57. Necessário

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POV GIZELLY

Acordei sentindo um peso em minhas costas e pernas entralaçada nas minhas. Demorei um tempo para me situar, aí senti o cheiro inegável de Rafaella. Lembrei da noite anterior e um sorriso se formou em meus lábios. Namoradas.

Fiquei quieta, aproveitando do conforto da cama macia e do calor do corpo de Rafa, que me agarrava por trás.

"Shhh... Pensa mais baixo," ouvi uma voz rouca de sono próximo ao meu ouvido e dei um leve pulo de susto.

Ela riu da minha reação e me puxou para perto de novo, deixando um beijo em meu pescoço.

"Bom dia, bebê," ela disse quando eu relaxei de volta em seu abraço.

"Bom dia, pãozin' de queijo," respondi me virando para encará-la.

"Pãozin' de queijo?" perguntou divertida, me dando espaço para ficar de frente pra ela na cama.

"100% mineiro e 100% gostoso," falei e ela soltou uma gargalhada.

"Você não tem limites, Gizelly," ela disse ainda rindo e aproximando seu rosto do meu.

Fechei meus olhos quando sua testa colou na minha e levei meu braço para entrelaçar na sua cintura. Poderia me acostumar com aquilo.

Ficamos mais um tempo em meio a carícias e depois decidimos que já era a hora de levantar. Tomamos banho e nos vestimos para o dia. Rafa me emprestou uma roupa sua e fomos tomar café.

"Quando a gente acabar aqui eu vou buscar a Lari," ela disse quando já estávamos na mesa da nova cozinha dela.

"Você pode ir me deixar no caminho?"

"Você já vai?" ela perguntou, se mostrando triste.

"Eu só pensei que fosse melhor," falei, tímida.

"Claro que não, Gi. Queria passar o dia com você e Lari. Mas isso se você quiser, claro," disse parecendo insegura e eu quis me bater.

"Claro que quero," falei rapidamente, pegando sua mão na minha. "Eu amo passar o tempo com vocês. Eu só não queria me impor," esclareci.

A gente terminou e foi buscar Lari na casa da mãe de Rafa.

"Mãe, essa é a Gi," Rafa me apresentou quando chegamos.

Larissa veio correndo em nossa direção e primeiro gritou meu nome e agarrou minhas pernas.

"Ei, mini Rafa," cumprimentei ela, passando as mãos em seus cabelos. "Prazer, dona Genilda," falei oferecendo minha mão para a mais velha.

Rafaella riu baixo, indo tirar a filha que ainda estava me abraçando e a colocando em seu colo.

"O prazer é meu, Gi," disse Genilda, ignorando minha tentativa de aperto de mão, e me puxando para um abraço. Retribuí com timidez e vi Rafaella sorrindo pra nós duas.

Rafa perguntou para a mãe se Lari havia se comportado e foi a menina mesmo que respondeu que havia ficado "quieta como uma anjinha", o que obviamente fez nós três rirmos. Já era global desde cedo.

Conversamos mais um pouco, antes de nós despedirmos.

"A gente tá indo na tia Manu?" Lari perguntou do banco traseiro do carro.

"Não, bebê. Estamos indo pra casa," Rafa respondeu.

Foi estranho a sensação que apareceu em mim naquele momento. Uma mistura de felicidade, medo e... Anseio? Não se importaria nada que aquela fosse mesmo minha casa.

Chegando no apartamento, Gizelly disse que prepararia a comida, enquanto Rafa foi arrumar as coisas de Larissa. A menina ficou na cozinha, perto de Gizelly, sentada na mesa desenhando.

"Qual sua cor favorita, Gi?"

"Verde e a sua?" Gizelly disse se movimentando na cozinha.

"Vermelho," ela respondeu.

"Depois do almoço a gente pode ver um filme?"

"Sua mãe que decide, mini Rafa," respondi. Terminei a preparação das coisas e agora só precisava esperar o tempo para cozinhar, então lavei minhas mãos e fui me juntar a pequena na mesa. "Se ela deixar, o que você quer assistir?"

Puxei assunto, me sentando ao seu lado na mesa. Ela pintava um daqueles livros de colorir e eu achava graça como nenhuma das cores combinava com a cor real das coisas. Ou permanecia dentro das linhas.

"O meu primeiro favorito é Pequena sereia, depois Rei leão," ela começou. Ela tinha esse costume de responder mais do que você perguntava. Era fofo demais. "O da mamãe é Bela e a Fera e depois Irmão Urso. O da tia Manu é igual ao meu porque ela que me ensinou," ela tagarelava alegremente. "O seu favorito é Mulan," disse apontando o lápis na minha direção. Eu concordei com a cabeça, sorrindo. "E o segundo favorito?"

"Mogli," respondi rapidamente.

"Esse eu não vi," ela disse fazendo uma carinha de confusa que me lembrou muito a Rafa.

"Que tal a gente ver esse hoje?" Rafaella falou da porta da cozinha, assustando eu e Larissa.

"Eba!" a menina comemorou e eu ri da sua animação. Era contagiante.

Rafa se aproximou da mesa e se pôs atrás de mim na cadeira, com as mãos em meu ombro. Quando levantei minha cabeça para encará-la, ela tinha um sorriso enorme no rosto.

Depois do almoço, deitamos no sofá e Rafa colocou a minha escolha de filme. Eu não via esse em anos, mas minha mãe vivia me lembrando como eu amava cantar pra todo o Espírito Santo ouvir "Somente o necessário". Talvez fosse a única música que eu soubesse a letra inteira.

Rafaella estava totalmente deitada de frente no sofá e Larissa estava ao seu lado com a cabeça em seu peito. Eu estava sentada do outro lado de Rafa, apenas com minhas pernas esticadas no sofá. Com uns doze minutos de filme, senti a mão de Rafa na minha. Olhei para ela e ela me encarava, ao mesmo tempo que me puxava levemente.

"O que?" perguntei apenas com o movimento da minha boca.

"Deita," ela respondeu fazendo o mesmo que eu.

Fiquei confusa, mas obedeci. Assim que me deitei no sofá estendido, da mesma maneira que ela estava, Rafaella se ajustou, se arredando para trás e colando seu corpo no meu, trazendo também Larissa consigo. Fiquei estática, sem saber o que fazer e ela riu.

"Me abraça, besta," ela disse baixo.

"Shhhhhh," Larissa reclamou, sem nem mesmo tirar os olhos da tela.

Rafaella me olhava de um jeito tão doce e especial que eu senti meu coração acelerar como se fosse sair do peito.

Movi meu corpo para encontrar com o seu e coloquei minha mão na sua cintura, encaixando meu rosto no seu ombro. Senti seu corpo relaxar no meu e ela voltou a encarar a tv.

Passamos a tarde assim. Larissa nos braços de Rafa e as duas nos meus. Acho que Balu estava certo, pra viver em paz a gente só precisa mesmo do necessário.

Notas da autora:

Oi, boiolinhas!

Voltando às raízes com esse capítulo hahahahha. Eu precisava desse momento GiRaRi, ok?

Até mais!



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