116. Gestos simples

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POV GIZELLY

Apesar da minha pergunta anterior para Rafaella e da sua resposta - entusiasmada - e positiva, eu sentia que ainda precisava fazer algo a mais para formalizar aquele pedido, afinal eu não queria apenas passar o resto da minha vida com Rafaella, eu queria prometer meu amor, minha cumplicidade, minha dedicação e todo o restante - bom ou mal - que vem acoplado a isso. Eu queria ser sua esposa e que ela fosse a minha. E para isso eu precisava de um anel.

Depois daquela manhã na cama, onde promessas foram feitas, continuamos o dia como se nada tivesse mudado. Pois nada havia mudado, de certa forma. Ainda éramos Rafaella e eu, na nossa bolha completada por Larissa. Parte de mim achou que Rafa, apesar de ter me dito um sim empolgado seguido de muitos beijos e carícias, não havia realmente entendido o que eu havia pedido para ela.

Confesso que acabei passando a maior parte daquele dia distraída, repartida entre o êxtase do que eu planejava fazer e o nervosismo de talvez estar levando aquelas palavras mais a sério do que eu deveria. E se Rafaella realmente quisesse passar o resto da sua vida comigo, mas ainda não estivesse pronta para se casar novamente? E se eu estivesse lendo tudo errado? E se eu acabasse estourando aquela bolha?

"O que passa nessa cabecinha?" a voz suave e jocosa de Rafa surgiu atrás de mim e eu, por estar perdida em pensamentos - mais uma vez -, acabei por me assustar e com o movimento brusco e involuntário do meu corpo, acabei por deslizar a faca que usava para cortar legumes pelo meu dedo.

"Ai," acabei reclamando em resposta, rapidamente soltando a faca e tentando parar o fluxo de sangue que saia rapidamente pelo meu indicador esquerdo.

"Oh, meu Deus, amor! Me desculpa!" Rafa falou rapidamente, tomando minhas mãos com as suas e olhando rapidamente o dano que eu havia causado, antes de colocar minha mão em baixo da água corrente da pia. "Eu não queria te assustar!" Rafa continuava falando, arrependida, enquanto tentava fazer o sangue estancar.

"Não foi sua culpa, eu que estava distraída," tentei lhe assegurar enquanto soltava algumas reclamações de dor.

Os olhos verdes de Rafa deixaram pela primeira vez de encarar o meu ferimento e se voltaram para fixar nos meus. Sua expressão mostrava certa preocupação, que eu podia ver que ia além do pequeno corte em minha pele, que seria tratado rapidamente com um anticéptico e um band-aid. O que foi exatamente o que Rafa fez, sem manter nenhuma conversa séria, além dos pequenos comentários do tipo "isso pode arder um pouco" e mais algumas desculpas que eu insisti em dispensar.

Quando meu dedo já se encontrava envolto por um curativo amarelo dos Minions e eu já estava sentada ao lado de Larissa no sofá, enquanto Rafaella terminava de preparar o almoço, foi quando eu percebi que aquela rotina era tudo o que eu precisava. Que eu não tinha que ter medo algum de perguntar qualquer coisa para Rafa, porque mesmo se a resposta dela fosse negativa em relação a toda cerimonia formal de casamento e papéis e coisas legais, eu não me importaria. Enquanto acordássemos juntas na mesma cama, tão próximas que era difícil diferenciar qual membro pertencia a mim e qual pertencia a ela; enquanto dividíssemos o café da manhã entre brincadeiras, risos e às vezes até um certo mal humor matinal; enquanto compartilhássemos momentos juntas e nos cuidássemos como Rafa havia feito comigo naqueles gestos simples; enquanto tivéssemos tudo isso, para mim seria o suficiente. Com anel ou sem anel. A realização disso foi o suficiente para fazer com que toda a minha angústia sobre a minha proposta passasse. Mesmo que Rafaella não estivesse pronta para ser esposa novamente, eu tinha certeza que família já éramos há muito tempo.

"Que sorriso é esse? Você lembra que se cortou e que por isso eu provavelmente estou estragando a sua receita, certo?" Rafa perguntou, se sentando ao meu lado no sofá e pegando a minha mão com seu mais novo adorno amarelo. Eu ri do seu comentário, negando com a minha cabeça, enquanto permitia que ela checasse pela milésima vez o curativo.

