Minha mandraka!

101°

Sábado, véspera de ano novo, 07:01...

Micael!

- Finalmente- Erick murmurou ao meu lado, assim que eu passei pela entrada de Angra- não aguento mais ficar nesse carro!

Qualé? Sério mermo que vocês acharam que eu ia deixar minha muiér ficar uma semana longe de mim? Nem fudendo, xará!

Aquela dalí só sai do meu lado quando morrer, e olhe lá!

Tá no meu nome e ninguém tira.

Os menor desceu em peso, veio a tropa toda. Kacic, Lima, DG, Yuri, Jhonatan, Erick, Eduardo.

Viemos em carros separados, no meu veio só eu e o Erick mermo.

- Eu que o diga, carai. Tô a duas noites sem dormir já- reclamei, seguindo o carro do DG.

- Ox, isso tudo é saudade?- Erick riu.

- É foda dormir sem tua irmã, filhote- fiz careta, estacionando na frente da casa.

Tirei minha mala do porta malas e a sacola com o bolo e o sorvete que a Larissa me pediu, que eu comprei na última parada que nós fizemos.

Se eu chegasse aqui sem essa porra, era capaz dela me mandar voltar pra favela.

- Cadê essas porra?- DG olhou em volta, assim que entramos e vimos a casa vazia.

- Devem tá dormindo, né, cuzão! São sete da manhã ainda- Lima resmungou- tô subindo pra dormir!- já foi subindo as escadas.

Subi atrás dele, tentando adivinhar em qual quarto a Duda estaria. Ouvi uns resmungos da Larissa, que me levaram até o último quarto do corredor. Abri a porta e dei de cara com ela brincando sozinha no chão.

- Titio!- abriu um sorriso de orelha a orelha, pulando no meu colo.

- Eae, minha vida! Mó saudade que eu tava de tu- apertei ela.

- Trouxe oq eu te pedi?- perguntou.

Ri, lhe entregando a sacola com o bolo e o sorvete.

- E tua mãe, cadê?- coloquei ela no chão, me aproximando do berço que tinha no quarto.

O Luan dormia calmamente, com o dedo na boca.

Sorri, dando um beijo na testa dele.

Gatão do papai!

- Tá dormindo no quarto dela- fez impulso pra subir na cama.

- Aí, bora bater um papo maneiro aqui rapidão, antes de eu ir lá ver tua mãe- olhei pro Rolex no meu pulso, sabendo que daqui alguns minutos a Eduarda estaria acordando.

- Papo maneiro? Que isso?- me olhou desconfiada, lambendo o picolé de morango que ela tanto gosta.

- Conversa, Larissa- ri, me sentando na ponta da cama.

A cama era de casal, meio exagerado pra Larissa tá dormindo aqui sozinha.

- Oq aconteceu?- me olhou com aqueles olhões curiosos dela.

- Tua mãe falou que tu tá querendo me chamar de coroa, essas ideia procede ou é k.o?- ela me olhou, sem entender.

- Titio, fala a minha língua- pediu, acariciando minhas costas.

Ri.

- A parada é o seguinte, Larissa: chegou em mim que você quer me chamar de pai, isso é verdade?- perguntei, trazendo seu olhar novamente pra mim.

Dessa vez, seu olhar estava assustado.

- Olha, a mamãe é uma fofoqueira- negou com a cabeça- se o senhor não quiser, tá tudo bem- desviou o olhar, mordendo o picolé.

- Ih, colfoi? Desde quando eu não vou querer que tu me chame de pai, pô?- franzi a testa, felizão- tá errando, Larissa.

- Então eu posso te chamar assim?- perguntou baixo, desconfiada.

- Claro que pode, pirralha!- peguei ela no colo- sou teu pai mermo, sem k.o!

- Humrum- assentiu, me olhando satisfeita.

Dei um beijo na testa dela, me levantando.

- Agora fala pra mim onde a feia da tua mãe tá- pedi.

Ela riu, guardando o palito do picolé de volta na sacola.

- No quarto aqui do lado- apontou.

- Mec! Toma banho e desce pra nós ir pra praia- avisei, já saindo do quarto dela.

...