POV GIZELLY
O sono que antes me dominava, passou em um instante quando as engrenagens da minha cabeça começaram a trabalhar a todo vapor. Como instinto natural, comecei a enterpretar a mensagem da prima de Rafaella, ao mesmo tempo que começava também a entender as atitudes da minha namorada durante aquelas últimas semanas. A maneira como Marcella havia falado "outro patrocinador" não havia passado despercebido por mim e me perguntei qual seria a real situação da vida profissional de Rafaella. E qual seria o motivo de ela não se sentir confortável o suficiente para compartilhar aquilo comigo.
Quando a porta do banheiro se abriu, revelando uma Rafaella pronta para a cama, portando seu ar — infelizmente habitual — de cansada, os olhos verdes logo se colaram em mim. Eu, que agora sentava na cama, com o aparelho celular de Rafaella ainda preso entre meus dedos. Meus olhos atentos observaram as reações de Rafa ao ela interpretar minha postura e em seguida supor o motivo da mesma, quando levou seus olhos até a minha mão.
"Seu celular vibrou e eu sem querer olhei a notificação," falei com um tom de voz que tentei manter suave.
Seus olhos se arregalaram com o que eu acredito ter sido a confirmação das suas suspeitas e ela suspirou, levando suas duas mãos ao seu rosto, numa postura exausta e desesperada. Eu prontamente larguei o aparelho sobre o colchão e me levantei da cama, indo em sua direção. Mesmo sem entender exatamente o que se passava, não deixaria ela sofrer mais sozinha.
Assim que a tinha ao meu alcance, entrelacei meus braços em sua cintura e puxei seu corpo para perto do meu. Não lhe perguntaria nada, não questionaria, apenas demonstraria que estava ali. E que tinha planos de sempre estar ali.
Demorou alguns minutos para Rafa tirar suas mãos do seu rosto, que escondiam seu choro abafado. Mas com o tempo, ela foi aceitando o conforto do meu abraço e se moldando em mim. Meu aperto sobre seu figura era firme, porém delicado. Meu coração doía com cada vibração de seu corpo sobre o meu, causadas pelo seu choro abafado em meu ombro.
Meus dedos passeavam pelos seus cabelos, em uma tentativa de consolo. E apesar de eu querer muito entender toda a situação, naquele momento tudo o que eu queria era tirar toda a dor de Rafa. Grudei, então, meu corpo ainda mais no dela, como se, de alguma maneira, pudesse absorver sua dor em mim.
"Desculpa," ouvi a voz abafada de Rafa dizer e prontamente me afastei dela para poder encara-la nos olhos.
"Por que você está se desculpando?" falei sem entender.
"Por estar uma bagunça, por não ter te contado..." ela respondeu, inquieta. "Não sei, por tudo."
Segurei seu rosto entre minhas mãos, para que ela finalmente me encarasse nos olhos, e tentei colocar neles tanto sentimentos quanto nas minhas palavras:
"Você nunca tem que se desculpar pelos seus sentimentos, Rafa. Você sente o que precisar sentir, sabendo que eu vou estar sempre aqui pro que você precisar. Você não precisa ser forte o tempo inteiro para todo mundo. Eu sei que você sente que precisa, mas lembra que eu tô aqui pra você. Se você tiver que segurar a barra de todo mundo ao seu redor, eu vou estar sempre aqui para segurar a sua", eu disse levando minhas mãos do seu rosto até o seu pescoço. "Eu não sei o que estáta acontecendo realmente, mas tenho certeza que a gente pode dar um jeito. Juntas," falei, tentando transmitir segurança a ela.
Não tive tempo de assimilar o riso misturado com o choro que saiu de seus lábios, pois logo senti seus braços me rodearem ao mesmo tempo que ela mais uma vez escondeu seu rosto no meu pescoço.
"Eu te amo tanto", ela disse antes de beijar suavemente minha pele.
"Eu também, meu amor", respondi a apertando mais uma vez em mim. Senti seu suspiro pesado e tomei uma decisão. "Por que você não deixa eu cuidar de você agora e amanhã a gente conversa sobre tudo isso?" ofereci.
Foi a vez de Rafaella se afastar de mim e buscar meus olhos.
"Você não quer que eu lhe conte agora?" ela falou, parecendo insegura.
