POV RAFAELLA
Faziam três dias desde a minha discussão com Gizelly e ela me evitava de todas as maneiras. Eu sabia que a havia machucado de verdade e que talvez demorasse até que ela quisesse me ouvir, mas eu não pude evitar buscá-la ainda assim.
Ela não atendia nenhuma de minhas ligações e não respondia a nenhuma das minhas mensagens. A única noticia que eu tinha dela, tinha sido por parte de Manu, que me atendeu na porta do apartamento que as duas compartilhavam, mas não me deixou entrar.
Minha amiga não parecia irritada quando fechou a porta atrás de si, fazendo com que agora nós duas ocupássemos o corredor, na verdade ela parecia apenas triste. Imagino que não deveria ser nada fácil estar nessa posição, por isso fui logo me desculpando, afinal não queria colocá-la no meio de nada, mesmo sabendo que era algo inevitável.
"Não precisa se desculpar, Rafa," Manu me disse com seu tom doce de sempre, buscando minhas mãos inquietas, em um toque que claramente tinha a intenção de me acalmar. Suspirei, fechando meus olhos, sentindo o mínimo de tranquilidade desde a noite que falei o que não devia. "Você está bem?"
O tom preocupado de minha amiga fez com que meus olhos se encaixassem nos dela e mordendo meus lábios, eu tentei em vão, frenar minhas lágrimas mais uma vez naqueles dias. E sem deixar que eu tentasse responder àquela pergunta, Manu me puxou de encontro ao seu corpo em um abraço de consolo, o qual eu me joguei sem dúvida alguma, deixando todos os sentimentos que estavam presos naqueles dias saírem de uma só vez.
Parte de mim lembrava que eu estava em um corredor bastante público e que do outro lado daquela porta, que eu via embaçada por conta das lágrimas, estava Gizelly, mas ao mesmo tempo eu não conseguia segurar o choro doído que saia de mim naquele momento. Apesar de ter passado a maior parte desses dias chorando, eu havia feito isso sozinha, com medo de Larissa me ver e perguntar (ainda mais) sobre o que estava acontecendo. Logo, ali, nos braços de uma das pessoas que mais me apoiava, sentindo todo o suporte e conforto de Manu, eu não pude evitar me deixar livre para desaguar meus sentimentos de uma só vez. Era como se eu não conseguisse parar mesmo se eu quisesse.
Manu acarinhava minhas costas enquanto fazia ruídos com sua boca e me dizia palavras de conforto. Ela dizia que tudo ficaria bem, enquanto eu tentava ocultar o meu choro em seu pescoço, porque apesar de tudo, eu não queria que Gizelly ouvisse e se sentisse mal, porque eu sabia que ela se sentiria assim mesmo que a culpa tivesse sido minha e, só minha, da nossa situação atual.
Manu me deixou desabar sobre seu pequeno corpo, até que eu começasse a me acalmar e quando pareceu, enfim, que eu podia respirar, ela se afastou devagar de mim, me encarando no rosto. Suas pequenas mãos foram até a minha bochecha e secaram minhas lágrimas, enquanto ela me oferecia um sorriso carinhoso.
"Desculpa por isso," me desculpei mais uma vez e ela negou com a cabeça.
"Para de se desculpar, cabeção," ela disse tão naturalmente, que apesar de tudo, eu acabei rindo daquele apelido que só ela tinha permissão de usar comigo.
"Pra quem tem um cabeção, eu falo muita coisa sem pensar," o meu sorriso se apagou com as minhas próprias palavras.
"Não seja tão dura com você mesma, Rafa. Nem eu e nem a Gi queremos isso," Manu disse me olhando seriamente nos olhos e obviamente, aquelas palavras me afetaram.
"Eu só quero saber como ela está," voltei a falar, só que agora em um fio de voz.
Manu suspirou pesado, se afastando um pouco de mim e passando suas mãos em seu rosto.
