Capítulo LXXI (parte 1/3)

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Depois de todo o segredo, as luzes antes desgovernadas, aponta todas para o palco e no centro, alguém se destaca e logo solta a voz para o nosso deleite. Alessia Cara subiu o astral da galera cantando Rooting For You e Find My Boy, o pessoal em massa acompanhava a letra até o refrão explosivo, inclusive mas os meninos ao meu lado apenas curtia a energia da música sem desânimo. Here e Wild Things são a sequência com a voz conjunta e unissona de todos, I'm Yours, Bluebird, Out Of Love e Best Days traziam um pouco de serenidade mas agitava o pessoal com suas letras profundas e intimistas, com os braços estendidos e alguns, até com suas lanternas. Girl Next Door e Scars To Your Beautiful finaliza suas performances elevando uma energia calma, um coro sereno mas ecoante, e que nos fazia cantar de olhos fechados a plenos pulmões. Essa última, o hino da autoaceitação, me toca na alma ao ser tocada e me arrebata inexplicavelmente junto da energia de todos que participam da cantoria conjunta. Recebo o abraço dos meninos por sentirem a minha entrega ao cantar e percebo que agora, esse mal que me assombrou por tanto tempo, sai afugentado pois não há mais espaço para ele aqui, apenas amor, recebido e sentido por mim mesmo. Ela finaliza o último trecho e os aplausos e todo tipo de ovação para ela é ouvida, ela acena para a multidão e até arrisca algumas palavras em português, que leva o pessoal a loucura que pode entender, assim ela se despede e parece grata pela noite que proporcionamos. Não tarda para se iniciar a próxima apresentação mas o tempo passa tão rápido que nem se importa, Sam Smith chega cheie de carisma e sorridente, em troca, recebemos elu em alvoroço e ansiosos para ouvir sua voz inconfundível e que ecoa facilmente até para aqueles que estão mais distantes. Para manter a energia e o astral lá em cima, elu começa com I'm Ready, Unholy e Diamonds, para aquecermos nossos vocais ardentes e nossos corpos que se entregam a cada verso das músicas. Para acompanhar com um pouco menos de fervor, mas sem perder o entusiasmo, vêm em seguida, How Do You Sleep, Pray, HIM e Fire On Fire para fazer sofrer e abalar o psicológico e fazer lembrar daquele amor não superado ou desilusões amorosas passadas. E se achávamos que estávamos no fundo do poço, tristonhos e totalmente dependentes com essas músicas, ele vem com seus maiores clássicos e escava ainda mais o subterrâneo da depressão e nos faz ficar sentidos e entorpecidamente emocionados. Too Good At Goodbyes, Stay With Me e I'm Not The Only One vêm para desmoronar o que já estava para cair e posso até ver aos arredores, feições chorosas, que quase esperneavam a letra das músicas e nitidamente sentiam na alma, assim como nós três, o impacto dessas composições que judiam. Finalizada a performance, Sam se aproxima da borda do palco, faz aquela típica interação conosco, todos querem um pouco da sua atenção e elu parece satisfeite com o público que tem e agradece pela empolgação e se retira, acenando. Após, algum artista desconhecido por nós sobe ao palco e tiramos esse tempo para nossas necessidades, o Nathan diz que quer ir ao banheiro mas não espera companhia, só me lembro no que deu da última vez que ele fugiu para o banheiro com uma estrutura de palco montada na minha frente em um espaço público e lotado. Sentimos a vibe da música sem tanta empolgação, mais ficamos inquietos do que aproveitamos de fato, mas algumas pessoas parecem aproveitar, mas não com a mesma proporção de que antes, por ser realmente uma música voltada para um gosto não tão popular e mais seletivo. As músicas se arrastam em sequência, e pelo padrão quantitativo de músicas, essa apresentação já deve estar se encerrando e já começa a preocupar o sumiço do Nathan, espero que seja apenas uma grande fila para o banheiro ou só estando curtindo uma música em algum ponto específico. Para um ponto mais sério e até realista, ele só se perdeu mesmo e por termos que desviar tantas vezes das pessoas, fica difícil seguir por uma reta adequada, tendo ainda mais curvas e prolongando ainda mais o caminho. A paciência é uma dádiva agora mas não nos deixamos desesperar, a última música dele está sendo finalizada e recebe o merecido aplauso, um pouco mais contido mas ainda lisonjeador, olhamos ao nosso redor se ele se aproxima ou se sai de algum grupo da multidão, que é um pouco dificultoso por conta da luz nada contribuinte e pelo movimento infindável de pessoas que não cessa. Estou de costas dedicado a minha busca e o Matías me cutuca sem muito alarde, ele aponta torcendo para que eu veja o que ele indica e posso o reconhecer, mesmo que seu rosto não possa ser identificado daquela distância mas sabemos pelo destaque da roupa e sua postura chamativa que vem meio sem rumo mas tentamos indicar com as mãos para o alto. Se o espaço não estivesse suficientemente lotado para se comparar a população de alguma cidade do interior, eu poderia jurar que alguém se aproxima junto com o Nathan, não é como se cada um aqui não fosse nossa companhia mas ela parece vir com ele mesmo mas não posso saber quem é ainda. Posso deduzir isso pela sua proximidade, mesmo que a distribuição de pessoas por aqui faça aquela teoria química de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço ser uma bobagem mas fico feliz pelo seu retorno mas curioso e intrigado com essa possível companhia. Seria alguma amizade feita na fila do banheiro, mesmo que ele não tenha se alcoolizado o suficiente para se tornar sociável e cheio de amigos?

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