My demons

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MAIS UM! 

Boa leitura e desculpa os erros!

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Fadado a uma irritante e persistente insônia, Adrien não havia quase dormido naquela noite. Passara a madrugada inteira sentado na sua janela, olhando para o céu nublado, sentindo a garoa fina e fria que de vez em quando caía molhar seu rosto, seus cabelos. Além das sombras que o acompanhavam, seu único companheiro era o cigarro que insistia permanecer ali dentre seus dedos, contaminando seus pulmões, roubando mais alguns dias de vida a cada tragada.

Vida que estava desperdiçando, e que poderia estar passando com Marinette. Era o que desejava, mas que ainda lhe causava receio, por saber que ela era muito diferente de si. 

Apesar do seu coração já estar mais do que convencido que amava aquela mulher como nunca amou alguém antes, entender esse amor era também compreender que a mestiça pertencia a outro mundo. Um mundo cheio de amor, de delicadeza, de sonhos, tranquilo, leve...que ia ao contrário do seu, repleto de amargura, de descrença, de vícios e raiva.

Ódio. Uma fome e uma sede insaciável de se vingar, de se voltar contra tudo e contra todos.

Tal como um poço sem fundo, perdia-se em si mesmo, nos seus devaneios, nos seus pesadelos, sendo alimentado e servindo de comida para demônios que vinham visita-lo durante a noite, ao percorrer do que era pare ser seu descanso, sempre instigando para que mergulhasse cada vez mais na mais profunda escuridão da dor, do rancor feroz.

Daí quando acordava, atormentado desde o dia anterior, explodia em uma catástrofe ambulante, querendo briga, querendo apanhar, matar e morrer. Foda-se, não dava a mínima.

Até pelo menos a noite da morte de Oliver, quando a doce Marinette entrou na sua vida. A única coisa que prestava, ela havia se tornando o seu principal e mais lindo motivo para que tentasse ser uma pessoa melhor. Entretanto, parecia que a vida não queria, e que tudo iria conspirar para que continuasse sendo o mesmo nojento desgraçado de sempre.

Nem sua cabeça o permitia se livrar daquele pesar. Passou a noite inteira tentando marcar em si mesmo o pedido que ela havia feito através de suas palavras misturadas aos seus beijos, a sua boa vontade, a sua santidade...tudo em vão.

O rosto de Félix aparecia em sua memória, o provocando, dizendo com aquele ar cínico e superior vestido com o jaleco de médico, o orgulho do papai e da mamãe que ele não seria nada, que logo Marinette iria perceber na enrascada que estava se metendo amando um homem não... um inseto como ele. Que era lastimável, patético ou como ele havia dito da ultima vez que se viram.

"Você só nasceu para trazer desgosto à nossa família. Se a mamãe estivesse viva, ela jamais te perdoaria como ela nunca o perdoou por você ter saído de casa!"

A muito tempo, essas palavras que o faziam sangrar em outras instancias, agora o tornavam forte para fazer o que deveria fazer. Confrontar aquele bosta que teve a infelicidade de ser seu irmão mais velho. Daí não teve como se impedir. Por mais que entendesse que se Marinette soubesse, poderia ficar completamente devastada consigo, ele tinha que tirar a limpo toda a situação suja que Félix quis arranjar.

Por tanto, logo que os primeiros raios de sol surgiram no horizonte, jogou uma água fria no corpo, enfiando-se em uma jaqueta jeans surrada para seguir à sua moto e pilotar ferozmente pelas ruas de Paris, chegando ao prédio onde sabia que ficava o consultório do seu irmão fantástico. Adentrou sem delongas, passando pelas recepcionistas que tentaram impedi-lo. Logicamente, apenas sorriu desdenhando daquelas duas, com as duas mãos dentro dos bolsos da jaqueta.

- Pode chamar a segurança lá pro escritório do senhor Félix Agreste. Ele vai precisar.

O elevador se fechou o levando para o andar do mesmo, onde caminhou com os passos firmes, rápidos, precisos, tal a maneira que seu olhar certeiro se comportava. O olhar pesado, triste, inconformado.

Após percorrer a pouca distancia que levava até a porta de madeira que tinha escrito o nome do doutor, praticamente arrombou o lugar dando um chute com tudo na própria. Na hora que a secretária pela qual já sabia que Adrien estava subindo, estava prestes a ir comunicar a invasão, ela parou no lugar com Adrien apontando na sua direção.

- Nem pense em se mover daí garota, fica bem quietinha porque eu preciso ter uma conversa com o meu irmãozinho.

- E-eu preciso anuncia-lo antes senhor, por favor não entre... s-se não chamarei a polícia...!

Passando pela moça, puto da vida, Adrien deu uma risada debochada, abrindo a porta tal como tinha feito com a da entrada do consultório. 

- Vai lá, seja uma boa menina e chama a polícia vai.

Virou o rosto ao interior da sala enquanto a secretária saía correndo, onde viu de longe, Félix sentado em sua cadeira como se estivesse o aguardando. O mesmo, dando um sorriso em puro desprezo para Adrien, colocou as duas mãos com os dedos entrelaçados debaixo do queixo.

- Demorou pra aparecer.

- Pois é eu também acho. – o mais novo soltou caminhando até a mesa onde o irmão estava, jogando todas as coisas no chão, antes de segurá-lo pelo colarinho da camisa social.

- Você acha que ta brincando com quem hein seu puto?!?!

- Eu não estou de brincadeira Adrien, aliás, quem sempre esteve brincando aqui é você. Olhe só sua postura meu irmão, até parece um moleque de quinta série.

- Eu sou o que você quiser seu babaca, e quer saber, isso me dá liberdade pra fazer isso aqui!

Um soco de direita veio com tudo no rosto de Félix que o virou ao sentir o impacto, voltando logo em seguida a encarar Adrien que estava prestes a lhe deferir outro soco quando os seguranças chegaram juntos à secretária.

- Doutor Félix! – a funcionária soltou alarmada ao ver o rosto do patrão machucado e sangrando. Os dois seguranças já estavam caminhando na direção de Adrien o avisando que era para ficar calmo até que o Agreste mais velho, os impedisse, falando alto e em bom tom.

- Saiam todos da minha sala! Manoella, vá e desmarque todas as minhas consultas agora pela manhã por favor, que eu tenho um problema pra resolver. –  olhava para Adrien que o encarava enfurecido. – Eu preciso dar um jeito em gente que não tem nada pra fazer da vida, e acha que pode tirar satisfações com a força bruta.

- Como ele é honrado, é a minha inspiração. – por sua vez Adrien se voltou às pessoas que estavam mais atrás. – Vamo lá cambada, saiam. O chefão pediu. Porque o vagabundo aqui... tem uma merda muito fodida pra resolver com esse bosta.

Damned love   [Adrinette]Onde histórias criam vida. Descubra agora