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POV RAFAELLA

Era um dia bonito de domingo. Eu e Larissa havíamos acabado de chegar da casa de minha mãe, onde havíamos almoçado em família. Era uma tentativa - que não funcionou muito bem - da minha mãe me animar antes da audiência.

Eu e Larissa estávamos deitadas em minha cama, onde na televisão passava um desenho qualquer que prendia totalmente a atenção de minha filha. Meus pensamentos voavam para longe, enquanto eu percorria meus dedos por seus cabelos castanhos.

No dia anterior eu tinha tido a última reunião com Estefano, meu novo advogado. Ele parecia confiante e tinha um ar de prepotência como se tudo fosse ser muito fácil. Tentei não me irritar com sua postura, e sim acreditar que aquilo me faria "vencer". Não que tivesse ganhadores nessa situação.

Ele havia me pedido praticamente as mesmas coisas que Gizelly pediu no início e agora ele tinha todas as informações, menos as fotos que Gizelly havia tirado de mim no dia que pedi divórcio ao Pedro. Essas eu nem ao menos tinha para dar e não sabia se queria também.

Passei o restante do meu domingo fazendo coisas rotineiras com Larissa e torcendo por uma ligação da minha advogada favorita. Mas essa não veio. Depois da vez que dormimos juntas em chamada, ela mal teve tempo de falar comigo cinco minutos por vez. Eu continuava entendendo, mas não ia mentir que sentia cada vez mais a sua falta.

Na segunda-feira, eu acordei mais cedo que o habitual. A verdade é que nem mesmo a presença de Larissa em minha cama fez com que eu tivesse um sono tranquilo. Muito menos um decente.

Sentei na cama, suspirando. Hoje o dia seria difícil, mas fiz o que sempre fazia em dias difíceis: me imaginei nessa mesma posição no dia posterior, sabendo que tudo já tinha passado. Tomei forças desse pensamento e fui começar o meu dia.

Me arrumei em roupas mais formais do que costumava usar e arrumei Larissa para o seu dia na escola, quando o horário já era apropriado. Tomamos café, escovamos nossos dentes e eu a levei até sua escola, antes de me dirigir até o Fórum.

Entrei no prédio e encontrei Manoela ali. Estranhei a presença da minha amiga, mas ela me sorriu e me deu um abraço apertado.

"Achei que ia precisar de apoio emocional," ela falou perto do meu ouvido e eu quase chorei. Estava com todos os meus sentidos a flor da pele. Apertei minha amiga em meus braços e controlei minhas emoções.

"Obrigada," falei assim que nos separamos. "Mas você não vai poder entrar, amiga."

"Eu sei. Mas vou estar aqui quando você sair," ela falou com finalidade. A puxei para um novo abraço. Como dizia a Gi, as pessoas deviam ser mais Manu Gavassi.

Estefano interrompeu nosso momento, se anunciando. Conversamos um pouco e ele disse que devíamos nos encaminhar para a sala de audiência pois a mesma começaria em alguns minutos. Manoela disse que ficaria ali a minha espera, mas eu reparei que ela parecia nervosa.

"Vai ficar tudo bem, amiga. Eu sei que vai," tentei acalmá-la.

Manoela riu, me olhando de um jeito intenso e doce.

"Você tentando me acalmar quando eu sei que esse é um dos dias mais difíceis da sua vida, é o que me faz pensar que você merece o mundo, amiga."

Sorrimos uma para a outra e eu me despedi, seguindo o meu advogado que parecia impaciente com a minha demora.

Nos encaminhamos até a sala de audiência e eu me sentei. Pedro ainda não havia chego, então éramos apenas eu, meu advogado e um funcionário.

Peguei meu celular para checar se Gizelly havia respondido a minha mensagem de bom dia, mas o aparelho mostrava que ela não visualizava o aplicativo de mensagens desde de madrugada.

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