POV GIZELLY
Voltei para o apartamento da Manu aquela noite em silêncio. Minha amiga, como sempre, respeitou meu espaço e apenas me deu um abraço apertado antes de me desejar boa noite. Me arrumei para dormir com os pensamentos em Rafaella. Eu estava sim magoada com os acontecimentos daquela noite e odiava mais que tudo não poder conversar com ela. Dormir sabendo que não estávamos bem era difícil para mim.
Fechei meus olhos e rolei na cama. No meio da madrugada, quando o sono não veio, as inúmeras possibilidades inundaram minha mente. O fantasma da insegurança mais uma vez me pegou pelos dedos e eu chorei, pensando que a felicidade que eu finalmente encontrei, seria mais uma vez efêmera, momentânea.
Só dormi quando o cansaço gritou mais alto que minhas batalhas internas e não tive um sono tranquilo. Acordei me sentindo pior que no dia anterior.
Manoela me ofereceu uma xícara de café e um sorriso pequeno na cozinha quando sai do meu quarto. Retribuí com um sorriso amarelo e agradeci.
"Você quer conversar?" ela ofereceu em seu tom gentil.
Deixei minha xícara sobre o balcão e suspirei, passando minha mão pelos meus cabelos ainda molhados do banho.
"Não saberia nem o que te dizer, Manu", foi minha resposta.
"Desculpa se minhas brincadeiras acabaram causando algum mal estar entre vocês", minha amiga disse e isso me fez encará-la rapidamente.
"Não, Manu. Não teve nada a ver com suas brincadeiras, não se preocupa. A gente já não estava muito bem, só não queríamos estragar sua noite", acabei confessando e vi que ela ficou triste com essa informação.
"Eu não sei o que houve e entendo se você não quiser falar sobre o assunto. Seu coração é lindo, Gi. O da Rafa também. O bem que vocês se fazem enche os olhos de qualquer pessoa, juro. O que quer que tenha acontecido, conversem que eu sei que tudo vai se resolver."
Sorri com sinceridade para as palavras honestas de Manu. Eu acreditava naquilo também, mas no momento eu estava machucada demais para abrir a porta para aquele diálogo. Me sentia exposta, vunerável. Rafaella conhecia todos os meus cantos escuros e reservados e eu sentia o pavor de que, mesmo com suas palavras anteriores de reconforto, agora ela sentisse que não daria conta. Que minha bagagem era pesada demais.
"Espero que sim", respondi, afinal era realmente tudo o que eu queria.
Depois do café, passei a manhã tentando fazer alguma coisa produtiva no trabalho, mas sem muito sucesso. Em algum momento, Manoela bateu na minha porta avisando que sairia para se encontrar com seu editor, por isso, quando ouvi a campainha, revirei os olhos sabendo que teria que atender alguém e não estava nem um pouco afim disso.
Levantei da minha cadeira de maneira lenta e caminhei sem muita vontade até a porta. Imaginei que fosse alguma vizinha ou alguém da portaria, mas me deparei com os olhos verdes que não saíram um segundo sequer da minha mente.
"Rafa", falei surpresa. Juro que não imaginei que seria ela na porta.
"Ei", ela falou timidamente. "Posso entrar?"
"Claro", falei me dando conta de que a estava encarando sem me mover.
Abri espaço para que ela entrasse e fechei a porta. Meu coração batia acelerado. Não sabia o que daria daquela visita.
Ela se virou pra mim e suas mãos estavam inquietas, mexendo uma com a outra. Senti um frio percorrer minha espinha. Era tão estranho vê-la desconfortável assim na minha presença. Todos os tipos de pensamentos ruins invadiram minha cabeça e senti que a qualquer momento o ar me faltaria.
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Impasse
FanfictionGiRafa AU (Universo Alternativo) Sinopse: Rafaella era uma influecer de 25 anos, casada com um cantor sertanejo de sucesso chamado Pedro Neto. Os dois se casaram quando ela tinha 20 anos e juntos tinham uma filha de 3 anos chamada Larissa. Apó...