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Sábado, 13:50...

Terror

Eu não era envolvido ainda, tinha só 17 anos quando isso aconteceu. Então, deixei tudo na mão dos cara, de começo eu não tava nem aí mermo. Mas, o tiozão lá que ficou no comando, meteu o louco no bagulho! Era morador inocente morrendo de bala perdida, morador com medo de sair na rua, invasão quase todo dia! Cara não soube comandar aquela porra, quebrada ficou sinistra. Ninguém tinha paz, todo mundo tinha medo de sair no próprio quintal e morrer.

Aí, precisei me envolver. Botei o cara pra fora e assumi o bagulho! De princípio, eu não sabia muito bem como fazer as parada e tal, era pesado pra caralho pra um moleque de 18 anos comandar uma quebrada toda sozinho, ainda mais com o caos que tava! Era baile pra organizar, mais de 10 bocas pra administrar, muitos moradores pra ajudar, carregamento pra buscar, contas pra fazer, armamento pra abastecer, vapor pra treinar e contratar! Demorou um tempinho, mas eu aprendi a fazer tudo conforme tinha que ser feito, e peguei muito amor por isso! Hoje, não vivo mais sem minha favela, não. Tudo que eu faço, é pra proteger meus moradores e minha favela. Tudo!

Quando entrei pro tráfico, eu tava ciente de tudo. Eu já sabia de cada detalhe, de cada informação do que poderia dar errado. Não pude reclamar, oq eu pude fazer foi aprender a cuidar da minha quebrada, e aprender a amar essa vida.

- Mandou muito, coroa- sorri, levando mais comida a boca.

- Fala pra mim, filho, onde você passou a noite?- ela perguntou, sentada no outro sofá.

- Melhor dizendo, com quem você passou a noite?- Giovanna fez careta.

- Com quem tu acha que foi?- Denis gargalhou- com puta né.

- Disso você não precisa ter nem dúvidas- ri.

- Eu não falo mais nada pra você, Caíque- minha mãe deu um gole na cerveja.

- Relaxa, véia- mandei beijo.

- Pq você não fica com uma menina direita, tipo a filha do Letícia e do Diogo...- ela me olhou como quem não quer nada.

Ri.

- Muito novinha- brinquei.

- Eu vi você indo atrás dela ontem, no baile- Denis sorriu.

- Fofoqueiro pra uma porra, em- dei dedo.

Ele gargalhou.

- Oq você fez com ela?- Giovanna me olhou desconfiada.

- Dei um beijo só, nada demais- dei de ombros- é gostosinha, mas é muito marruda.

- Ela é marruda, ou ela simplesmente não quer dar pra você?- minha mãe arqueou uma sobrancelha.

- É marruda mermo, todas querem dar pra mim- dei uma última garfada na minha comida.

- Tá bom, pica de mel- Giovanna gargalhou junto com o Denis.

Só por aguentar essa mina, meu lugar no céu já tem que tá garantido. Puta que pariu.

...

Minha mandraka!Onde histórias criam vida. Descubra agora