114°

5.5K 242 47
                                    

Domingo, 14:00...

Diogo!

- Como vai ser? Vocês vão se entregar?- Luiza perguntou, agarrada no braço do Yuri.

- Não- neguei- o dinheiro que nós tem, da pra começar uma parada lá na gringa! Tem a loja das meninas aqui também, que a gente pode abrir uma filial lá. Bagulho é fazer dinheiro honesto, pra não dar b.o lá também. A gente compra uma casa no estrangeiro e vai morar jj- falei- geral junto.

- Todo mundo unido em um só, como o tio Jhow gostava- Eduarda sorriu, acariciando a própria barriga.

- Essa parada aí de dinheiro honesto da muito trabalho, gosto não- Eduardo fez careta.

- Eu conheço um mano que pode fazer identidade falsa pra geral- Lima falou.

- Suave, eu vou alugar um jatinho né- Kacic murmurou- ir de avião é moiado! Cadeia na certa.

- Pode pá- assenti- quarta feira nós parte pra uma vida nova!

Quarta, 04:02...

Eduarda!

- Como será que vai ser lá? Tô nervosa- falei pro MK, que estava sentado ao meu lado no jatinho.

- Vai dar tudo certo, amor- ele sussurrou, beijando minha testa.

Nós estamos deixando tudo pra trás.

Nossas dores, mágoas, tristezas, nossa favela, o tráfico. Estamos levando na bagagem apenas as coisas boas, a família, a felicidade, nossa alegria, nosso desejo de recomeçar, nossa força de vontade.

Ainda estávamos muito abalados pela perda dos meus tios, mas, com fé em Deus, em breve essa ferida vai se fechar e nós vamos ficar bem!

Eu vou conseguir criar meus filhos longe de drogas, armas, invasões, tiroteios, perigo. Longe do meu tão amado e querido calor e jeitinho carioca.

Lá na frente, tudo vai valer a pena.

Tudo vai ficar bem.

- Cala a boca, que caralho- minha mãe resmungava com o meu pai.

- "ain, eu te amo" "ain, eu não vivo sem você"- tio Lima afinou a voz, zuando o meu pai.

- "ain, cuida de tudo pra mim" "ain, eu só sei chorar"- tio Kacic fez o mesmo.

Os dois estavam abraçados, encenando um falso choro.

- Vai se fuder, seus filhos da puta! Eu achei que ia morrer- meu pai resmungou.

Dei risada.

- Para de olhar pra bunda da menina, Yuri- ouvi só o tapão que a Luiza deu no Yuri.

- Ai, amor- ele resmungou.

- Mamãe, tá tendo agressão doméstica alí atrás- a Larissa veio correndo pra perto de mim e do MK- chama a polícia- ela sussurrou.

- Poliça, poliça- o Luan repetiu, brincando com um carrinho.

- Que mané polícia oq, aqui nós resolve deixando careca- meu pai falou, encarando a Luiza.

- Ox, sogrinho- ela sorriu amarelo, coçando a cabeça.

- Sogrinho meu pau- ele riu, virando pra minha mãe- mó feinha essa mulher do teu filho!

- Cala a boca, pai- Erick resmungou.

- Ih, deixa o pai- Estela defendeu.

- Mó pau mandada tu, em- Eduardo implicou com a Estela.

- Cala a boca todo mundoooooo! Que inferno, eu quero dormir! São quatro horas da madrugada- minha mãe gritou, jogando uma revista nos meninos.

Dei risada, deitando minha cabeça no ombro do MK.

- Papai, quero colo- Larissa esticou os braços.

Marmanja dessas.

- Eu também quelo- Luan cruzou os braços, olhando a Larissa subir no colo do MK.

- Vem comigo, amor da mãe- peguei o Luan com dificuldade, por conta da barriga.

- Eu amo vocês- MK sussurrou- vou cuidar de vocês até o fim, minha família!- beijou minha testa e a testa das crianças.

Sorri, encostando novamente minha cabeça no ombro dele.

- Eu amo vocês- sussurrei, fechando os olhos pra tentar dormir até chegar no Canadá.
...

Fim!
...

Minha mandraka!Onde histórias criam vida. Descubra agora