54. Titchela

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POV GIZELLY

Eu confesso que achei Rafa com ciúmes fofo, mas não queria despertar sentimentos de insegurança nela. O que a gente tinha era tão novo, mas tão precioso. Eu queria muito que ela tivesse confiança na gente para continuar se entregando àquilo. Eu não queria em momento nenhum brincar com seus sentimentos.

Deitamos na cama ainda abraçadas e eu fiquei fazendo carinho em seu cabelo enquanto ela desenhava formas aleatórias na minha barriga sobre a blusa.

"Você sabe que eu não tenho nada com a Fernanda, né?" falei. Queria deixar aquilo claro.

Os movimentos de suas mãos pararam e eu esperei ela responder.

"Vocês flertam?" ela perguntou de repente. Não esperava por essa.

"No início sim, mas desde que isso aqui começou, eu mal respondo ela," respondi com sinceridade. Depois que Rafa começou a retribuir meus sentimentos, ela era tudo o que eu pensava.

Ela voltou com o movimento de suas mãos e eu relaxei.

"Tem mais alguma coisa que você quer saber?" perguntei.

"O que a gente é?" ela disse, levantando a cabeça que estava sobre meu peito e me encarando.

"O que você quer que a gente seja?" eu disse, tirando seus cabelos que caiam sobre seu rosto.

"Eu não sei. Eu tô amando a gente juntas, mas não sei se estou pronta pra dar um nome mais formal pra isso. Eu sei que a Lari te adora, mas tudo é muito complicado," ela disse, desviando os olhos dos meus, como se com medo da minha reação às suas palavras.

"Ei," eu disse puxando seu rosto para que ela me olhasse. "Eu entendo isso. Tá tudo bem. Se você acha que precisa que a gente tenha título para eu respeitar o que a gente tem, não precisa. Eu tô com você e só quero estar com você."

"Eu só quero estar com você também," ela respondeu, finalmente sorrindo.

Fiquei feliz com sua reação e aproveitei para beijá-la. Foi algo breve, no entanto, afinal Larissa podia acordar a qualquer momento.

Acabamos dormindo no conforto do abraço uma da outra e fomos acordadas por Larissa que balançava Rafa em cima de mim.

"Acordem," ela dizia.

Abri meus olhos devagar, me acostumando com a claridade. Rafaella fazia o mesmo.

"Oi, bebê. Que houve?" ela perguntou saindo de cima de mim e se sentando na cama.

"Quero brincar," Larissa respondeu simplesmente.

Fiquei preocupada que ela pudesse ter achado estranho a posição que nos encontrou, mas a menina nem pareceu notar. Pureza de criança, né?

"Tá, bebê. Vamos brincar," Rafaella disse me olhando. Eu sorri pra ela e ela retribuiu. "Você pode ir buscar o que você quer brincar lá no seu quarto e levar pra sala?"

"Siiiiiiim. Vamos montar quebra-cabeça!" falou gritando e correndo.

"Não corre!" Rafa alertou.

Ela se virou pra mim quando ouvimos um "tá, mamãe" e se aproximou, me dando um selinho.

"Esse foi um ótimo cochilo," eu falei.

"Maravilhoso," ela respondeu, me beijando pela última vez e se levantando. "Espero que você não se importe de eu ter ido buscar a Lari. Eu nem perguntei," ela disse prendendo seu cabelo em um coque no topo da cabeça.

"Claro que não. Eu adoro passar tempo com vocês," falei rapidamente. Larissa não era um empecilho pra mim nunca.

"Você é preciosa demais!" ela disse pegando meu rosto e enchendo de beijos.

"Rafa, para," falei rindo e a empurrando.

"Vamos brincar!" ouvimos o grito de Larissa vindo do corredor e rimos juntas.

"Vamos que a mini Rafa está impaciente," falei me levantando da cama também.

Rafaella decidiu que iria em uma padaria buscar algum lanche pra gente, enquanto eu e Larissa montavamos outro quebra-cabeça que Rafa havia comprado pra ela. Aparentemente, ela estava viciada. Esse era do Monstros SA.

Estávamos em uma posição similar a de quanto montamos o das princesas no apartamento de Manu. Larissa de joelhos sobre a mesa de centro e eu sentada ao seu lado.

"Gi, quantos anos você tem?" ela me perguntou do nada.

"Eu tenho vinte e oito e você?"

"Três," ela disse. "A gente pode ser melhores amigas mesmo assim?"

"Seria uma honra, mini Rafa," eu falei divertida. Que coisa mais fofa, meu Deus.

O que eu não sabia era que Rafa já havia voltado e nos observava da porta.

"Me passa essa aí?" Larissa pediu, apontando para uma das peças que estava mais próxima a mim. Eu passei a mesma pra ela. "Obrigada, Titchela."

Ela me chamar por aquele apelido fez meu coração derreter. Era uma forma tão especial e carinhosa que Manu havia criado de me chamar. Tinha um lugar tão importante no meu coração. Ouvir ela me chamando assim me emocionou de verdade.

"Eu gosto de você demais, mini Rafa," falei cutucando sem força sua barriga, a fazendo rir.

"Eu também," ela disse, se virando e me dando um abraço.

Meu Deus, as Kalimann queriam roubar todos os pedaços do meu coração!!!!

"Mamãe! Vem montar com a gente!" Larissa gritou com a boca ainda perto do meu ouvido e eu ri. Tinha um pouco de Manu naquela criança, era inegável.

Me virei e vi Rafa com os olhos marejados. Prontamente me levantei e fui até ela.

"O que houve? Acontece alguma coisa?" falei chegando perto dela.

"Não," ela negou com a cabeça, enxugando os olhos. Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, ela me puxou para um abraço.

Eu retribuí, sem entender e ela me apertou ainda mais.

"Promete que não vai embora?" foi a pergunta estranha que ela me fez.

"Por que eu iria?" falei a olhando.

"Eu não sei. Só acho que você é muito perfeita pra ser real."

"Eu tô longe de ser perfeita, Rafa. Mas vou estar aqui até quando você me quiser," prometi.

Pena que aquilo não era realmente decisão minha.

Notas da autora:

O sol e a lua tá em câncer, vocês estão prontas?

👀👀👀👀

mimei demais vocês. Até mais!

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