87. Melhor lugar do mundo

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POV RAFAELLA

Estar bem com Gizelly novamente era uma sensação que eu não deixaria de valorizar, agora que eu sabia como era horrível ficar sem. Eu estava mesmo tentando trabalhar em mim a minha comunicação e, nas pequenas coisas, tentando dialogar sempre que possível.

Eu e Gizelly havíamos conversado mais sobre a mudança dela de cidade e decidimos que faríamos tudo devagar. Ela colocaria seu apartamento em Vitória para alugar e dirigiria pra Goiânia com seu carro em algumas semanas. Em relação ao escritório, ela havia falado com as amigas sobre a mudança e elas ficaram tristes, mas ao mesmo tempo felizes por Gizelly ter conhecido alguém. Ela continuaria morando com Manu enquanto a nossa amiga ainda não tivesse que voltar para São Paulo e Marcella ia ajudá-la a arrumar um lugar pra ela montar seu novo escritório na cidade.

Tudo parecia estar dando certo finalmente. Eu havia conversado com ela sobre as minhas inseguranças em me assumir, mas não havia falado nada sobre perder contratos, porque não queria que ela achasse que eu a culpava ou algo assim. Gizelly, como sempre, foi super compreensiva e me disse que não precisávamos apressar nada. Eu queria muito contar para a minha família, no entanto, mas decidimos juntas que seria melhor esperar a conclusão do meu divórcio.

Aquele era um sábado que tinha se tornado comum para Gizelly e eu. Ela estava deitada no futon na sacada com Larissa apoiada com a cabeça em seu braço, enquanto Gizelly lia para ela. Essa cena podia até ser corriqueira, mas enchia meu peito de amor todas as vezes. Elas haviam criado uma relação tão adorável que era impossível eu não morrer de amores.

"Deita com a gente, mãe", Larissa me chamou assim que me avistou na porta da sacada.

Gizelly desviou seus olhos do livro até mim e sorriu. Eu estava as observando com uma xícara de café nas mãos, mas larguei o utensílio na mesa externa e fui me juntar às duas. Minha namorada abriu os braços pra mim e eu me aconcheguei onde ela me ofereceu.

"O que vocês estão lendo?" perguntei tentando olhar o livro nas mãos de Gizelly.

"Príncipe pequeno", Larissa respondeu rapidamente, fazendo Gizelly rir.

"Pequeno príncipe, bebê", Gizelly corrigiu, passando sua mão livre pelos cabelos de Lari.

"Ah, eu amo esse livro. Continua", pedi.

Gizelly se ajeitou para conseguir pegar o livro e continuou a leitura em um tom de voz baixo, apenas alto o suficiente para a escutarmos. Foi assim que passamos o final da tarde. O sol brilhava num céu azul com poucas nuvens e a brisa leve nos tocava. Eu jurei que não tinha algum lugar melhor no mundo.

Larissa dormiu no meio da leitura e eu olhei pra Gizelly, sorrindo.

"Acho que alguém dormiu", falei fazendo ela parar de ler e olhar para Lari que dormia um sono tranquilo com a cabeça apoiada na barriga de Gizelly, encolhida em uma "bolinha" como ela gostava de dormir.

Gizelly riu baixo, tentando não se mover muito. Ela ia deixar o livro de lado quando eu a impedi.

"O que?" ela perguntou, divertida.

"Continua", pedi, sem graça.

Ela riu mais uma vez e me beijou a testa.

"Claro, amor", falou pegando o livro e voltando de onde tinha parado.

Eu encaixei meu rosto em seu pescoço e fechei os olhos, sentindo seu braço me apertar contra ela pela minha cintura, enquanto ela apoiava o livro sobre seu peito com a outra mão.

"Não lhe direi as razões que tens para me amar, pois elas não existem. A razão do amor é o amor", Gizelly parou de ler de repente e eu me afastei para poder encará-la.

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