Minha mandraka!

2°

Terça, 11:02...

Leticia

Eu passava cumprimentando a todos, quando olhei pro lado e sorri, avistando meu irmão e minha filha no bar do tio Gilson. Caminhei calmamente até eles, pleníssima enquanto brincava com as mãozinhas do meu filho. Quem vê nem pensa que meu pé tá doendo que só o caralho, com esse salto.

- Oi meus amores- abaixei do jeito que dava, beijando a bochecha da minha bebê mais velha.

- Oi manhe, come- enfiou uma batatinha na minha boca.

Ri, me levantando e me posicionando ao lado da mesa deles.

- Eae, como foi a reunião lá?- Jhonatan perguntou, pegando o Eduardo.

- Acho que boa, eles ainda vão avaliar minha proposta- ele fez careta, olhando pra algo atrás de mim.

- Vamo embora, o DG tá te secando na maior ousadia- fechou a cara- vamo, Eduarda- puxou a mão da minha filha, saindo agarrado nos meus dois filhos.

Ri, o seguindo. Olhei em volta, logo avistando o Diogo sentado em uma das mesas, com sua tropa. Ele me olhava com a cara fechada e, uau! Ele realmente estava bem gato e diferente. Ou talvez eu esteja alucinando, pq não o vejo a quase dez anos, quando saí do morro.

Ignorei sua presença, caminhando pra fora do bar. Nunca nem tinha falado com ele, sempre conheci só de vista. Agora não seria diferente.

Sou nascida e criada aqui nesse morro, mas quando fiz 15 anos minha mãe saiu daqui, foi morar na zona sul com um macho escroto que eu odiava. Vivia falando merda pra mim e pro Jhonatan.

Ele não demorou a morrer e deixou toda sua herança pra minha mãe, que ficou ainda mais metida e nojenta. Eu e ela nunca tivemos uma boa relação, e só piorou quando eu engravidei, aos 19 anos. Ela jogava na minha cara a todo momento, que eu era muito infantil e imatura pra ter um bebê. Que eu seria uma péssima mãe, e daí pra pior. Por esse motivo, assim que eu tive a oportunidade de sair da casa dela, eu saí. Arrumei um emprego, eu ia trabalhar de baixo de sol e chuva, a barriga já grande, com cinco meses de gestação. Assim que recebi meu primeiro salário, Carla (que é brigada com os pais também) me chamou pra rachar o aluguel de um apê com ela, e eu fui. O apê era minúsculo, em um bairro péssimo, mas era oq nós estávamos podendo pagar na época, já que as duas estavam juntando dinheiro (fora que eu estava comprando as coisas da minha filha, que estava a poucos meses de nascer). Ficamos 3 anos nesse apê, fiz as pazes com a minha mãe e comecei a frequentar a casa dela com um pouco mais de frequência. Eu e Carla abrimos uma loja de roupa feminina juntas, com o dinheiro que tínhamos guardado. Começamos a juntar dinheiro novamente, com o intuito de nos mudarmos pra algo um pouco maior, mas que fosse nosso de verdade e pudéssemos parar de pagar aluguel.

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Jhonatan, 19 anos.

Eduarda, 06 anos.
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