"Tão bem como você, eu imagino," essa foi a resposta da minha amiga e eu entendi, concordando com a cabeça. Manu era minha amiga, mas também era da Gi e devia lealdade a ela também, logo essa era a maneira de ela responder a minha pergunta, sem quebrar a confiança de Gizelly.
"Você acha que ela vai querer falar comigo alguma hora?" eu tive que perguntar.
"Claro, Rafa," Manu me respondeu sem pestanejar, voltando a tomar minhas mãos com as suas. "O que vocês têm é especial e sim, não vou mentir que você fez merda," me disse séria. "Mas algo como o de vocês não acaba assim não."
Aquelas palavras me tranquilizaram, eu não podia negar. E era como se em dias, eu sentisse uma pontada de esperanças.
"Mas Rafa," Manu continuou. "Agora quem fala sou eu, sua amiga, não a Gizelly."
"Ok," respondi um tanto insegura.
"Lembra quando você morria de medo de se divorciar do Pedro porque ele usava a Larissa contra você?" Manu me perguntou em um tom gentil e eu estranhei, mas concordei com a cabeça. Que pergunta era aquela? Óbvio que eu lembrava. Se tudo aquilo era o que tinha me levado até aquele momento. "Então," minha amiga continuou, interrompendo meus pensamentos. "Lembra como você tomou coragem de encarar esse medo e se divorciar mesmo assim?"
"Sim, Manu. Óbvio. E você e a Gizelly tiveram grande participação nessa coragem," falei.
"Então, amiga, o que você talvez não esteja vendo e o que eu e a Gi sim conseguimos ver, é que o Pedro mais uma vez está te colocando nessa mesma situação," Manu falava tudo com uma calma muito grande. "E eu sei que talvez você não veja assim," ela continuou quando viu que eu tinha intenção de interrompê-la. "Mas você tem que entender que você não está sozinha. Assim como não estava há quase um ano atrás, você não está sozinha agora. E que o Pedro só tem controle sobre a sua vida se você permitir."
Eu apenas encarei Manoela, sem realmente saber o que dizer. Parte de mim sabia que Pedro estava sim tentando controlar minha relação com Gizelly através de Larissa e apesar de aquilo me irritar, eu achava que devia fazer de tudo para manter as coisas bem por ela. Mas eu, de verdade, não tinha pensado por esse ângulo. Não tinha relacionado a situação atual com a situação que fez tudo isso começar e Manoela tinha razão. Eu estava deixando Pedro mais uma vez me manipular, mesmo que de forma diferente, para perder o controle da minha vida. Eu estava permitindo que ele usasse o amor incondicional que eu tinha por Larissa me cegar. Ela não precisava que eu lutasse com todas as forças para manter a relação dos dois. Larissa precisava que eu estivesse ali para ela inteira, feliz, lutando com todas as forças para manter o meu relacionamento com ela vivo, saudável, forte. Pedro que lutasse sozinho pela relação dos dois e se ele não fosse capaz disso, ela sempre teria a mim.
E Gizelly. Ela teria Gizelly também.
"Manu, você tem que me ajudar," foi o que eu disse para a minha amiga, lhe encarando com os olhos claros de quem finalmente entende as coisas.
Meus olhos refletiam o que eu sentia por dentro, tranquilidade de finalmente compreender o que eu estava fazendo errado. Eu finalmente tinha entendido, que eu estava esse tempo todo lutando para manter unida a família errada. Eu precisava lutar pela minha nova família. E era isso que eu faria.
A.N.:
Eu amo uma maratona e vocês? Hahaha
E aí, o que estão achando?
Rafa sacou que a família dela é GiRaRi <3
Até o próximo, boiolinhas!
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Impasse
FanfictionGiRafa AU (Universo Alternativo) Sinopse: Rafaella era uma influecer de 25 anos, casada com um cantor sertanejo de sucesso chamado Pedro Neto. Os dois se casaram quando ela tinha 20 anos e juntos tinham uma filha de 3 anos chamada Larissa. Apó...