Capítulo XI

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- Eu só não acho agrad... - quando eu iria o responder conforme o meu pensamento, eu fui interrompido. Sem violência ou brutalidade, apenas com o toque do seu nariz que se sucede ao encontro de nossos lábios que tremiam, mas se apaziguaram ao contato progressivo com um beijo meigo e delicado. Ele envolveu minha cintura com as mãos enquanto minhas mãos nem se moviam do seu ombro por ainda estar em choque mas não me preocupava em impôr um ritmo ou uma interrupção, pois ele era um boa guia. Ele me deixava nas pontas dos pés pela sua altura, e por me deixar prestes a flutuar pelo seu beijo agora, mais movimentado e com mais presença das nossas línguas que bailavam obedientes aos nossos comandos e nossas respirações ainda tentavam se fazer presente tanto quanto nossas línguas que se deslizavam como cobras astutas. Enquanto ainda estamos com bocas e corpos unidos em êxtase, o céu se clareia novamente com um relâmpago intenso e consequentemente, perturba uma revoada de aves que agora voam apavoradas pelo céu, a poucos metros de nossas cabeças, tornando aquela cena ainda mais perfeita e inesquecível. Nos separamos ao percebermos o ocorrido e ele ainda agarra com a mão minha cintura, me passando segurança e confiança, como eu nunca senti , me sentindo aliviado como se ali nos braços do Nathan, nenhum mal pudesse me afligir, não como o rodeio sufocante de minha mãe que só me traz uma sensação incessante de claustrofobia. Ele percebeu que meu corpo sacudia singelamente de frio e suas mãos desciam e subiam deslizando pela extensão dos meus braços, na tentativa de me esquentar e como retribuição, massageava suas costas com as palmas das mãos e recostei minha cabeça ao seu peito inteiramente molhado e sentindo seus batimentos descoordenados como um estetoscópio. Sentia sua roupa e ainda me agarrava a ele como se ele fosse o meu melhor cobertor e sua respiração descompassada que lutava para recuperar o ritmo e o fôlego, me esqueço completamente das horas mas me obrigo a voltar a realidade, caminhando juntos como se nós nos apoiássemos e vejo como o tempo me distorce à noção dele ou me ajuda a aproveitar mais o momento sem interseção dos acontecimentos externos, me fazendo desnortear da ideia de quanto tempo já se passou.

- Já é tão tarde! Acho que eu preciso ir... nós, na verdade. - digo, por conta do nosso estado e pela chuva que ainda cai, mais contida mas a esse ponto, tão insignificante quanto tomar banho de mangueira dentro de uma piscina.

- Realmente... - ele lamenta em concordar. - Mas eu queria tanto ficar com você.

- Temos lugares e estados melhores para estarmos juntos, Murray.

- Então essa é a despedida, infelizmente...

- Prometo que aviso quando eu chegar em casa.

- Achei que eu poderia te acompanhar...

- Juro que eu aviso, Nathan. - insisto e ele agora, que cede a minha resposta, me tirando um sorriso fraco e também decepcionado.

- Fica bem, Minsky. Desculpa se eu te chateei. - ele se refere, talvez, ao fato de ter insistido em ficar na chuva ou de ter se convencido de que eu queria beijá-lo, mesmo eu não tendo o afastado, talvez ele tenha se sentido mal ou desconfortável por criar uma situação que eu cedi por não ter saída. Ele me dá um beijo na testa, assim como fez da última vez e o recebo de olhos fechados e por estarmos à saída da passarela, seguimos até o ponto onde nossos trilhas não coincidem e trafego até em casa, com uma cara de tonto perdido e eu sei que não é por conta de direção ou que eu havia esquecido o caminho de casa. Eram um dos simplórios sintomas de amor, que só estava no primeiro estágio e tinha tudo para tomar conta de mim e posso ver ao longe, a minha casa enquanto posso perceber um relâmpago e outro que não intimidavam como antes. Eu observo a garagem de uma certa distância, me aproximando e percebendo que o carro ainda estava lá, assim subindo os degraus da varanda de casa e tentando apagar os rastros de terra e de água da cerâmica da varanda com o tapete, que recebe as visitas com um forçado "bem-vindo". Abro a porta milagrosamente destrancada e deixo meus sapatos do lado de fora e me deparo com a minha mãe sentado no sofá, assistindo e sem evidências de ter levantado dali há pouco tempo, como se alguma comorbidade tomasse conta de sua locomoção e como sempre, sem arredar a sua atenção ou no mínimo, fingir concentração. Segui diretamente para o banheiro, me despi completamente e pus toda a minha roupa molhada dentro da pia, segui até o chuveiro e sentir a água voluntariamente percorrer meu corpo era muito melhor. Não demoro e apanhei a toalha que estava no cabide do banheiro por não ter pego a minha, me secando completamente e em seguida, vestindo uma blusa de mangas longas de tecido grosso, uma blusa regata preta por cima, uma calça larga que cobria os meus pés e suas barras se arrastavam tão levemente quanto a calda de um vestido de noiva e meias limpas (ou melhor, secas). Antes de me deitar, eu estendi minhas roupas molhadas ao ar livre, mas na parte de dentro da varanda onde também havia um varal, tirei toda a lama do meu tênis e coloquei para secar encostado na parede, voltando para o quarto. Tranquei a porta por ter certeza que não voltaria lá embaixo e para evitar ainda mais emoções para um resto de fim de noite que eu esperava ser de descanso e de repouso. Pego meu celular já seco e verifico seu sinal vital, que parece normal e sem nenhum arranhão, rachadura, encharcamento ou mal funcionamento que fosse antes de me jogar na cama e sentir minha vértebra relaxar por inteiro e seguindo para dever a notícia merecida e prometida ao Nathan de que havia chegado bem. Dou um sinal sem me aprofundar nas palavras ou citar qualquer parte do nosso encontro como se tivéssemos que esconder ou omitir até para nós mesmos o que havia acontecido e a mensagem é enviada, logo recebida mas ainda não lida. Meus fones de ouvido também parecem funcionar perfeitamente por estarem no fundo do meu bolso, enrolado de modo que seus fios não danificassem e para preservar o seu funcionamento por mais uns bons meses e dou um beijo na tela do meu celular por ela estar intacta e funcionando perfeitamente. Também agradeço a vocês, fones de ouvido, mas vou ficar devendo o beijo a vocês.

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