POV RAFA
Passei a manhã e o início da tarde inteira em reunião, arrumando minha a agenda e discutindo sobre novos e antigos trabalhos. Quando deu 16h, já me vi feliz porque teria tempo de passar no apartamento de Manu para tomar café com Gizelly.
Dirigi com calma através do curto caminho do escritório da minha assessoria até o apartamento de minha amiga. Passei o dia com a mente ocupada e nem tive tempo de pensar em Pedro, e agradeci por isso. Às 18h teria que buscar Larissa na escola, mas ainda tinha tempo o suficiente para as minhas conversas habituais com a advogada.
Assim que cheguei no prédio, subi diretamente para o oitavo andar e toquei a campainha. Mesmo que eu tivesse a chave, não gostava de usá-la, afinal a casa não era minha. Esperei um tempo longo e nenhuma resposta. Estranhei, afinal Gizelly sempre estava ali aquela hora. Já ia tocar a campainha novamente quando a porta foi aberta por Manu.
"Que cara é essa?" falei logo preocupada. Manu tinha uma feição abatida e cansada.
Ela abriu mais a porta, me dando passagem, ainda sem falar nada e eu entrei. Deixei minha bolsa sobre a mesa e olhei preocupada para minha amiga que caminhou até o sofá, se sentando no mesmo.
"Vem aqui e não faz barulho," ela disse em um tom de voz baixo e eu fiz o que ela me pediu, me sentando ao seu lado.
"O que houve, Manuzinha?" eu estava mesmo preocupada. Raras foram as vezes que vi Manu em situações similares aquela.
Manu fechou os olhos e jogou seu corpo contra o sofá num ar cansado.
"Eu estou bem, Rafa," ela disse abrindo os olhos e virando seu rosto em minha direção. "A Gi que não está muito bem e eu estava até agora tentando acalmá-la," falou em quase um sussurro e eu pude ver que ela segurava o choro. "Nunca vi minha amiga assim. Eu sabia que ela estava mal, mas não achei que tanto."
Aquilo fez meu peito apertar. Primeiro que era visível a aflição de Manu e segundo que eu me preocupei imediatamente com Gizelly.
"Mas o que houve?" perguntei me aproximando do corpo de Manu no sofá e pegando sua mão.
"Eu não sei. Ela chorava tanto que não conseguiu me dizer nada. Então eu só abracei ela e deixei ela chorar. Quando o choro diminuiu, ela ficou calada e eu não insisti, né? Fiz ela tomar um banho e deitei com ela até ela dormir," Manu contou.
"Deve ter sido algo sério, então," falei sem nem conseguir imaginar Gizelly naquele estado. Sempre que pensava na advogada, a via com aquele jeito alegre e brincalhão. O jeito de menina.
"Talvez. Ou foi algo que despertou um sentimento que ela tava guardado faz muito tempo," respondeu Manu se sentando no sofá agora com a coluna ereta.
"Ela conversou comigo ontem que parte do motivo de ter aceitado vir foi porque estava passando por algumas coisas em Vitória," eu disse e aquilo fez Manu me olhar com curiosidade. "A gente teve uma conversa meio intensa esse dia, mas eu não imaginei que fosse algo que a causasse tanta dor para gerar essa reação."
"Gizelly tem um coração de ouro, mas ela deixa o peso das coisas caírem sobre os ombros dela. Antes de vir, ela me contou sobre um caso que perdeu e que a fez se sentir muito culpada. Eu percebi que aquilo estava consumindo ela de um jeito ruim," Manu me disse e aquilo me fez pensar sobre todas as conversas que tivemos em que a advogada demonstrou se sentir incomodada. E de repente, foi como se eu preenchesse algumas lacunas em minha cabeça.
"E o que a gente pode fazer pra ajudá-la?" perguntei.
"Não sei, amiga," Manu disse, me oferecendo um sorriso que não alcançou seus olhos. "Mas fico feliz que você queira ajudar, tenho certeza que ela vai apreciar."
"Claro que eu quero. Não só pelo o que ela está fazendo por mim, mas porque já tenho um carinho imenso por ela," respondi com sinceridade.
"Ainda assim, fico feliz. No momento acho melhor a gente deixar ela descansar e tentar conversar com ela sobre o que houve depois."
Eu concordei com a ideia de Manu e decidi que poderia ajudar de outra forma.
"Por que você não vai tomar um banho também, enquanto eu preparo uma comida pra vocês duas? Comida caseira sempre traz conforto," ofereci.
"Ai, Rafa, você é um anjo," Manu disse já se levantando do sofá. "Estou precisando mesmo de um banho," falou esticando seus membros em uma espécie de alongamento.
"Então vai que eu vou ver o que tem na geladeira e já preparo. Aí quando a Gizelly acordar, ela já come alguma coisa. Pela minha experiência com ela esses dias, com certeza ela não comeu nada ainda hoje."
Manu concordou e foi em direção ao banheiro. Pensei em ir até o quarto de Gizelly apenas para checar como ela estava, mas fiquei com medo de acordá-la, então fui direto para a cozinha.
A geladeira de Manu estava cheia desde que Gizelly começou a fazer as compras na semana anterior, afinal a advogada também gostava de cozinhar, logo eu tinha bastante opções. Decidi que uma salada, arroz quentinho e frango com legumes seria ideal. Minha mãe sempre disse que comida que traz conforto é aquela do dia a dia.
Peguei o material que eu ia usar e comecei a trabalhar fazendo o menor barulho possível. Já começava a refogar os temperos do frango quando Manu apareceu de banho tomado.
"Você pode sentar na sala que eu faço tudo," falei quando ela me ofereceu ajuda. Ela tentou protestar, mas eu sabia que ela também estava cansada emocionalmente e insisti até que aceitou e foi se sentar na sala.
Terminei de preparar a comida enquanto Manu assistia alguma coisa na televisão. Gizelly não deu nenhum sinal que já tinha acordado também.
Limpei toda a bagunça que fiz e deixei a comida sobre o fogão, indo em direção a Manu.
"Amiga, a comida está pronta, tá? Você come e quando a Gi acordar, você oferece. Eu tenho que ir agora buscar a Lari na escola, mas se você precisar de qualquer coisa, me liga que eu venho correndo," falei e Manu concordou, se levantando para me dar um abraço.
"Obrigada, Rafa," agradeceu.
"Não precisa agradecer," respondi. "Amo você, pequena. Me liga, não esquece."
Falei antes de pegar minhas coisas e ir em direção ao meu carro. Saí dali preocupada. Espero que a Gi fique bem.
Notas da autora:
Oi gentê!
Primeiro capítulo de hoje. Que tal?
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FanfictionGiRafa AU (Universo Alternativo) Sinopse: Rafaella era uma influecer de 25 anos, casada com um cantor sertanejo de sucesso chamado Pedro Neto. Os dois se casaram quando ela tinha 20 anos e juntos tinham uma filha de 3 anos chamada Larissa. Apó...