"Eu quero que você me conte, mas não precisa ser agora", reafirmei. Eu conseguiria segurar minha curiosidade até que ela se sentisse melhor.
Sem falar nada, mas com um olhar agradecido, ela concordou devagar com a cabeça. Eu lhe sorri, gentil, e a puxei pelas mãos até a cama. A ajudei a deitar debaixo das cobertas e a segui, abraçando seu corpo por trás. Suas mãos foram imediatamente até às minhas que repousavam em seu estômago e eu encaixei meu rosto em seu pescoço.
"Descansa, amor. Eu tô aqui", sussurrei em seu ouvido.
Senti seu corpo relaxar em frente ao meu e seus dedos se entrelaçarem aos meus. A vida me ensinou que às vezes um "eu tô aqui" vale muito mais do que um "eu te amo". E nesse caso, eu estava e amava. Sempre.
POV RAFAELLA
Acordei sentido os braços de Gizelly me segurando e o calor de seu corpo atrás do meu. O sentimento de segurança que batia em meu peito se tornou tão forte que eu senti lágrimas queimando na beirada dos meus olhos. Faziam semanas que eu estava passando por problemas sérios no trabalho, mas não tinha coragem de falar para ninguém. Era como se compartilhar aquilo com Gizelly tornasse tudo real. Como se falar para ela que a vida profissional que eu tanto amava, estava ruindo em frente aos meus olhos e que eu não podia fazer nada sobre isso. Que eu não sabia o que fazer em relação a isso.
Deixei as lágrimas descerem pelo meu rosto e tentei ser o mais silenciosa possível, mas acho que não consegui, pois senti os braços de Gizelly me puxarem contra seu corpo ao mesmo tempo que um soluço saiu da minha garganta.
Gizelly mais uma vez não falou nada, apenas me abraçou e beijou meu ombro enquanto eu chorava minhas lamentações. Eu sabia que uma hora teríamos que conversar, mas como na noite anterior, já era absurdamente reconfortante estar em seus braços.
Quando finalmente o meu choro abrandou, eu me virei na cama, ainda nos braços de Gizelly. Ela me olhava com tanto carinho e amor que eu tive que me segurar para não voltar a chorar.
"Eu vou te contar tudo", falei e ela apenas assentiu com a cabeça.
E foi assim. Ali, na cama, em uma segunda-feira de manhã, eu contei pra Gizelly como eu estava perdendo contratos grandes e pequenos desde a primeira vez que ela havia voltado para Vitória. Eu vi culpa se formar em seu rosto quando eu deixei claro quando as coisas começaram, mas eu não permiti que ela se sentisse assim. A ausência dela não tinha criado àquilo, nada daquilo era culpa dela.
"Eu e Marcella achamos que Rosana está relacionada com isso", confessei. Um, porque não queria mais esconder nada dela. Dois, porque se tinha alguém a ser responsabilizado, com certeza esse alguém não era Gizelly.
"Você acha que ela seria capaz disso?" Gizelly perguntou, mas logo negou com a cabeça quando viu minha expressão. "É, você tem razão. Essa mulher seria capaz de tudo", ela concordou, com certeza pensando na primeira audiência e também em algumas outras histórias da mulher que eu havia lhe contado. "E não tem nada que a gente possa fazer?" ela me perguntou.
"Eu não sei", respondi com sinceridade. "Eu simplesmente não sei."
"A gente vai dar um jeito, ok?" Gizelly disse, tomando minha mão na sua e me olhando intensamente.
Presa na intensidade daqueles olhos castanhos, eu conseguia acreditar que tudo ficaria bem. Esse era o efeito de Gizelly em mim.
Notas da autora:
👀 Oi
Desculpa a demora, bebês. Ando sem inspiração ou vontade de escrever real. Não é mesmo minha intenção deixar essa história sem fim, acreditem. Então, mesmo que eu demore, eu ainda atualizarei, ok?
Beijos 😚 e até o próximo, boiolinhas!
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FanfictionGiRafa AU (Universo Alternativo) Sinopse: Rafaella era uma influecer de 25 anos, casada com um cantor sertanejo de sucesso chamado Pedro Neto. Os dois se casaram quando ela tinha 20 anos e juntos tinham uma filha de 3 anos chamada Larissa. Apó...