75. No seu colo é o meu abrigo

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POV RAFAELLA

Acordei com o braço de Gizelly em minha cintura e seu corpo colado no meu. Sorri internamente porque a minha namorada era um grudezinho mesmo.

Tentando não acordá-la, olhei a hora no celular que estava na mesa ao lado da cama e vi que ainda tínhamos tempo de folga antes do nosso vôo. Deixei o celular de volta onde estava e voltei a me aconchegar na cama. Eu adorava aqueles minutos da manhã com a Gi.

Fiquei em silêncio em seus braços e acabei pensando na viagem que faríamos em algumas horas. Eu estava preocupada em como voltar para Vitória abalaria Gizelly e só torcia para que eu conseguisse ajudá-la de alguma forma.

Senti uma movimentação atrás de mim e o braço que estava ao meu redor me puxar para perto. Sorri quando o corpo de Gizelly grudou ainda mais no meu por trás e seu rosto se encaixou no meu cabelo.

"Bom dia," falei acariciando seu braço que estava na minha barriga.

Ela soltou uns barulhinhos de sono e eu ri da sua manha.

"Bom dia," respondeu com a voz rouca, encaixando seu nariz na minha nuca e ms beijando entre meus ombros.

Eu amava seu jeito carinhoso e como ela sempre estava demonstrando afeto de um jeito ou outro. Eu que era mais fechada, me sentia entregue e encantada com o seu jeitinho.

Ficamos mais um tempo na cama, antes de realmente termos que levantar para começar a nos arrumar. As nossas malas estavam prontas, então apenas tomamos banho e nos vestimos. Gizelly fez um café da manhã simples que dividimos entre uma conversa amena. Eu sabia que ela estava tensa com a viagem, então tentei distrair sua mente.

Pedimos um carro até o aeroporto e chegamos a tempo de fazer todos os procedimentos pré vôo com tranquilidade.

Faríamos escala em Guarulhos antes de irmos para Vitória e seria uma viagem um tanto longa. Gizelly estava mais calada que o normal e eu estava tentando respeitar o seu espaço, ao mesmo tempo que não queria que ela ficasse presa em sua mente.

"Gi, olha o que a minha mãe mandou mais cedo," chamei ela quando já era permitido ligar os aparelhos eletrônicos. Minha mãe havia me enviado fotos de Larissa e tinha chego antes de eu colocar o celular em modo avião.

"Meu Deus, que coisa mais fofa," ela disse pegando o aparelho em suas mãos e encarando a foto da minha filha vestida com uma fantasia de branca de neve.

Engatamos um assunto sobre Larissa e acabamos passando o restante da viagem em conversas leves. O vôo de São Paulo para Vitória foi do mesmo jeito, apenas nos últimos minutos que Gizelly ficou menos responsiva. Levei minha mão até a dela, que percorria nervosa por sua coxa esquerda. Ela me olhou.

"Vai ficar tudo bem," eu disse a encarando e ela concordou com a cabeça.

Eu levantei o braço que separava a gente e nem liguei com a senhora que estava ao lado de Gizelly no cadeira do corredor, apenas puxei minha namorada para meus braços. Queria confortá-la, mesmo que só com um abraço amigável.

Ela sorriu pra mim, beijando minha bochecha.

"Obrigada mais uma vez por vir," ela disse baixo e eu apenas sorri em resposta.

Não podíamos ficar naquela posição, mas quando nos afastamos, tomei sua mão na minha e entrelacei nossos dedos.

Eu já tinha vindo em Vitória algumas vezes a trabalho e até mesmo com Pedro quando eu o acompanhava em alguns de seus shows. Era uma cidade bonita e eu tinha muita vontade de conhecer os lugares que completavam a vida de Gizelly, mas essa não era esse tipo de Viagem. Assim que descemos do avião, ela ligou o seu celular, me pediu desculpas e disse que tinha que fazer umas ligações. Eu andei ao seu lado até a esteira das bagagens enquanto ela conversava com Letícia ao telefone. Peguei nossas malas quando elas passaram e fiz sinal para Gizelly que já podíamos ir.

