40. Mini Rafa

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Rafaella chegou rapidamente na escola integral da filha. Não era muito longe do centro de Goiânia, já que Rafa queria que fosse perto do seu trabalho quando estivesse na cidade.

Ela esperou um pouco ainda até que a turma de Larissa fosse liberada e assim que o grupo de crianças começou a sair em conjunto, a influencer apenas aguardou ser reconhecida. Não demorou muito para ouvir um grito animado de sua filha. Sempre que podia buscar a menina na escola, era recebida desta maneira, e a mineira amava cada minuto disso.

Rafa pegou Larissa em seu colo, enchendo o rostinho da menor de beijos.

"Como foi o seu dia, bebê?" perguntou, animada.

"Muito bom!" a menina respondeu, se alongando na primeira palavra, o que fez Rafa rir.

"Ótimo! Agora vai ficar ainda melhor," a mãe prometeu.

"Como assim?" Larissa quis saber, seus olhos grandes e curiosos.

"Vamos comer lasanha com a Manu e a Gi," Rafa respondeu e esperou a reação, que claro veio como um grito agudo que acabou fazendo a mulher fechar os olhos de dor. "Imaginei que essa seria a reação," disse rindo e ignorando os olhares ao seu redor.

Caminhou até o carro em uma conversa animada, mas antes de poder entrar no carro, foi interrompida por uma presença indesejada. Pedro estava escorado no carro. Ele tinha uma pose despojada e despreocupada com seu fiel chapéu na cabeça e óculos escuros. Rafaella suspirou. Hoje não.

"Papai!" Larissa gritou animada, se mexendo no colo da mineira para se libertar. Rafaella deixou a filha no chão com cuidado, que prontamente correu em direção ao pai. 

"Oi, filha," Pedro se ajoelhou para pegar a menina nos braços e Rafa pode ver o sorriso cínico se formar em seu rosto. Aquilo a irritou infinitamente.

Ela se aproximou dos dois e ficou de lado, esperando o cumprimento entre pai e filha terminar.

"Eu vim buscá-la para passar o final de semana comigo na fazenda de meus pais," Pedro disse assim que se levantou e encarou Rafaella.

"Não," foi a resposta curta e grossa da mineira.

"Ela também é minha filha, Rafaella," ele falou tirando os óculos e a encarando com raiva. Aquilo não a intimidaria.

Rafa ignorou o homem a sua frente e se ajoelhou para ficar na altura da filha. 

"Lari, mamãe vai pôr você na cadeirinha no carro e colocar um vídeo no celular enquanto conversa com seu pai sobre coisas de adulto, ok?" a menina concordou, claramente confusa com o que estava acontecendo.

Depois de fazer exatamente o que prometera, puxou Pedro para a parte traseira do carro, onde estaria longe dos olhos e ouvidos da filha.

"Você teve duas semanas para pedir para vê-la, Pedro. Eu te falei desde o início que não queria que vocês se afastassem, porém você tem que avisar antes, não simplesmente aparecer aqui na escola dela," a mulher tentou se manter calma, afinal não queria fazer um escândalo na frente da escola.

"Eu não preciso da sua autorização para ver minha filha," no tom de voz dele estava claro que ele só estava fazendo aquilo por pura picuinha. Estava provocando e querendo briga.

"Não é questão de autorização, é questão de não bagunçar com a rotina dela, não confundir a cabecinha dela mais do que já está confusa. Você não pensa nisso? Não pensa em como suas atitudes podem prejudicar a vida da nossa filha?" Rafaella falou num misto de raiva e tristeza. Como alguém podia ser tão alheio as coisas? Ela se recusava a acreditar que ele fosse apático.

Os olhos de Pedro suavizaram e a mulher soube que o havia tocado com suas palavras.

"Está sendo horrível ficar sem vocês," ele disse.

Claro que ele viria com uma dessas, ela pensou. Típico.

"Olha, Pedro. Aqui não é hora nem lugar para esse tipo de conversa. Na verdade, já tivemos essa conversa e eu não quero tê-la de novo. Eu te peço mais uma vez que respeite minhas escolhas e que se quiser ver Larissa, que avise antes para podermos organizar. Agora eu tenho que  ir," falou com finalidade, indo em direção a porta do motorista. Quando viu que o homem havia ficado parado, se virou com um suspiro cansado. "Dá tchau para sua filha," pediu.

Pedro a encarou sério por algum tempo e depois se dirigiu até a porta traseira do carro e a abriu. Se despediu rapidamente de Larissa e sem olhar para Rafaella, fechou a porta e foi para seu carro.

Rafa controlou seus sentimentos um pouco, antes de entrar no carro e se virar em direção a filha com um sorriso no rosto.

"Pronta para ir ver tia Manu e Gi?" Ela perguntou e aquilo trouxe animação de volta ao rosto da pequena.

"Sim!" foi a resposta.

POV RAFAELLA

Chegamos no apartamento e eu tentei disfarçar que meu humor não estava dos melhores, afinal não queria estragar a noite que Gizelly estava preparando com tanto carinho.

Assim que entramos, ela nos recebeu com abraços e disse que Manu estava no banho. Prontamente, Larissa foi para o seu lado e começou a contar tudo sobre o seu dia, falando a mil por hora como uma criança animada. Gizelly a pegou nos braços e a colocou sentada sobre o balcão da cozinha, longe do fogo.

"E você sabia todas as músicas?" Gizelly perguntou depois que Larissa terminou seu grande monólogo, se fazendo de impressionada.

Apesar do meu humor abalado, eu não consegui deixar de sorrir para cena.

Me aproximei das duas e Gizelly me olhou sorrindo, enquanto minha filha agora listava todas as músicas novas que havia aprendido naquela tarde. Retribui o sorriso de Gizelly e uma vontade enorme de estar em seus braços me tomou. Essa era uma das novidades em minha relação com a advogada. Gestos simples e pequenos como aquele me dispertavam desejos malucos. Ou não tão malucos assim.

"Meu pai veio me visitar depois da escola também," ouvi Larissa dizendo e aquilo me fez sair do meu transe.

"Foi mesmo, bebê?" Gizelly perguntou em uma voz falsamente animada, mas que passou despercebida pela minha filha.

Seus olhos foram rapidamente até mim e eu apenas neguei com a cabeça. Eu sabia que ela estava me perguntando com eles se algo tinha acontecido.

"Ele queria que eu fosse pra fazenda, mas mamãe disse que eu vou outro dia," Larissa continuou. "Eu fiquei feliz, porque queria vir pra cá comer lasanha."

Aquilo fez eu e Gizelly rirmos.

"Ah, então o seu interesse é só na lasanha. Assim você parte meu coração, mini Rafa," a advogada fingiu tristeza usando o apelido que dera a Larissa.

"Naaaaão, Gi!" minha filha respondeu, esticando os braços na direção da mulher que se aproximou para que Larissa não acabasse caindo do balcão na tentativa de alcançá-la. "Você e Manu também," ela finalizou quando as suas duas mãos seguravam o rosto de Gizelly.

"Agora sim," Gizelly falou rindo e deixando um beijo na bochecha da menina antes de se virar para mim com um sorriso gigante nos lábios.

Ainda assim, eu sabia que seu sorriso não poderia ser maior que o meu naquele momento.

Notas da autora:

Eu quero explodir de amor!!!

Oi, girafinhas! Como estamos?

Eu queria avisar que tô com uma dor chata na mão e por isso não vou forçar muito hoje, ok? Me perdoem!


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