89. Poucas Coisas

5.9K 685 163
                                    

POV GIZELLY

A viagem até Goiânia foi tranquila. Eu e Manu tiramos o tempo para conversar sobre nosso passado de maneira nostálgica, cantar canções da nossa adolescência e juventude, e conversar também sobre nossos planos futuros.

"Eu nunca te vi tão apaixonada, eu acho", ela comentou quando eu passei quase meia hora em um monólogo sobre meu namoro com Rafa.

"Eu nunca estive tão apaixonada", respondi simplesmente, enquanto dirigia e sorria pensando para onde eu estava indo.

"Vocês são duas 'cadelinhas', mas confesso que acho fofo demais. Sempre achei que Rafa merecia alguém melhor e depois da Gabi, você nunca mais teve nada sério", Manu falou, me fazendo encará-la rapidamente no banco do carona. Ela olhava para a janela enquanto falava. "Confesso que não achei que vocês fariam isso uma com a outra", ela disse se virando em minha direção e rindo. "Mas agora que aconteceu, eu também não me surpreendo."

"É? Por quê?" eu quis saber.

"Vendo vocês duas juntas, quer dizer, vocês três juntas... Dá certo."

Aquilo me fez sorrir, a gente realmente dava certo juntas. E eu mal podia esperar para criar raízes. Era estranho essa sensação. Tudo era muito novo ainda, mas ao mesmo tempo tão intenso, que eu não via a hora das coisas evoluírem entre a gente. Naturalmente é claro, mas evoluírem.

A viagem até Goiânia era de mais ou menos 20h, então eu e Manoela revezamos no volante e paramos no meio do caminho e dormimos no interior de Minas Gerais, antes de dar continuidade a nossa viagem. Chegamos em Goiânia eram um pouco mais de 12h de terça-feira e assim que cruzamos a entrada da cidade, eu mandei uma mensagem para Rafaella avisando da nossa chegada.

"Vocês devem estar super cansadas, então esperem que eu estou indo levar almoço pra gente."

Foi a resposta de Rafaella, eu sorri ao mesmo tempo que avisei Manu, que agora dirigia meu carro pelas ruas movimentadas da cidade.

"Que bom. Tô morrendo de fome mesmo. E quando chegar em casa, só quero tomar um bom banho e relaxar meu corpo", minha amiga falou cansada.

"Foi muito bom passar esses dias com você, amiga, mas confesso que quero o mesmo", respondi. Viajar de carro era ótimo, mas extremamente cansativo.

Assim que viramos na rua tão conhecida por mim, senti um alívio se formar em meu peito. Parecia mais real que nunca. Eu realmente havia empacotado toda a minha vida e me mudado para um outro estado. O que me surpreendeu, no entanto, é que entre o mix de sentimentos que eu sentia, nenhum deles era medo.

Manu estacionou na garagem que antes ficava vaga, e juntas, subimos boa parte das minhas coisas. O restante eu ia trazendo aos poucos, porque como Manu havia dito, estávamos realmente moídas das mais de 20h dentro daquele carro.

Eu havia acabado de sair do banho e vestir uma roupa leve quando a campainha tocou. Sorri aberto, sabendo que era Rafaella, e me apressei até a porta.

"Saudades, amor", foi assim que eu fui recebida quando abri a porta.

Os braços de Rafaella me envolveram e eu encaixei meu rosto em seu cabelo, sentindo seu cheiro. Esse "retorno" não era incomum para a gente, mas esse, em especial, tinha um gosto diferente. Me afastei para lhe encarar e a puxei de leve para dentro, ansiosa para colar minha boca na sua em um beijo de saudades.

"Vocês são lindas e tal, mas eu realmente estou com fome", a voz de Manu soou atrás de mim, fazendo a gente se afastar, rindo.

"Ótimo, porque eu acabei comprando comida demais", Rafa disse indo até a mesa e deixando as sacolas que ela tinha consigo.

ImpasseOnde histórias criam vida. Descubra agora