"Eu cheguei agora, Lê," ouvi ela dizendo. Parecia um pouco frustrada com a ligação. "Eu não ligo se é mais caro ou não, ele está nessa situação por responsabilidade deles e eu não vou permitir que esse menino sofra na mão do sistema mais do que já sofreu," Gizelly disse irritada. "Tá bom. Eu vou ir resolver isso agora. Não, não se preocupa. Sim, vou ligar pra ela. Tá bom, amiga. Obrigada. Te aviso." Ela falou entre pausas, escutando o que Letícia falava do outro lado da linha.

Quando Gizelly desligou a ligação, ela soltou um suspiro pesado e me procurou com os olhos.

"Desculpa por isso," pediu.

"Não precisa se desculpar por nada. O que houve?" perguntei querendo trocá-la para tentar tranquilizá-la, mas consciente que estávamos muito expostas.

"A Letícia tá tendo alguns problemas para liberaram alguns tratamentos de Carlinhos no hospital. Eu vou ter que ir no apartamento só deixar minha mala e ir direto pro hospital. Eu não queria deixar você só logo de cara, mas..." ela disse, mexendo no celular em busca de um Uber.

"Eu quero ir com você no hospital," eu disse e isso me fez reganhar sua atenção. "Eu quero estar lá com você," eu disse tocando seu braço.

Um sorriso pequeno se fez em seus lábios. Eu sabia que ela queria, mas não pediria minha companhia, porque tinha receio de eu achar demais. Mas eu tinha ido com ela exatamente para isso. Queria ser seu apoio em todos os momentos que pudesse.

Fomos de Uber até seu apartamento e eu confesso que meu coração apertou um pouco nos poucos minutos que ficamos lá. Não que fosse feio ou desorganizado de alguma maneira. Ao contrário, estava com todas as coisas impecavelmente nos seus lugares. O que me afetou foi quão vazio da personalidade da minha namorada aquele lugar era. Não haviam quadros, nem fotografias. Faltava o brilho da personalidade contagiante que ela tinha. Sem querer, acabei me perguntando como era a vida dela entre aquelas paredes.

Não ficamos ali muito tempo, todavia, apenas deixando nossas malas na porta e pegando as chaves do carro de Gizelly.

O caminho até o hospital foi silencioso. Gizelly estava pensativa e eu não quis distraí-la dessa vez, porque imaginei que talvez estivesse pensando no que faria para resolver a situação de Carlinhos. Quando paramos no estacionamento, no entanto, eu a impedi de sair imediatamente. Ela me encarou confusa.

"Antes da gente ir e você fazer de tudo e mais um pouco pra resolver as coisas, como eu sei que você vai fazer, eu quero te falar algo," eu disse e ela largou o abridor da porta para se virar para mim.

"Ok," ela disse me dando sua total atenção.

Eu peguei sua mão e acariciei sua palma com o meu dedão ao mesmo tempo que grudava meus olhos nos seus.

"Nada que está acontecendo é sua culpa," falei e ela tentou desviar os olhos dos meus, mas eu não deixei, segurando seu rosto com minha mão livre. "Escuta," pedi. "Nada, ouviu? Você tá fazendo de tudo, está dando seu melhor. Eu vejo isso, a Manu vê isso, a Letícia vê isso e pelo o que você me contou, Dona Marcele vê isso também. Eu sei que vai ser difícil, mas eu tô aqui do seu lado, ok? Pro que você precisar," prometi.

Ela me puxou pelo pescoço para um abraço que eu rapidamente retribuí.

"Obrigada por suas palavras, amor. Eu juro que tento acreditar nelas e vou me apegar a elas no restante desse dia," ela disse em meu cabelo.

Nos afastamos e eu sorri fraco, acariciando seu rosto.

"O que quer que aconteça, no final do dia, eu vou ser seu colo," prometi.

Notas da autora:

Demorou mas veio aí, boiolinhas! 👀

Desculpa a demora, bebês. O dia foi meio complicado e eu dei umas travadas.

Alguém me arruma uma Rafa? 🥺🥺

Até o próximo!

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