

"Obrigada por compartilhar tudo isso comigo," respondi.

Ela se afastou de mim, mantendo no lugar a minha mão — que ainda estava no seu rosto — com uma das suas mãos.

"Eu precisava que você me visse inteira," confessou olhando para baixo.

Não deixei que ela desviasse o olhar de mim e levantei seu rosto levemente.

"Eu sei que você achou que eu podia me assustar, mas Gi, eu quero qu saiba que eu só consigo me sentir sortuda. Eu admiro muito a mulher que você é," falei aproximando nossos rostos. "E eu amo cada pedacinho docê," finalizei beijando sua boca.

Usei o sotaque mineiro mais forte porque sabia que ela gostava e ela reagiu imediatamente, me puxando para intensificar o beijo. Eu soltei uma risada com nossas bocas coladas por conta da sua intensidade e reação.

Estávamos tão imersas no beijo, nossas mãos nos lugares habituais — as minhas em seus cabelos e as dela acariciando minha cintura por debaixo da blusa — que nem estávamos reparando nas coisas ao nosso redor. Fomos espantadas, no entanto, com um grito agudo que fez a gente se separar rapidamente.

"Meu casal!" Manoela gritou.

Eu fiquei imediatamente sem graça, já Gizelly olhava para a nossa amiga com cara feia.

"Precisava desse escândalo, Maria Manoela?" Gizelly disse, brava.

"Primeira vez que vejo meu OTP se beijando, claro que precisava!" Manu respondeu rindo e ignorando o mau humor da minha namorada.

Levei minha mão até o braço de Gizelly e percorri ele algumas vezes, tentando acalmá-la. Ela me olhou sorrindo.

"O que diabos é 'oitipi'?" ela questionou tentando falar o que Manu havia dito anteriormente. Eu ri internamente para não deixá-la mais brava ainda.

"One true pairing, ou seja, minhas mães!" Manoela respondeu.

"É isso mesmo que significa, Rafa?" Gi me perguntou, desconfiada.

"Quase isso, bebê," confirmei rindo do bico que havia formado em seus lábios.

Conversamos mais um pouco, mas eu tinha que ir buscar Larissa, então não fiquei muito tempo. Apenas tempo o suficiente para marcarmos de fazer alguma coisa as quatro juntas no próximo dia, que felizmente, era um feriado e Larissa não teria aula. Eu já tinha programado de tirar um dia de folga e Manu e Gizelly disseram que fariam o mesmo. Não planejamos nada extravagante, apenas um dia no meu novo apartamento curtindo a companhia uma das outras.

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