Apenas Segure A Minha Mão

Capítulo XXV

Nesta manhã, horas antes...

Parece que o meu devaneio de olhos fechados me resultou em uma soneca, meus olhos não vêem a presença de alguém e assimila aos poucos aquele espaço. Olhando para o relógio preguiçosamente e identificando para onde os ponteiros indicam, posso perceber que meu sono profundo passou longe de uma breve soneca, por já ser de manhã e assim, ouço batidas à porta e pela educação e gentileza, não pode ser a Mildred de jeito nenhum.

- Bom dia, Calvin! - ele entra, me arrancando um sorriso para corresponder o seu.

- Bom dia, doutor. - retribuo e prefiro não perguntar pelos resultados, prefiro esperar que ele mesmo responda.

- Como você sente? Bem?! - ele me indaga, ao invés de um parecer concreto sobre o meu estado.

- Sim doutor, parece que sim...

- Tudo saiu como o esperado Calvin, nenhum quadro de piora ou imprevistos, você reagiu bem a medicação, seja ela por aplicação ou por via oral e se você confirmar que se sente assim, poderá receber alta hoje mesmo. - ele me contagia com a notícia e era tudo que eu precisava ouvir me fazendo querer pular da cama.

- Posso receber uma visita do Nathan?

- Pode sim Calvin, mas o problema é que... eu não sei se... ele veio. Ou melhor, ele não chegou ainda. - ele ameniza a sua fala com pausas significativas para que eu não sentisse tanto o impacto que a falta do Nathan me faz. - Mas você vai ficar em análise, vou revisar para ter a certeza de tudo antes de te liberar.

- Tudo bem doutor, eu entendo... - ter que disfarçar meu coração ferido com uma falsa compreensão era péssimo; era como colocar um dedo para tapar uma rachadura enorme que vazava constantemente. Mas não o culpo porque é apenas uma das provações que comprovam que a vida e o destino apenas favorecem amores que são capazes de durar uma vida inteira. E claro que somos, e essa com certeza, não foi a primeira e nem será a última vez, e que nossos corpos se adaptem aos novos habitats que o destino nos reservar. Ele se despede e pede licença, para completar a minha infelicidade parcial, a Mildred o substitui, trazendo todo o seu estrelismo em deboche e antipatia. Ela logo toma seu lugar de costume e começa a digitar no seu celular, com tanta rapidez que parecia querer contar algo importante, um caso de vida ou morte...