"Eu te amo tanto que até a sua gororoba eu como feliz," respondi continuando a brincadeira e fazendo com que ela me olhasse com cara de ofendida.

"Que gororoba o que, Gizelly!" ela me brigou, surgindo do nada com um pano de prato em suas mãos, que usou para bater de leve na minha coxa.

"Eu gosto da sua gororoba, mamãe," Larissa soltou do meu outro lado, sem tirar muito da sua atenção da televisão, o que me fez rir ainda mais da expressão de Rafa e consequentemente, levar outro golpe com o pano de prato.

"É assim que a gente é tratada depois de passar a manhã queimando a barriga no fogão," Rafaella falou resmungando, enquanto voltava a se encaminhar para a cozinha, me fazendo rir ainda mais alto.

Depois do almoço, Larissa foi dar seu cochilo e eu tive que fazer um esforço tremendo para negar as investidas da minha namorada para acompanhá-la de volta até o nosso quarto.

"Você não pode fazer essas tais coisas depois, tudo o que eu queria era dormir agarrada com você agora," Rafa insistiu fazendo sua melhor cara de manha. O que me mexia de um jeito único normalmente, mas acompanhado da sua pouca roupa - apenas roupa íntima - e do seu cheiro de recém saída do banho, era golpe extremamente baixo.

"Eu prometi a Manu que ia lhe acompanhar hoje," voltei a usar a mesma desculpa que havia criado mais cedo. Manu ainda não sabia de nada, mas hoje teríamos uma tarde agitada de compras.

Rafaella soltou um barulho de frustração, deixando de secar seus cabelos com a toalha que tinha em mãos e a levando até o banheiro. Eu aguardei minha namorada continuar com a sua pequena crise de manha e não fiquei desapontada, quando Rafa saiu do banheiro e se jogou de costas para mim na cama, fingindo me ignorar, mas propositalmente angulando seu corpo de um jeito que ela sabe que mexeria comigo.

Foi minha vez de soltar um barulho de frustração, enquanto retirava o meu excesso de roupa e me jogava na cama atrás de Rafaella, colando meu corpo ao seu por trás.

"O que é isso? Eu pensei que você tinha coisas para fazer agora," Rafaella falou tentando manter sua voz séria, mas eu podia ouvir e sentir o seu sorriso de satisfação com a minha reação.

"Como se você não tivesse planejado isso, Rafaella," falei revirando os olhos ao mesmo tempo que levava minha mão para a sua cintura e meu rosto para o vão do seu pescoço.

Rafaella apenas soltou uma risada alta, enquanto ajustou seu corpo para que sua bunda encaixasse perfeitamente em meu centro e pegou minha mão da sua cintura para lhe abraçar completamente.

"Como se você estivesse reclamando," ela respondeu quando já estávamos completamente encaixadas e confortáveis uma na outra.

"Manu pode esperar até depois da nossa soneca," eu falei já sentindo o efeito do sono que não tardou a chegar.

Rafaella não respondeu, apenas deu uma risada baixa enquanto deixava um beijo em meus dedos, agora entrelaçado nos seus na sua frente e pressionava ainda mais a sua bunda contra mim.

"Você é maléfica," foi minha resposta ao calor que subiu o meu corpo com aquele seu último movimento.

"E você ama," ela retrucou.

"Muito," eu tive que concordar, deixando um ultimo beijo em seu pescoço antes de fechar meus olhos e me deixar relaxar completamente.

Qualquer coisa viraria segunda opção quando a outra era ter Rafaella em meus braços daquele jeito. Até mesmo o seu anel de casamento. Casamento... Eu mal podia esperar.


N.A.:

Olá, boiolinhas! Como estão?

Desculpem mais uma vez a demora, mas a minha vida anda a maior loucura. Eu me machuquei, então aproveitei que estou de atestado e decidi atualizar aqui. Espero poder voltar com outro capítulo mais rápido, mas não vou fazer promessas, porque infelizmente não estou podendo, porque o tempo anda curto.

Mas a passos de formiga, o final vem aí.

Espero que tenham gostado desse capítulo e até o próximo! Beijos!

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