19. Por que não?

7.5K 630 445
                                    

POV GIZELLY

O evento estava realmente incrível. Eu não costumava muito sair para festas ou coisas grandes nesse estilo, muito menos ficar em área VIP cercada de gente famosa, então estava me encantando com tudo. Rafaella estava linda de morrer aquela noite e a minha nova missão de não encará-la com olhos de atração, estava se provando ser bastante difícil.

A mulher recebeu eu e Manu super bem e ainda nos apresentou a alguns colegas, tentando nos fazer sentir a vontade, o que eu agradeci. Manu já conhecia alguns, mas não parecia ser muito íntima de ninguém e acabamos ficando mais separadas do grupo de influencers. Rafa, no entanto, se mantinha perto da gente o tempo que podia.

Eu, como a mão de vaca assumida que sou, estava amando não ter que pagar pela minha própria bebida. Ainda tinha comida de graça naquela área. Aquilo era um sonho?

Manoela ria de mim enquanto eu elogiava a comida.

"Mesmo se tivesse ruim, ia tá bom. De graça é de graça!"

"Gizelly, você não muda nunca, amiga!" Manu disse rindo do exagero de comida que eu tinha servido em um prato.

"Mudar pra quê? Eu ein, Manoela!" respondi provando um salgadinho que eu não sabia o nome. "Isso é bom, o que que é?"

"Mini quiche," respondeu uma voz atrás de mim e eu quase me engasgo de vergonha. Era Rafaella e eu estava com a boca cheia de salgadinho, parecendo uma morta de fome. Manoela, é claro, morria de rir da minha situação.

Rafa entrou no meu campo de visão e me ofereceu um lencinho ao mesmo tempo que levou sua mão até minhas costas dando tapas leves. Ela tinha um sorriso gentil nos lábios, ainda que aparentasse estar segurando o riso.

"Obrigada," agradeci a ela e também a comida, por ter descido pela "encanação certa". Com certeza minhas bochechas estavam coradas. "Você já pode parar de rir, Manoela!" falei jogando um lencinho amassado na direção da minha amiga.

"Eu falei pra você comer devagar," foi a resposta dela e eu revirei meus olhos.

"É que tá gostoso e a Rafa me assustou," tentei me defender.

"Ah, agora a culpa é minha?" disse a influencer rindo. Fiz a minha maior cara de cínica e concordei com a cabeça. "Pois agora você tem a obrigação de dividir essa comida comigo," ela disse pegando um dos salgados do prato e colocando na boca.

Eu sei que ela estava tentando me provocar de brincadeira, mas eu vacilei um pouco na minha missão de não olhá-la com outros olhos, porque segui todo o movimento do salgado até seus lábios. E quando ela fechou os dentes sobre a comida, continuei observando o movimento de sua boca. Por Deus...

Senti uma pressão forte sobre a minha perna que me fez pular levemente, assustada. Olhei para o lado e Manu me olhava com os olhos arregalados. Acho que estava encarando de novo.

"Tá tudo bem?" Rafa perguntou rindo e algo em seu rosto me fez perceber que ela sabia muito bem o que estava acontecendo. Mais uma vez concordei com a cabeça e peguei minha cerveja para distrair da situação.

Manu puxou um assunto qualquer com Rafa e eu agradeci minha amiga internamente. Eu estava resistindo encarar Rafaella muito bem durante aquela semana, mas hoje estava se provando difícil. Primeiro porque ela estava simplesmente deslumbrante, segundo porque o álcool me tirava parte do controle.

Quando minha cerveja acabou, pedi licença para as meninas e fui até o balcão pegar uma nova. Tinha um pouco de gente ali, então tive que esperar minha vez. Aproveitei para me apoiar na bancada e olhar ao redor da área VIP. Era uma área grande ao lado direito do palco onde estavam acontecendo os shows, — no momento, um DJ tocava um mix de músicas de sucesso, enquanto a próxima banda se organizava para entrar. No espaço, tinham dois bares — um para drinks e outros para bebidas embaladas —, uma parte com mesas onde ficava um bufê disposto e uma área live, mais próxima ao palco, onde a maior parte das pessoas estavam concentradas.

Manu e Rafa conversavam em uma das mesas próximas a essa área livre. Elas pareciam rir de alguma coisa. Atrás delas, as pessoas da área VIP se dividiam em alguns grupos e sobrava bastante espaço para a circulação. Em resumo, tinha bastante gente, mas não o suficiente para se tornar sufocante. Estava confortável.

"Acho que é sua vez," senti uma mão tocar meu braço e me assustei um pouco, me virando na direção da pessoa. "Desculpa, não quis te assustar," disse uma mulher loira que sorria gentilmente.

"Sem problemas, só estava distraída observando," respondi sem graça.

"Você chegou antes de mim, então achei educado te falar que é sua vez," ela disse e eu concordei.

"Obrigada," falei me virando para o atendente que agora estava livre, apenas esperando perdemos algo. Percebi que o balcão havia esvaziado e só estávamos eu e a outra mulher alí. "Uma Brahma, por favor," pedi.

"Duas," a mulher disse ao meu lado.

Quando o rapaz foi em direção ao freezer para buscar nosso pedido, eu me virei para mulher ao lado, que me encarava ainda com o sorriso no rosto. Achei estranho, mas não desviei o olhar.

"Fernanda," ela disse oferecendo sua mão para mim. Imaginei que estava se apresentando.

"Gizelly," respondi pegando em sua mão.

Ela ia falar alguma coisa quando fomos interrompidas pelo rapaz trazendo nossas cervejas. Eu o agradeci pegando a minha e ela fez o mesmo. Estava pensando se eu devia dizer alguma coisa antes de voltar para a mesa com as meninas, quando ela foi mais rápida:

"Está sozinha, Gizelly?" perguntou dando um gole em sua cerveja.

"Com as minhas amigas," disse indicando a direção que as meninas estavam em um movimento de cabeça.

"Será que eu posso te fazer companhia mesmo assim?" ela respondeu me olhando intensamente e eu sabia exatamente a companhia que ela queria me fazer.

Analisei rapidamente a situação. Ela era muito bonita, eu estava solteira, era uma boa distração a minha atração infundada em Rafaella e eu não tinha nada a perder.

"Claro, por que não?" respondi. "Deixa eu só ir falar com as minhas amigas um instante."

"Ok, te espero aqui."

Notas da autora:

Hummmmmm

ImpasseOnde histórias criam vida. Descubra agora