99. Rafaella ???

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POV GIZELLY

Semanas se passaram e Rosana pareceu levar a sério as minhas palavras, porque a mídia tinha dado um tempo de falar de Rafaella e já estava agora no outro assunto do momento. As coisas não estavam exatamente melhores para ela, mas ao menos não estavam piorando.

Eu mantinha a minha rotina semanal de trabalho no meu novo escritório, onde já havia conquistado alguns clientes e revesava entre o apartamento de Manoela e Rafa. Sendo honesta, a maioria dos dias eu acabava ficando com Rafaella, pois reparava Larissa quando era necessário e também porque sabia que minha namorada estava precisando de cuidados e me sentia bem em fornecê-los.

Era horário de almoço e eu havia voltado até o apartamento de Manu para comer com a minha amiga e também pegar algumas coisas, pois pretendia ir ficar com Rafa o final de semana e só voltar na segunda-feira.

Manoela não se incomodava com o fato de eu quase não passar mais tempo no apartamento que dividiamos, pois ela sabia da situação de Rafa e de como era importante o apoio que eu estava oferecendo a minha namorada, não só com Larissa, mas principalmente emocional. No entanto, era importante para mim tirar um tempo com a baixinha, pois ela também era essencial para mim e, honestamente, meu ponto de equilíbrio.

"Como estão as coisas com a Rafa? Eu liguei para ela no início da semana, mas não tivemos muito tempo para conversar direito," Manu falou na mesa da cozinha, enquanto dividiamos a comida que eu havia levado comigo. Suspirei, pensando em como as coisas não andavam nada fáceis para Rafaella. "Tão ruim assim?" Manu concluiu da minha reação e eu concordei com a cabeça, mexendo a comida do meu prato de um lado para o outro, sem realmente comer nada.

"A vida profissional dela está caótica faz quase um mês e meio e ela anda sem perspectiva de algo mudar," revelei. "Marcella pensou na possibilidade de elas irem para São Paulo buscar outras oportunidades em um lugar que não seja tão mente fechada como Goiânia, mas Rafa não quer levar Larissa para longe da família dela."

Eu e Rafa havíamos conversado diversas vezes sobre a mudança. Eu sabia que Larissa não era a única coisa que fazia ela rejeitar a ideia. Rafaella não queria ficar longe dos seus pais e irmãos e eu sabia que eu pesava nessa decisão também. Afinal eu acabara de mudar toda a minha vida para cá e já estava me restabelecendo. Mudar seria realmente complicado, mas eu faria isso por ela. Ela sabia que eu faria, mas nunca me deixava falar isso. Sempre fugia do assunto quando eu tentava iniciá-lo.

"Ela se preocupa com o seu escritório novo também. Com o fato de você ter que mudar mais uma vez," Manu concluiu sem eu nem mesmo falar nada e a minha reação foi revirar os olhos e me encostar na cadeira de maneira confortável, largando o talher sobre o prato, admitindo que eu não comeria mais nada.

Acabei sorrindo para a minha amiga de maneira orgânica. Era incrível ter alguém que te conhecia tão bem daquela forma. Manu me lia como um livro aberto e no lugar de eu me sentir invadida, eu me sentia conectada. A nossa ligação era linda e eu não poderia demonstrar a minha gratidão por tê-la em minha vida.

"Ela não me deixa ter essa conversa com ela," admiti, deixando transparecer minha frustração para a minha amiga. "Você sabe que deu ruim a minha primeira conversa em mudar minha vida toda para Goiânia, então eu estou tentando não colocar mais estresse nela e deixá-la decidir sozinha. Mas é complicado, porque eu acho que a Marcella tem razão."

"Tente ser paciente com ela, Gi. A Rafa tem um cabeção e por isso demora mais tempo para processar as coisas," Manu tentou me fazer rir um pouco e conseguiu. Brincar com o tamanho da cabeça de Rafa era algo habitual entre nós três, então a brincadeira sem maldade me fez relaxar um pouco.

Eu e Manu passamos o restante do meu tempo de almoço conversando bastante, não só sobre Rafa e Larissa, mas sobre nossas próprias vidas e carreiras. Era como se estivéssemos nos atualizando uma da vida da outra, ao mesmo tempo que relaxando e aproveitando a companhia. Quando deu a hora de voltar para meu escritório, eu abracei Manu apertado e falei que se ela estivesse livre naquele final de semana, era para marcarmos de fazer algo com Larissa, pois sabia que a menina adoraria. E assim, com um até logo, nos despedimos.

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