7. Boas amigas

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POV RAFAELLA

Esse estava sendo um dia difícil para mim. Primeiro eu tinha tido uma discussão feia com Pedro, que decidiu de última hora que queria que eu e Larissa aparecessemos em uma espécie de documentário da turnê dele que estavam gravando. Fiquei com um ódio tremendo de toda a encenação que ele queria fazer para parecer bom pai e marido diante das câmeras.

Depois disso, recebi uma ligação de Manoela, pedindo para eu ir buscar a amiga advogada dela no aeroporto. Ela mesma iria, mas recebeu um convite para gravar uma versão especial de "boa memória" com LUAN SANTANAAAAA. "Surtamos" muito no telefone antes de eu concordar prontamente que buscaria Gizelly no aeroporto.

Mas claro, como aparentava, aquele dia não estava sendo para mim. Poucos minutos antes de sair de casa para ir até o aeroporto, recebei uma ligação da professora de Larissa perguntando se eu podia comparecer na escola. Eu nem lembro muito bem as palavras da mulher, porque entrei no modo mãe superprotetora e já saí correndo até lá.

Foi incrivelmente difícil para mim deixar minha filha ali, mesmo sabendo e garantindo que tudo não tinha passado de leves arranhões. Mas a professora tinha razão quando me disse que era melhor eu deixá-la na escola para ela ir aprendendo a lidar com situações como aquela.

Quando saí da escola de Larissa, peguei meu celular e me assustei com a hora. Eu estava quase uma hora atrasada para buscar Gizelly no aeroporto e fiquei horrorizada e envergonhada. Liguei na hora para a mulher, - Manu havia me passado seu contato -, e me expliquei. Mesmo ela parecendo ter entendido, eu ainda estava envergonhada. A mulher veio apenas para me ajudar e eu dou uma mancada dessas.

Dirigi o mais rápido que eu pude sem quebrar (muitas) leis de trânsito e quando cheguei no aeroporto, fui buscando a figura da mulher no local onde havíamos combinado. Não demorou para encontrá-la, já que eu sabia como ela aparentava por conta de algumas fotos dela e de Manu juntas que vi no Instagram da Manoela.

Estacionei na sua frente. Abri o vidro do carro para que ela pudesse me ver e para confirmar se era ela mesmo. Saí do carro para ajudá-la com as malas e pude jurar que ela me analisou de ponta a cabeça, mas não pensei muito naquilo. Eu também tinha feito isso com ela. Era normal, eu acho.

O caminho até o centro, onde Manu estava ficando na cidade, foi silencioso. Confesso que era minha culpa. Eu estava ainda presa na minha briga com Pedro e também pensando como estaria Larissa.

Subimos até o apartamento e eu decidi que iria ficar um pouco por ali. Primeiro que seria rude simplesmente ir embora, segundo que eu não queria voltar para casa ainda e terceiro que eu havia ficado curiosa com Gizelly, porque ela parecia conhecer Manu tão bem quanto eu. Quem sabe até um pouco mais?!

Perguntei se ela queria café, já mexendo na cozinha que para mim já era familiar. Ela aceitou e acabamos tendo uma interação que me fez rir e por alguns minutos esquecer de todos os meus problemas.

Sentada na bancada da cozinha de Manoela, dividindo café com a advogada, eu me vi me sentindo um pouco mais leve. Gizelly tinha uma áurea leve. Falava de assuntos com paixão ao mesmo tempo que sempre dava um jeito de encaixar uma brincadeira ou outra na conversa.

Manu havia me dito que parte do motivo de Gizelly ter aceito vir para Goiânia e pegar meu caso era porque a mulher estava passando por uns momentos difíceis e que seria bom para ela também se afastar um pouco de Vitória. Mas olhando agora pra Gizelly, eu não conseguia ver isso. O sorriso em seu rosto parecia genuíno, assim como um leve brilho em seus olhos castanhos.

"Você é muito engraçada, Gizelly," comentei depois que ela terminou uma história de infância dela e da Manu, onde as duas lideravam um "clube" no antigo chiqueiro atrás da casa da avó dela.

"Espero que as minhas palhaçadas não te façam desacreditar de mim como advogada," falou em um tom brincalhão, mas eu pude ver pela primeira vez desde que a nossa conversa começara, que a preocupação de Manu era sim válida.

Vi que por trás daquela pergunta existia uma sombra de insegurança.

Sem pensar muito bem sobre meus gestos, toquei o braço de Gizelly e ofereci a ela um sorriso sincero.

"Claro que não, Gi," me arrisquei no apelido que havíamos trocado mais cedo. "Por tudo o que eu já ouvi de você, já te acho incrível e mesmo se não soubesse, eu nunca julgaria seu lado profissional por quem você é como pessoa."

Ela me encarou um tempo com o rosto com uma expressão que eu não consegui ler e eu me perguntei se tinha agido certo. Será que eu havia falado algo errado?

Antes de eu começar a pedir desculpas, eu vi um sorriso se abrir no rosto dela.

"Obrigada, Rafa. Você sem nem saber falou palavras que eu precisava ouvir," ela disse e eu retribuí o sorriso, me sentindo aliviada.

Naquela breve interação, percebi que por trás da máscara calma e alegre, Gizelly era muito mais complexa. Acho que seremos boas amigas.

Nota da autora:

"Amigas" kkkkkkkkk

Não me odeiem, mas como eu falei a Rafa tá na bolha dela ainda. Mas queria um capítulo para vocês verem como a Rafa está vendo tudo.

Obrigada pelos comentários, vocês fazem tuuuuudo ♥️

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